Escapulário do Monte Carmelo - O escapulário autêntico.



Os escapulários, tais como os conhecemos hoje, são diferentes de como eles eram na sua origem. Hoje nós os vemos como objetos pequenos: um colar com dois pingentes de forma retangular, pequeninos, contendo as imagens do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora do Carmo.
Porém, no começo, eles eram os aventais – isso mesmo: aventais – que os monges usavam sobre suas túnicas, especialmente na hora do trabalho. O avental cobria a frente e as costas da pessoa, ficando pendurado em seus ombros. Daí o nome “escapulário”. Escapulário deriva da palavra “escápula” que, em latim, designa a parte superior dos ombros. E “escapulário” significa “aquilo que fica pendurado nos ombros”. O escapulário, portanto, era bem maior do que os atuais.
A origem dos escapulários remonta a tempos muito antigos. Eles começaram a ser usados antes da idade média, dentro das ordens religiosas, como aventais. Às vezes, eram da mesma cor da túnica da congregação, às vezes eram de cores diferentes. Ainda hoje, aliás, algumas ordens conservam o uso dos escapulários sobre a túnica. Por exemplo, os beneditinos e os carmelitas.
Aos poucos, foi se criando o hábito de fazer desenhos ou pinturas religiosas em cada uma das faces do escapulário. Essas pinturas eram sempre de acordo com a devoção de cada congregação religiosa ou de cada pessoa e sempre tinham a conotação da proteção divina e do compromisso de se comportar segundo a fé professada.
Por volta do ano 1200 alguns monges se reuniram no Monte Carmelo, em Israel, com o objetivo de viver a vida cristã na sua radicalidade de fé, pobreza e obediência. Este local, chamado Monte Carmelo é um lugar muito especial para a fé, pois foi ali que o profeta Elias se encontrou com Deus.
Estava começando a ordem dos Carmelitas. Nesse tempo, porém, os carmelitas não eram uma ordem religiosa, mas apenas uma pequena congregação ainda não aprovada pela Igreja. Os monges ergueram ali uma pequena capela em honra a Nossa Senhora no Monte Carmelo e viviam numa pequena comunidade consagrada à Virgem Maria. Todos usavam uma túnica rústica e um escapulário da mesma cor sobre ela.
Nessa época, o escapulário deixou definitivamente de ser apenas um avental e passou a ser um objeto de devoção e proteção. Ele começou a ser recebido oficialmente pelos monges novatos numa cerimônia especial.
Porém, com a invasão dos árabes na Terra Santa, os cristãos foram expulsos e, com eles, os carmelitas. A pequena e nova congregação se dispersou pela Europa, onde os árabes não tinham invadido ainda. Um grupo deles foi parar na Inglaterra e lá frutificou.
No ano 1251, o inglês Simão Stock era o prior geral da congregação na Inglaterra. Simão era um homem de grande instrução, grande convicção religiosa e profunda oração. Viveu uma vida de sacrifícios e jejuns, pela sua conversão e pela confirmação oficial da congregação dos Carmelitas por parte da Igreja. Mas a congregação vivia momentos difíceis e era perseguida por alguns setores da Igreja que não concordavam com aquele estilo de vida.
Foi num desses momentos de grande dificuldade e perseguição contra os Carmelitas que São Simão recorreu à Nossa Senhora do Carmo, padroeira da congregação. Então, numa aparição milagrosa, a Virgem Maria entregou a Simão um Escapulário e disse a ele o seguinte: “Recebe, diletíssimo filho, este Escapulário de tua Ordem como sinal distintivo e a marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo; é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos, aliança de paz e de uma proteção sempiterna. Quem morrer revestido com ele será preservado do fogo eterno”.
A partir esse momento, o papa Honório III reconheceu oficialmente os Carmelitas como Ordem Religiosa, apesar de alguns teólogos importantes serem contra. A partir de então, os carmelitas se tornaram uma das maiores ordens religiosas da Igreja.
O escapulário dado pela Virgem Maria a São Simão Stock era bem menor do que os aventais usados nas congregações. Ele já tinha o formato que conhecemos hoje, sendo um pouco maior, mas consistia em um cordão contendo dois retângulos com as imagens de Nossa Senhora do Carmo e do Sagrado Coração de Jesus.
Portanto, o escapulário autêntico é aquele que conserva as mesmas características do Escapulário dado por Nossa Senhora. Ele pode ser chamado de “Escapulário do Monte Carmelo” porque sua origem está lá, na espiritualidade do Monte Carmelo, que é a espiritualidade do encontro com Deus e da devoção a Nossa Senhora.
Para usarmos um Escapulário autêntico, além das características exteriores – Imagem do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora do Carmo – devemos nos preocupar mais com a nossa maneira de usá-lo. Não adianta usar um escapulário autêntico, com as imagens do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora do Carmo, se minha maneira de viver vai contra os princípios e os ensinamentos de Jesus. Neste sentido, o Escapulário é também uma forma de nos lembrar que devemos nos comportar de acordo com a dignidade do objeto sagrado que usamos.
A promessa de Nossa Senhora está sempre de pé, claro. O Escapulário é uma salvaguarda nos perigos e um sinal de salvação. Mas a pessoa que usa o Escapulário tem a obrigação de se esforçar para viver uma vida reta, honesta e procurar a santidade no dia a dia. Isso significa procurar a oração, os sacramentos, ter o perdão presente em sua vida assim como a caridade e principalmente o amor para com o próximo. Sem isso, não adianta usar o Escapulário.
O Escapulário não é um amuleto com poderes mágicos nem é um bilhete para a vida eterna. Porém, viver a vida segundo os ensinamentos de Nossa Senhora e de Nosso Senhor Jesus Cristo, seguramente são uma salvaguarda nos perigos e um sinal de salvação eterna.
É sempre bom ter em mente que Deus é fiel em suas promessas. E, se Nossa Senhora faz alguma promessa à humanidade, é porque tal promessa foi aprovada e querida por Deus. Nossa Senhora jamais faria alguma promessa aos homens, que não fosse uma expressão da vontade do Pai Celestial. Por isso, quando você usar o “escapulário autêntico”, use-o “autenticamente”. Seja um cristão digno deste nome e leve em seu coração a salvação e a proteção de Deus.
Autor: Vicente Paulo


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