Monografia: A Morte do Rio Salgado.



INTRODUÇÃO

A falta de uma política governamental voltada para a preservação dos rios, a ausência de projetos nas escolas no sentido de conscientizar as crianças a conservarem o meio ambiente, a educação ambiental neutra e a cultura da despreocupação com os espaços públicos, seja de ordem social ou geográfica, adicionado ao descaso Federal, Estadual, Municipal e Escolar com a ocupação do homem na sua geografia, têm causado prejuízos gravíssimos a nossa vida em sociedade; esta desatenção histórica, com o meio ambiente ,neste país, formou um germe corrosivo que vem prejudicando a todos brasileiros indistintamente.
A maior parte da superfície da terra é coberta de água. mais da metade do nosso corpo também é constituído por água. Isso mostra o quanto ela é importante para nós. Sem água simplesmente não existiriamos.não existiriam também os animais e as plantas, pois sem água não há vida ( Cruz, 1998 )
Em se tratando de sujeira, as metrópoles brasileiras, o pais como um todo, só perdem para a India, país campeão do lixo imperador da sujeira, como o descreveu o grande escritor Vildiadhar Naipaul. porque a rica São Paulo é atravessada há décadas por um rio, o Tietê, que é um esgoto a céu aberto ? por que o Rio de Janeiro nunca se preocupou seriamente em coibir a poluição de suas praias, destino final dos esgotos produzido na cidade, que chega ao mar sem nenhum tipo de tratamento?, Por muitos anos os brasileiros se iludiram com justificativa simples: faltam dinheiro, tempo e tecnologia para limpar as cidades brasileiras, ora vários países do mundo conseguiram limpar seus rios e suas cidades com pouco dinheiro, usando tecnologia simples, através de um projeto nacional bem elaborado; muita disposição e determinação de resolver a problemática ( Lobo, 2002 )
Com relação ao assunto em pauta a urbanista Regina Prosperi Meyer afirma o problema é que nos países mais pobres usa-se o orçamento das cidades para atacar os problemas emergenciais. O Imediatismo é sempre mais caro e o dinheiro que é usado para estancar o problema das enchentes deixa de ser destinado a questões prioritárias de infra estrutura, como é o caso de despoluição de rios e investimento em uma política eficaz de limpeza dos espaços naturais e sociais, visando o bem estar da coletividade ( Lobo, 2002 )
No caso específico do Rio Salgado, desde muitos anos, ele vem sendo ameaçado constantemente pela população caririense, isto acontece pelo fato do seu leito se encontrar próximo aos centros urbanos e a ausência de uma política sistemática de conscientização sobre a importância do Rio Salgado para a região do Cariri, no sul do Ceará, ora, quando o rio atravessa cidades a interatividade do rio com as cidades é muito forte, a ponto de está sendo vitimado pela agressão social, que busca no seu leito despachar todo um processo cultural atrasado baseado na sujeira, na exploração e no egoísmo centralizador de que, se nós estamos bem com relação ao nosso modo de vida, assim, tratamos a natureza apenas um acessório ou algo que deve estar a nossa disposição, somente para o nosso bem estar. Enquanto esta doutrina for válida nas sociedades caririenses que permeiam o Rio Salgado, estará este, sempre fadado ao esgoto podre destas sociedades individualistas e egocêntricas, pois a sua morte é apenas um questão de tempo, a cada dia que passa, ele agoniza na bestialidade humana, que não atenta para o problema de que somente temos uma vida promissora, se antes tivermos a consciência plena de que devemos zelar nossos recursos naturais ou continuar assim imersos numa vida onde o desequilíbrio ecológico vitimará milhões de espécies e quem sabe ? até a espécie humana. .


1 REVISÃO DE LITERATURA

Desde a mais remota antigüidade, o homem constrói suas cidades à margem dos rios. Algumas das civilizações mais antigas de que se tem conhecimento, como Assíria e a Babilônia, existiram numa região chamada Mesopotâmia que significa entre rios, por que estava situada entre os rios Tigre e Eufrates ( Branco, 1999 ).
