Sofista – Ensaios: Sete Pecados Capitais, “o Tomismo”.



“A defesa pública de idéias. (...) que não permitiam que se vencesse um argumento à força de pulmão, nem que se ocultasse com a beleza da forma a pobreza dum raciocínio”...
Mas que, quando começaram a ser procuradas como fim e não como meio, degeneraram em abuso, e foi uma das causas de decadência da escolástica (estudo sobre a Fé e a Razão).”

O “tomismo” é a doutrina ou filosofia escolástica de São Tomás de Aquino, adotada oficialmente pela Igreja Católica, e que se caracteriza, sobretudo pela tentativa de conciliar o pensamento aristotélico e neoplatônico, aos textos das Sagradas Escrituras, gerando uma filosofia do “Ser”, inspirada na “fé”, com a “teologia científica”.

O tomismo afirma-se e caracteriza-se como uma crítica que valoriza a orientação do pensamento platônico-agostiniano em nome do racionalismo aristotélico, que pareceu um escândalo, no campo católico, ao misticismo agostiniano.

"Acima do sentido há, sim, no homem, um intelecto; este intelecto atinge, sim, um inteligível; mas é um intelecto concebido como uma faculdade vazia, sem idéias inatas - é uma tabula rasa, segundo a famosa expressão - ; e o inteligível nada mais é que a forma imanente às coisas materiais. Essa forma é enucleada, abstraída pelo intelecto das coisas materiais sensíveis."

Por isso "a alma" era concebida quase como um ser autônomo, uma espécie de natureza angélica, unida extrinsecamente a um corpo, e a materialidade do corpo era-lhe mais de obstáculo do que instrumento. A alma é, portanto, incompleta sem o corpo, ainda que destinada a sobreviver-lhe pela sua natureza racional; logo, o corpo é um instrumento indispensável ao conhecimento humano, que, por conseqüência, tem o seu ponto de partida nos sentidos.

A característica do tomismo, é o intelectualismo, com a primazia do intelecto sobre a vontade, com todas as relativas conseqüências. O conhecimento, pois, é mais perfeito do que a ação, porquanto o intelecto possui o próprio objeto, ao passo que a vontade o persegue sem conquistá-lo.



São Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225 — Fossanova, 7 de Março 1274)

Padre dominicano, teólogo, distinto expoente da escolástica, proclamado santo e cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica.

“Foi um importantíssimo pensador católico”.

Tomás de Aquino que foi chamado o mais sábio dos santos e o mais santo dos sábios. Nasceu em família nobre em março de 1225 no castelo de Roca-Seca, perto da cidade de Aquino, no reino de Nápoles, na Itália. Com apenas cinco anos seu pai, conde de Landulfo d'Aquino, o internou no mosteiro de Monte Cassino onde recebeu a educação, a sua família esperava que viesse a ser monge beneditino e tinha a esperança de um dia vir a ser o abade daquele mosteiro.

Aos 19 anos “fugiu de casa” para, contra o desejo dos pais, se juntar aos dominicanos mendicantes, entrando na Ordem fundada por São Domingos de Gusmão. Estudou filosofia em Nápoles e depois em Paris, onde se dedicou ao ensino e ao estudo de questões filosóficas e teológicas.
Estudou teologia em Colônia e em Paris se tornou discípulo de Santo “Alberto Magno” que o "descobriu" e se impressionou com a sua inteligência. Por este tempo foi apelidado de "boi mudo".

Dele disse Santo Alberto Magno:

"QUANDO ESTE BOI MUGIR, O MUNDO INTEIRO OUVIRÁ O SEU MUGIDO”...

Foi mestre na Universidade de Paris no reinado de Luís IX da França morrendo, com 49 anos, na Abadia de Fossanova, quando se dirigia para Lião a fim de participar do Concílio de Lião, a pedido do Papa.


A questão das Ordens mendicantes.

O despeito causado pelo sucesso das lições de S. Tomás, principalmente entre aqueles que viam diminuir a freqüência das suas aulas, deu origem a uma “oposição fortíssima” contra os professores pertencentes a Ordens religiosas. Como as únicas que ensinavam nas Universidades eram a dominicana e a franciscana, foi contra as “Ordens mendicantes” * que essa oposição se voltou.

A luta começou logo em 1253, no ano seguinte à chegada a Paris de S. Tomás de Aquino, e tornou-se tão violenta que, S. Tomás e o seu condiscípulo S. Boaventura não puderam ser licenciados até a resolução do conflito.

