GESTÃO DE RECURSOS: HSCB lança fundo de alocação para driblar IR



Valor Econômico
14 de setembro de 2005

Com a tributação regressiva das aplicações de renda fixa, muitos investidores acabam deixando de trocar de aplicação, mesmo que haja chance de ganho ligeiramente maior, paralisados diante da busca em reduzir o imposto de 22,5% para 15% no menor tempo possível. Nem mesmo a conta-investimento, que deveria estimular as movimentações ao isentá-las da CPMF, conseguiu motivar os in­vestidores a se mexerem mais.

Aproveitando essa distorção, a HSBC Asset Management criou um fundo que tenta eliminar es­sa limitação. Pela estratégia chamada de alocação de ativos, o fundo transfere do investidor pa­ra o gestor a decisão sobre em que mercados aplicar, obedecendo a um padrão de risco pré-definido. Assim, o fundo pode migrar da bolsa para fundos prefixados conforme a conjuntura. Com isso, o investidor têrn sua carteira ajustada sem ter de resgatar a aplicação e sem perder a contagem de prazo para reduzir a alíquota do imposto. Ao mes­mo tempo, não precisa se descabelar para decidir o que é melhor fazer e nem providenciar ajustes a cada mudança do mercado.

O fundo, chamado de FIC Multimercado Estratégia, é uma car­teira que compra cotas de outros fundos de longo prazo, o que lhe permite pagar alíquotas menores, de 17,5% e 15% nos prazos mais longos, explica Fernando Meibak de Oliveira, responsável pela HSBC Asset Management. O fundo se ajusta conforme estratégia definida em reuniões mensais dos gestores da asset e do private do HSBC. Essas orientações sempre foram levadas aos clientes, mas, dadas as limitações, nem todos as adotavam. “ Nossa idéia é evitar que o cliente fique engessado para garantir o imposto menor e, assim, aproveite melhor as oportunidades”, diz ele.

O fundo funciona nos moldes das carteiras exclusivas administradas por private Banks, com a diferença que está disponível para quern puder aplicar R$ 25 mil. Pa­ra completar a estratégia, a HSBC Asset criou também um fundo de papéis prefixados, que receberá aplicações do Estratégia e servirá para aproveitar os ganhos desses papéis com a esperada queda nas taxas de juros. Em simulação do gestor, o fundo Estratégia teria rendido em 2003 139% do CDI. Em 2004, 127% do CDI e, neste ano, 102,7% do CDI até agosto.

Uma tentativa parecida de fun­do de alocação ocorreu no falecido Maxblue, consultoria e site de investimentos criada por Banco do Brasil e Deutsche Bank duran­te a bolha da internet. Com o estouro da bolha, o fundo e o próprio Maxblue desapareceram.

A criação do fundo de aloca­ção do HSBC coincide com um novo líder para a área de gestão da asset. Paulo Corchaki, antigo chefe de assessoria financeira do private bank do HSBC, passou a coordenar a estratégia de investi­mentos da asset. Ele assume o cargo que foi de Marcos De Callis, que recentemente transferiu-se para a Itaú Corretora. Com Corchaki chega outro reforço para a área de renda variável da asset, Alexander Ian Carpenter, que aconselhava os clientes do priva­te. Ele é também presidente da CFA do Brasil, subsidiária da organização responsável pela prin­cipal certificação dos analistas financeiros dos Estados Unidos.

Sob a batuta de Meibak, Cor­chaki e a equipe da HSBC Asset Management se preparam para lançar também fundos brasileiros para os investidores argentinos. A idéia é, no começo de outubro, oferecer um fundo DI e uma carteira setorial de ações, com pa­péis de bancos e siderurgia. "Aguardamos apenas a regulamentação dos fundos pelas autoridades argentinas", diz Meibak. Otimista, ele espera uma grande procura pelos fundos brasileiros. Segundo o executivo, o banco fez um estudo que avaliou como baixo o risco cambial entre o peso e o real. O próximo passo será ofere­cer carteiras no Chile, provavelmente de papeis globais. "Estamos estudando montar um fun­do de América Latina também".

O novo estrategista-chefe da HSBC Asset está otimista com o mercado brasileiro de ações. Cor­chaki lembra que o pais caminha para uma melhora na classificação de risco, em direção ao grau de investimento exigido para os grandes fundos de pensão americanos poderem aplicar aqui. "O movimento pode começar com a Moody's, que ainda tem o Brasil um grau abaixo das demais agen­das de risco, e pode ajustar nossa classificação de 'B' para 'BB' como as demais". Ele lembra ainda que o mercado brasileiro esta barato, com uma relação preço/lucro (P/L) das ações em media de 6,5 pontos, para 11 dos emergentes. E o Ibovespa, apesar da alta das últimas semanas, ainda não voltou aos níveis em dólar de 1997.

Também nesta semana, a HSBC Asset começa a oferecer o fundo multimercado voltado a investido­res institucionais feito em parceria com a empresa de assessoria RiskOffice*. O fundo usara os critérios da consultoria para definir em que carteiras do mercado aplicar.

*A RiskOffice tem como um de seus sócios, o consultor de investimentos especializado em riscos de crédito e de mercado, Marcelo Rabbat.
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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