O Antigo Egito tinha sua capital e suas principais cidades à margem do Nilo; Roma, capital do grande império Romano no passado, hoje da Itália, localiza-se às margens do Rio Tibre; Paris, às margens do Sena; Londres, às margens do Tâmisa.Brasil: Recife, Natal e ao lado dos rios Capibaribe e Potiguar, respectivamente.A água sempre foi muito importante, quer para abastecimento da cidade, quer para irrigação de plantações, quer ainda como fonte de alimentos ou local para despejo final de detritos.Há porém uma outra razão tão importante quanto as outras para o homem querer viver próximo aos rios: é que eles são muito bonitos, constituindo um importante elemento paisagístico. Não é à toa que você encontra nas galerias e museus de arte tantos quadros famosos retratando rios, grandes ou pequenos, com suas pontes, suas embarcações e suas margens arborizadas ( Branco,1999 )
Segundo Branco, (1999) em muitas cidades de todo o mundo a importância ornamental do rio é muito valorizada, por isto ele é tratado, suas margens são bem cuidadas e cercadas de vegetação ciliar, isto é típica de barrancos a beira de rios. Mas, nem sempre os rios da cidade são vistos desse modo ou cuidados com o carinho que merecem.
Conforme Branco, (1999) todos nós temos visto, em nossas cidades, rios poluidos, com as margens desbarrancadas, transformados em depósito de lixo com suas águas a receber toda sorte de esgoto e resíduos sólidos e líquidos. Rios e córregos são transformados em canais cimentados correndo em linha reta entre ruas asfaltadas, sem árvores, sem peixes, sem graça. Mas há, ainda, aqueles que nós nem vemos mais porque se encontram encobertos, totalmente canalizados em galerias subterrânea. Assim, um dos elementos paisagístico mais preciosos, de grande efeito ornamental e de contato com a natureza, é totalmente perdido, abandonado, desprezado e até escondido. Por que o homem urbano tem vergonha da natureza- vergonha das árvores, vergonha dos rios. Por que o homem esconde ou destrói as belezas naturais da cidade ? O Homem da cidade é um homem prático. Ele não se comove com o canto dos pássaros, com o farfalhar das folhas ao vento, ou com o marulhar suave das águas nos regatos. Há muito que ele abandonou o contato com a natureza. Acha que não depende mais dela, não tem mais de suportar seu desconforto, seus insetos, sua insegurança, suas intempéries. Encantam-lhe, agora os ruídos das máquinas, as altas velocidades, as altas velocidades em largas avenidas, o gigantismo dos arranha-céus, a segurança do cimento armado, o conforto do ar-condicionado, a beleza das imagens da televisão.
Belo é apenas aquilo que ele faz, que ele dirige, que ele comanda e utiliza. Há várias razões práticas para se retificar, canalizar ou esconder rios. A primeira é que eles atrapalham o traçado da cidade: os rios correm dentro de vales, e os vales são lugares ideais para se construírem avenidas, mais ou menos planas e de alta velocidade de deslocamento. Então, é preciso tirar o rio daí, para colocar em seu lugar, a faixa de asfalto! Os rios constituem também veiculo ideal para os esgotos, o lixo os resíduos industriais e a água de lavagem das ruas. Evidentemente, toda essa imundície torna o rio malcheiroso, com aspecto feio local de proliferação de insetos e ratos transmissores de doença.
É preciso também alargar e retificar o rio, eliminando suas curvas e meandros naturais, afim de que suas águas tenham escoamento mais rápido. Isso porque, inexplicavelmente à medida que a cidade cresce, ele vai provocando enchentes cada vez maiores, que inundam ruas e casas, congestionam o trânsito e acarretam outros inconvenientes insuportáveis.(Branco, 1999)
É claro que todas essas razões são absurdas, inventadas para atender ao comodismo de quem realmente não sabe planejar sem colocar as necessidades práticas em oposição às condições e características naturais é como cuspir para cima desconhecendo ou negando a lei natural da gravitação universal. A natureza não aceita a imposição e se vinga (Branco, 1999).
