Inspiração



Quem escreve sabe que às vezes falta inspiração (alguns escrevem mesmo assim) e as idéias vêm com mais facilidade quando se pratica a caminhada, quando a circulação é ativada, fluindo melhor e mais rápido o sangue pelo corpo e cérebro, facilitando as sinapses e consequentemente criando mais oportunidades de conectar pensamentos.

Tarefas manuais e domésticas também colaboram para que o pensamento vá ao longe e traga boas novas para colocá-las no papel.

Como vovó já dizia: o melhor analista é esfregar uma panela. E olha que funciona.

Mesmo se não funcionasse, e você acabasse louco, os enfermeiros quando viessem com a camisa de força, poderiam testemunhar em seu favor, e quem sabe, até diminuíssem a voltagem no tratamento com choques elétricos, alegando que seu caso não é tão grave, uma vez que pelo menos a louça você deixou limpinha.

Essas práticas domésticas funcionam quando você é jovem, mas com o tempo a inspiração vem cada vez com mais dificuldade, fazendo com que essas simples tarefas precisem ser mais intensificadas.

No começo bastava olhar para o horizonte que já vinham idéias. Depois era preciso arrumar alguns papéis das gavetas para surgir inspiração. Com o tempo era necessário varrer a casa para criar. Depois lavar a louça. Depois capinar.

Hoje a inspiração está tão difícil, que só é possível se me distrair construindo, sozinho, um segundo piso na casa e assim mesmo mal sai um verso de poesia, em prosa, escrita no cimento fresco da laje, uma vez que, sempre esqueço a caneta quando estou em cima da casa.

Alguém me disse, um dia, que a vida de um escritor deve ser como construir uma casa, tijolo a tijolo. Agora eu entendo essa mensagem. Para mim, ela quer dizer que, se caso não conseguir sucesso escrevendo, pelo menos já tem uma profissão garantida, como pedreiro.

Uma profissão mais importante do que a de fazer um livro, uma vez que, se a obra de um escritor não for boa, não há o risco do teto desabar em nossas cabeças.

Falando nisso, alguém aí, conhece um bom pedreiro para me ajudar a terminar um livro?

Sérgio Lisboa.


Autor: Sérgio Lisboa


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