Os adversários de S. Tomás disfarçaram-na em disputa teológica, e “Guilherme de S. Amour” abriu oficialmente o combate em 1255, com a publicação dum libelo chamado "Dos Perigos dos Últimos Tempos".
Afirmava que os religiosos “não se deviam entregar ao ensino”, mas ao trabalho manual, sob pena de “faltarem às obrigações” que os seus votos lhes impunham.

Um ano depois, os professores seculares declararam-se em greve, e Guilherme de S. Amour partiu para Anagni, onde então residia o Papa, para “fazer vingar” as suas opiniões.

S. Tomás, para demonstrar que os religiosos podiam ser professores competentes, “aumentou o número de disputas públicas” até duas por semana; e, não contente com isso, criou as disputas "de quodlibet", para as quais convidava todos os professores, e em que, pela Páscoa e pelo Natal, discutia qualquer assunto que lhe fosse proposto pela assistência, sem aviso prévio.

Nasceram os primeiros livros das "Questões disputadas", "de Veritate", e os primeiros "Quodlibeta". São das obras mais notáveis de S. Tomás; nelas se expõem as doutrinas que S. Tomás “defendeu em 253 sessões”, durante “três anos”, e se rebatem as objeções, 10 e 20 para cada artigo, que opuseram a S. Tomás, ou que ele mesmo formulou para combatê-las.

Não contente em bater assim os seus adversários no campo do prestígio, onde, ele bem o via, se travava verdadeiramente a luta, S. Tomás respondeu em “1257” as razões doutrinárias apresentadas por Guilherme de S. Amour, no opúsculo "contra impugnantes Dei cultum".

A resposta era concludente, e a vitória de S. Tomás foi completa.
Nesse mesmo ano, o “Papa Alexandre IV condenou” o livro de Guilherme de S. Amour, e proibiu a publicação de novos panfletos contra os religiosos; decretou também que os religiosos podiam legitimamente ensinar nas Universidades e receber os graus universitários.

Guilherme de S. Amour e os seus partidários foram “expulsos” da Universidade e “exilados” de Paris. S. Tomás pôde então receber a licenciatura e o grau de Doutor, e, de 1257 a 1259, regeu tranquilamente cadeira em Paris.



* Ordens mendicantes são ordens religiosas formadas por frades ou freiras, que vivem em conventos. Eles centram a sua acção ou apostolado na oração, na pregação, na evangelização, no serviço aos pobres e nas demais “obras de caridade”. O seu apostolado mais activo no mundo secular implica que eles não vivessem tão enclausurados como os monges, mas mesmo assim eles vivem em comunidades austeras e relativamente fechadas.

Surgiram no século XIII, numa época em que aumentavam as concentrações urbanas. Este estilo de vida respondia às necessidades de evangelização das cidades, por isso receberam forte apoio dos papas.

A sua principal característica reside no fato da sua sobrevivência depender das esmolas e dádivas dos outros. Isto porque eles renunciaram a posse de quaisquer bens, compromentendo-se em viver radicalmente na pobreza e na humildade. Estas esmolas são obtidas principalmente através da pregação e de outras obras referentes ao seu apostolado.

Os exemplos mais notáveis de mendicantes foram São Francisco de Assis e São Domingos de Gusmão, ambos fundadores de duas ordens mendicantes também muito notáveis: os franciscanos e os dominicanos. Os agostinianos e os carmelitas são também duas ordens mendicantes muito importantes no seio da Igreja Católica.
Estas ordens desempenharam um papel fundamental na reforma católica e na evangelização das américas.


REFERÊNCIAS:
Alquino, Tomas de (Santo), Suma Teológica, Editora Loyola, São Paulo
Barros, Manuel Correa de, Vida de São Tomas de Aquino (APOSTILA DO GRUPO SOCIETAS ST. THOMAS).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_de_Aquino, consultado em 01/11/2009
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ordens_mendicantes, consultado em 01/11/2009
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tomismo, consultado em 01/11/2009

Até breve,

o autor, kohen, 33 :::
"Permanecemos desconhecidos no mundo para que as nossas obras sejam duradouras e perenes". Louis Claude de Saint Martin
Autor: Franklin Delgado Tavares


Artigos Relacionados


Será Que Realmente Santo Tomás Viu A Deus?

Sofista – Ensaios: Pecado E Virtude, Quaestio Ii “bem-aventurança”.

A Antropologia Em São Tomás De Aquino

A Construção Do Espaço Medievo: A História Teológica

Considerações Acerca Do Que é "ente" E O Que é "essência" Segundo Santo Tomás De Aquino.

Biografia Intelectual De Tomás De Aquino

Teologia Natura Em Santo Tomás De Aquino