O Grande filósofo e cientista inglês Francis Bacon, já no século XVI. dizia que para se dominar a natureza é preciso primeiramente obedecê-la, ninguém tem ligado muito para essa frase e, entretanto, ela reflete toda a causa dos nossos problemas ambientais. A construção de edifícios, a pavimentação- especialmente o asfalto- de ruas e avenidas, o cimentado das praças e a remoção da vegetação constituem a principal causa do trasbordamento dos rios e das conseqüentes inundações. E é muito fácil perceber por quê.
As águas caem, na forma de chuvas, sobre uma determinada área do solo seguem três destinos deferentes: parte delas evapora-se de novo para o ar; outra parte escorre, na forma de enxurradas, para o rio mais próximo; a terceira parte infiltra-se no solo. Dessa parte infiltrada, que encharca o solo como se ele fosse , uma esponja, uma porção penetra nas raízes das plantas, sendo evaporada também para a atmosfera através da transpiração das folhas, e a outra porção, que constitui o lençol freático, vai sendo lentamente cedida aos rios, alimentando-os ( Branco, 1999).
Mas essa parte que se infiltra no solo depende, de maneira decisiva do grau de permeabilidade do próprio solo, que pode ser alto, se regiões significativas da cidade são formadas de gramados, parque o áreas verdes; ou ser reduzido a zero, se a cidade for toda construída, asfaltada, impermeabilizada. Nesse caso, as águas que iriam infiltrar-se, encharcando o terreno ou penetrando nas plantas, irá escorrer imediatamente para o rio, enchendo-o até o trasbordamento.
O Solo natural, permeável, comporta-se como atenuante de enchentes água que depois de infiltrada é cedida aos rios escoa para eles lenta e gradativamente, sem elevar muito o seu nível.
Quando o solo possui cobertura vegetal, a água absorvida pelas raízes vai para a atmosfera e não para os rios. Já o solo nu, sem vegetação, embora mais permeável que o asfalto, infiltra bem menos que o gramado ou bosque e, nesse caso, a água que escorre em forma de enxurrada ainda produz um dano adicional ao rio: provocando a erosão ou desgaste do solo, carrega terra para dentro do rio, causando o assoreamento, ou seja o entupimento de seu leito.
Nessas condições, ao receber um volume de água muito superior ao que pode suportar e ainda obstruído pelo assoreamento, o rio se vinga: enche e transborda, provocando a inundação da cidade. E, se o rio for poluído, a vingança é ainda mais severa, pois a inundação provoca epidemias e devolve a imundície às casas.
Isso tudo acontece, pela falta de conhecimentos, informações e conscientização sobre a importância dos rios , das águas, e dos ecossistemas naturais no processo do relacionamento na vida do homem no seu espaço natural geográfico. ( Branco, 1999 ) A água é um recurso natural vital para a humanidade. Apesar de ser encontrada em grande quantidade, em nosso planeta, menos de 3% do total é doce. Além disso, dessa pequena porcentagem, três quartos encontram-se congelados, na forma de geleira e outra parte importante está infiltrada no solo, formando os reservatórios naturais de água Os rios e lagos totalizam 0,5% da água doce do planeta. A poluição da água que reduz a possibilidade de uso desse precioso recurso, ocorre de diversas maneiras, uma delas é a construção de esgotos em cidade sem um planejamento prévio que termina desembocando no leito dos rios poluindo e muitas vezes contaminando a água. O uso sistemático de agrotóxicos e o descarte incorreto do lixo, com as chuvas também, os rios são novamente atingidos por mais uma agressão poluidora e contaminada de forma cruel e desenfreada, afora outros meios que também proporcionam para a poluição dos rios ( Araújo, Guimarães e Ribeiro, 1999)
Os rios, lagos e oceano têm a capacidade de purificar a si próprios. Porém, essa capacidade é limitada, de maneira que, quando sobre eles é lançado um volume muito grande de detritos ou de determinada substâncias suas águas ficam poluídas. Além disso, certos elementos jogados nos rios não são desmanchados ou decompostos pela natureza o caso dos plásticos de algumas substâncias, minerais e de certos produtos químicos. Ao se acumularem nos leitos dos rios os elementos não decompostos prejudicam a vida aquática e a dos seres que dependem dela, inclusive o homem ( Moreira, 1995 )
Cada rio possui características próprias e complexas, que resultam não apenas da combinação dos vários aspectos geográficos da área ou região atravessada: principalmente o clima ( quantidade e época das chuvas, temperatura, evaporação das águas, o relevo, a natureza do solo(permeabilidade), a cobertura vegetal ( floresta, campos cerrados etc) como também da ação antrópica ( do homem) e outros
O Estudo do regime de um rio ou de uma bacia hidrográfica constitui um elo de um sistema complexo em que as alterações de um de seus elementos implica a alteração do conjunto o ponto de partida para se avaliar a possibilidade ou não de seu aproveitamento quanto à produção de energia elétrica, fornecimento de água para irrigação de terras, abastecimento de água para as cidades, navegação e desenvolvimento da piscicultura.
Dada a periodicidade dos rios cearenses a população sofre terrivelmente com a falta de água nos períodos de secas prolongadas. O gado morre, lavouras são perdidas. Embora isso aconteça recorrentemente, esse fato, de fácil solução, ainda não foi contornado por falta de vontade política, pois essa indústria da seca beneficia grupos ou oligarquias regionais que não abrem mão de seus privilégios em prejuízo da miséria de grande parte da população cearense e nordestina na extensão maior. O Mandonismo local e regional ainda vigente impede a formação de uma sociedade democrática no interior do Ceará.
Para Adas, ( 2001 ) nossos rios são subaproveitados para a produção agrícola planejada, irrigação e transporte. Não possuímos um clima restritivo à agricultura na maior parte do país,, como ocorre, por exemplo, em Israel, e em certas áreas do Peru, da Argentina e do Chile. Temos uma parte do nordeste com clima semi-árido, mas sua área irrigada é muito pequena em relação ao total que deveria possuir esses recursos o Brasil possui quase 2 milhões de hectares irrigados. Desse total, o nordeste participa em apenas 20%
Apesar de ser o meio de transporte mais econômico , apenas 2% do deslocamento de carga do país é feito por hidrovia, demonstrando,assim, um subaproveitamento dos rios brasileiros para essa finalidade.
Mesmo quando um rio é naturalmente navegável, a própria ocupação humana de suas margens e várzeas e seu aproveitamento como meio de transporte produzem alterações ambientais nada desprezíveis ( destruição de matas, galerias e matas ciliares, desmoronamento das margens, assoreamento do leito fluvial, poluição das águas por dejetos humanos, pelo óleo combustível das embarcações das máquinas de garimpo e pelo mercúrio.
Quando entretanto, há a necessidade da intervenção humana para que o rio u a bacia hidrográfica se torne navegável, com a construção de barragens, eclusas, canais e outros recursos da engenharia hidráulica, as alterações são de muito maior magnitude (Adas, 2001)


2 MATERIAL E MÉTODO


A Pesquisa de campo sobre a morte do Rio Salgado, foi realizada na região do cariri cearense no período de julho a outubro de 2003.
Iniciando na cidade de Aurora –CE situada numa das 12 zonas fisiográficas em que se subdivide o Estado do Ceará – a do sertão do Salgado alto Juaguaribe em pleno poligono das secas. ( Tavares, 1993 ).
Sua extensão territorail mede aproximadamente 942 kilômetros quadrados, Limitanto-se ao norte com Lavras da Mangabeira, ao sul com Barro, Milagres e Missão Velha; a leste com Ipaumirim e o Estado da Paraiba e a Oeste com Caririaçú. O Município de Aurora é formado pela sede da cidade, Aurora e pelos distritos de Tipi, Ingerias e Santa vitória. Está situado a 264,8 metros de altitude em relação ao nivel do mar. Sob as coordenadas geográficas são:6º57’6”38º 5’ W de greenwich.
O Rio Salgado que banha a cidade e as serras de Várzea Grande, Areia, Cajuí e Balanças formam o conjunto mais expressivo dos acidentes geográficos de Aurora. Em todo o município predomina os terrenos de tabuleiros, geralmente pedregoso e de vegetação rasteira em paisagens onduladas. Exístem também, grandes camadas aluviais com baixios e ao longo dos açudes da várzeas que se alongam na bacia do rio Salgado e dos riachos que são tributários daquele curso de água. Essa topografia irregular tem a vantagem de ser adequada para todo tipo de agricultura tropical. No contexto geográfico de Aurora o rio Salgado tem relevante importância. Quando se vai discorrer sobre a conquista e o povoammento da região sul do Ceará, é oportuno salientar a profunda influência do rio Salgado que forma, com o riacho dos Porcos e outros afluentes a bacia hidrográfica mais importante do Cariri, uma região dotada de terras férteis até então cobertas de matas para onde acorreram colonos atraidos pelas condições favoráveis à expansão da atividade pecuária. ( Tavares, 1993 )
.
O Município de Aurora, apesar de situar-se no chamado polígono das secas tem regular índice de chuvas, mantendo a média de 1.050 mm Pouco mais ou menos por cada período de inverno/ano. O Período normal de chuvas vai de janeiro a maio. Em julho já se verifica o começo do verão que dura, geralmente, até o mês de dezembro.
O Clima é seco e quente, variando a temperatura entre 28 e 35 graus sendo com maior freqüência de 32 graus. Uma branda aragem que sopra, freqüentemente no sentido Norte Sul torna agradável as noites de Aurora.
A Altitude de Aurora é de 265 metros em relação ao nível do mar. É a 40º em ordem crescente de altitude no estado do Ceará. No aspecto das riquezas naturais existem, no município de Aurora grandes depósitos minerais de argila e de pedras calcárias. Uma empresa mineradra, localizada nas proximidades do distrito do tipi explora o calcário para fins de fabricação de corretivos agrícolas. Em relação as atividades de exploração de minérios o município de Aurora tem uma curiosidade histórica. No seu território estão situadas as antigas – Minas de Cobre- da região do Coxá que pereceram ao lendário Padre Cícero Romão Batista. No Município de Aurora está situado teambém, o famoso morro Dourado, próximo do sítio Tropas às margens do Rio Salgado. Ali ainda é praticada a atividade do bateamento de Ouro embora inexpressivo do ponto de vista econômico.
As principais atividades econômicas de Aurora estão concentradas na agricultura de subsistência e no criatório do gado leiteiro e de corte. O Município já foi grande produtor de algodão arbóreo ( mocó) e conseguiu durante quase quarenta anos usufruir consideráveis rendas com a exportação deste produto. A praga do bicudo destruiu os algodoais aurorenses apressando uma crise econômica que começou quando foram paralisadas as atividades da estrada de ferro da Rede Viação Cearense ( REFFSA) com interrupção do movimento de ida e vinda de comboios.
Pode-se afirmar que é insatisfatória a rede de estradas de rodagem do município. Aurora liga-se a BR-116 por uma única estrada asfaltada, com 27 Km de extensão a CE. As ligações co Missão Velha, Caririaçu e Lavras da Mangabeira são feitas por estrada de terra, de precárias condições de uso, sobretudo durante o período das chuvas.
Segundo o último censo o município de Aurora tinha em 1993 uma população de 24.426 habitantes. Sendo 8.774 aojados na zona urbana e 15.682 espalhados em sítios e fazendas da zona rural. Pela estatística, observa-se portanto que a população aurorense é caracteristicamente rural.
A Pesquisa desenvolvida foi realizada através de um levantamento bibliográfico com diversas consultas de aurorense ligado ao campo do estudo, sobre a morte do Rio Salgado. Inicialmente foi consultada a população ribeirinha que vive as margens Rio Salgado, pessoas que gostam do tema, livros, revistas especializadas, informativos, Internet, projeto água doce, toda essa fundamentação teórica literária foi extremamente necessária para a formação de um embasamento sobre a morte do Rio Salgado. Por outro lado a finalidade do autor não foi de esgotar todos os assuntos ligados ao tema em questão, ou apresentar uma solução única para o Rio Salgado, como o dono da verdade, ou apresentar um trabalho perfeito sem retoques, ou a verdade em foco, Dentro das limitações procuramos com bastante humildade apresentar a versão entre muitas que existem e muitas outras que virão no futuro, mas sempre com cuidado de fazer um registo histórico, com responsabilidade, lealdade e compromisso com a linguagem científica, na ânsia constante de pesquisar, coletar dados, problematizar e deixar para as gerações futuras um ponto específico do estudo, norteado em materiais possíveis ao nosso alcance no tempo presente, e métodos claros, precisos e determinado que possam servir com uma referência para os futuros estudiosos do Rio Salgado.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após drenar o Vale do cariri, onde tem origem nas fontes da Batateira, Granjeiro e Miranda- que brotam no pé da Serra do Araripe – O Rio Salgado atravessa o município de Aurora Sul/ Norte. Seu maior afluente é e riacho dos Porcos que desemboca perto do distrito de Ingazeiras e que figura em vários registros de datas do lugarejo
Ainda pela margem direita são afluentes do Salgado: O Salamanca, o riacho dos Cavalos, riacho das Antas, o Cuncas, o Pendências. o Riacho do Tipi, o Pau Branco e o riacho do Bordão do Velho. Pela margem esquerda entram o riacho Carás, o Jenipapeiro, o do Meio, o riacho Juiz, o São Jõao, o riacho dos Mocós, o Caiçara e o riacho do Jenipapeiro II: Tudo isso formando uma imensa bacia cobrindo uma área de 10.500 quilômetros quadrados e que se constitui de terras propícias para a agricultura e para o criatório. O Rio Salgado- o Maior afluente do Juaguaribe começa no município do Crato e segue banhando as cidades de Missão Velha, Aurora, Lavras da Mangabeira e Icó num percurso de 162 quilômetros.No direcionamento esquerdo chegam-lhes ainda, maiores tributários: o riacho do Rosário ( 60 quilômetros ), o rio Machado ( 30 quilômetros) o rio São Miguel ( 80 quilômetros ) e o Tatajuba,, que atravessa o açude Lima Campos ( 58 milhões de m³) . Um pouco antes da foz do Tatajuba, o salgado atravessa um boqueirão onde será construido o açude Castanheiro (1.000.000.000 de m³ ) . Pouco abaixo da confluência do riacho Capim, o Salgado une suas águas às do Jaguaribe, que acaba de atravessar o açude Orós ( 4.000.000.000 de m³ ) (Gomes,1999).
O Rio Salgado propiciou todas as condições favoráveis para a colonização e a povoação do município de Aurora, entrando suas águas, em seu território pelo sítio Morro Dourado e seguindo pelo Distrito de Ingerias e sítios Barreiros, Boa Vista, Juiz, Marimba, Esmeralda, Aroeira, Volta, Pavão, Várzea Redonda, Santa Cruz, Crioulas, Ilha, Várzea de Conta, Várzea Grande, Martim, núcleo urbano e o complexo de sítios da beira do rio.
O Rio Salgado após nascer na serra do Araripe, seguindo seu curso natural, passsa pelas cidades do Crato , Juazeiro do Norte e Barbalha as mesmas são as três maiores metrópoles da região Centro Sul do Estado do Ceará. Ao passar por essas metrtópoles regionais, o Salgado é utilizado como sangria de esgotos e do lixo produzido pelas três cidades, o mesmo acontece nas outras cidades que são banhadas por suas águas, como é o caso de Aurara, mas com níveis menos alarmantes.O Rio Salgado sempre propiciou para as comunidades ribeirinhas próximas as suas margens, um manancial de vida e de sustentação para as suas necesidades básicas, peculiar ao estilo de vida setaneja, como:cultivo de frutas, verduras e:caça rudimentar na mata ciliar, pescarias (banho, lavagem de roupa e consumo), com a chegada dos motores a diesel e elétricos, as águas do Salgado são utilizadas com maior intensidade, na irrigação nos cultivos de arroz, milho feijão, , pastagem ( cana e capim ) e algodão.
A Produção da lavoura irrigada tem como finalidade o consumo de subsistência e fonte de renda para comunidade, ou seja, uma parte da produção da lavoura é usada na produção de cereais, e outra parte é utilizada como fonte de renda para aquisição de bens de consumo, como: roupas, calçados, remédios que a comunidade não produz.
A Pastagem (cana e capim) é de grande importância econômica para o município, pois vai propiciar a alimentação do rebanho bovino, caprino, equino e outros, tornando-se fonte de renda para o criador, através da comercialização da carne e a produção de leite e seus derivados.
O núcleo urbano do município situa-se a margem esquerda do rio salgado, local estratégico para aquisição da água que vai atender as necessidades da população e o desevolvimento da cidade,
Pelo nascente, a orla do rio salgado, assenta-se a sede municipal em terreno relativamente plano, que vai ligeiramente se elevando na direção do poente. Tanto por este, como pelo outro lado do rio, apresenta-se favorável a um plano de expansão da cidade, ou seja, o rio Salgado teve papel decisivo na formação do núcleo urbano municipal
O Esgoto doméstico produzido pela cidade do Crato é desovado no rio salgado sem passar por nenhum processo de tratamento. Nas cidades de Juazeiro do Norte e Barbalha, o caso é ainda mais grave, porque além dos esgotos doméstico, é lançado também, o esgoto industrial, este com alto nível de puluição,comprometendo a vida do rio Salgado..
Existe em Juazeiro do Norte uma estação de tratamento de esgoto, mas que se restringe ao tratamento apenas de uma região da cidade e mesmo assim não atende a demanda, tal fato similar ocorre também na cidade de Barbalha, onde o tratamento em forma de lagos artificiais, serve apenas para embelezar a paisagem, porém de pouca utilidade prática pois, somente comporta uma pequena parcela de agua tratada,e durante as chuva todo o proceso se torna invialvel devido a interação das águas durante todo periodo ivernoso; assim podemos afirmar categoricamenete, que nas cidades de Crato ,Juazeiro do Norte e Barbalha, o nível de poluição do rio salgado é tão elevado, que suas águas não servem para o consumo..
Nas demais cidades que ladeiam o rio Salgado, seu leito também é utilizado para o escoamento do esgoto doméstico a níveis preocuantes, pois a cada dia que passa, vai aumentando o número de pequenas industrias nestas cidades que também escoam seus dejetos no leito do Rio.
As consequências desse processo de poluição das águas do rio salgado vai desde a inviabilidade do consumo humano de suas águas contaminadas, podendo ainda, provocar doenças no homem ate a extinção total da vida aquática.
As principais doenças causadas pela poluIção do rio Salgado são:
Verminoses e dermatites, que são transmitidas por larvas que se encontram nas fezes dos animais contaminados, provoca coceira, irritações e manchas na pele, a prevençào deve atuar na conscientização de que os animais não devem defecar próximo ou as margens do rio Salgado
protozooses: Amebíase, que é transmitida através do consumo de alimentos e de agua que esteja contaminada pelo protozoário, provoca diarréia, sua prevençào deve Ter em foco a cosncientizaçào de que os alimentos devem ser bem lavados antes de serem consumidos, a água bem fervida e filtrada e também não entrar em contato com águas contaminadas, tão comum quando do escoamento dos esgotas no leito do rio salgado
Viroses:
hepatite infeciosa, que é transmitida através do contato com a a’gua e fezes infectadas, provocando a destruição das células hepáticas do fígado pelo vírus sua prevenção exige cuidados com saneamento básico
Bacterioses; Colera, Que é transmitida pelo contato ou alimentos infectados, procova desidratação do organismo infectado, prevençào : saneamento básico.
Pesca: Pesca, sempre foi utilizada pela população ribeirinha do rio salgado como forma de subsistencia e também para aquisição de dinheiro para adquirir outros bens de consumo.as especies de peixes mais comum no rio salgado são: piranha, traira, mandim, cari, curimatã, joão mole, corro baiano, tucunaré, sardinha, tilápia e outros
Para que se possa sustar a grande quantidade de agentes poluitivos, que vem matando rapidamente este rio, de vital importância para o Cariri, se faz necessário urgentemente que os órgãos competentes, conjuntamente (União, Estado e Municipio) , via escola, visitação domiciliar, conferências, palestras, seminário simpósios,veiculos de comunica;ãio e outros, numa maratona de campanhas de conscientização contínua sobre a importância do Rio Salgado para a região do Cariri, numa demonstração abrangente de amplitude educativa, onde cada pessoa se sinta responsável pela vida do rio, consciente também, sobre o enorme prejuizo causado para a sociedade carririense, com a morte deste.. Em seguida como consequência deste trabalho de conscientização deve-se se fazer outra maratona de fiscalização e medição sitematica sobre o nivel de poluição e por fim.deve-se impor um rigoroso processo de punição para quem poluir as águas do Rio Salgado. Indo desde multa em valores reais até o fechamento do domicílio ou estabelecimento que esteja poluindo o rio Salgado.
4 CONCLUSÃO
Após a realização da presente pesquisa podemos concluir que:
É inacreditável que a região do cariri, no Ceará, com mais de dois séculos de povoamento, ainda não tenha tomado nenhuma medida de preservação de sua maior pérola ambiental – O Rio Salgado – A desatenção, o desprezo, a omissão por parte da sociedade e do poder público com o rio, e a devastação da mata ciliar têm ocasionado prejuizos irreversíveis, outros que vem avançando de forma alarmante e danosa a qualidade de vida de toda populaçào que vive na bacia hidrográfica do rio Salgado: vejamos alguns danos:
- Já não existe a mata ciliar nativa, tão necessária para a vida dos animais silvestres, fonte de alimentação para as comunidades ribeirinhas.
- Répteis, insetos e agentes patológicos nocivos ao homem estão migrando diretamente para as casas próximas ao rio, causando doenças e matando animais úteis ao hoemm.
- É raro a presença de peixes, antes abundantes, como: traira, mandim, cari, curimatã, jõao mole, corró baiano, tucunaré, sardinha e tilápias. Fonte básica de proteinas para a comunidade ribeirinha.
- Nos hospitais do Cariri, já são catalogados inúmeros óbitos ocasionados por doenças contraidas pela água poluida do rio salgado.
- É temerário o uso abusivo atual dos motores a diesel para a captação da água, visto que várias doenças poderão surgir nos rebanhos ( caprinos, suinos, ouvinos, equinos e bovinos ), quando em contato direto com a água contaminada.
- As enchentes, que antes eram raras no Cariri, hoje são praticamente comuns, devido ao processo de assoreamento que está aumentando de forma assustadora.
Necessário se faz o desenvolvimento de projetos desta natureza para a conscientização da população, para que a mesma venha a ter uma melhor qualidade de vida.
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TOREDO.M Almanaque Abril, São Paulo, Abril, 2001
Autor: Luiz Domingos de Luna


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