Previ pode negociar a venda de Sauípe no próximo ano



DCI
03 DE NOVEMBRO DE 2005

Fundações têm mais de R$ 430 milhões para reinvestir

O fundo de pensão Previ, pa­trocinado pelo Banco do Brasil, que nas últimas semanas anun­ciou sua saída do controle de algumas empresas, pode estar perto de negociar mais uma. Fon­te ligada à Previ comentou que a fundação estaria disposta a ne­gociar, no próximo ano, sua par­ticipação no empreendimento Costa do Sauípe, na Bahia. Se­gundo o Demonstrativo Analítico de Investimentos e Enquadramen­to das Aplicações referente ao 2o trimestre de 2005, a Previ detém 100% do capital votante da Sauí­pe S.A. — muito acima dos 20% permitidos pela Resolução 3.121, do Conselho Monetário Nacional (CMN). Procurada, a Previ não comentou a informação.

No último mês, a Previ, cuja área de investimentos é liderada pelo diretor Luiz Carlos Aguiar, mos­trou-se disposta a iniciar um grande processo de desinvestimento no segmento de renda variável. No período, o fundo anunciou a venda de sua participação na siderúrgica mineira Acesita e a intenção de deixar a Brasil Ferrovias — da qual participa do controle juntamente com a Funcef (fundação patro­cinada pela Caixa Econômica Fe­deral) — e também sua parte no hotel Palácio Tangará. Mas o processo não se resumiu à Previ. Fundos como a Petros (dos funcionários da Petrobras) e a Sistel (de funcionários de em­presas de telefonia) venderam sua parcela no bloco de controle da Acesita. Já a Funcef anunciou estar disposta a negociar sua par­cela na Brasil Ferrovias e das empresas de telefonia em que tem participação. Somados os recursos recebidos pela venda da Acesita e ainda a parcela que a Previ deve receber com a concretização da venda do hotel Palácio Tangará, os fundos teriam pouco mais de R$ 430 milhões livres em carteira, para reinvestir.

Com mais recursos livres, a tendência é que os fundos aumentem sua alocação em títulos públicos e papéis pri­vados, como Fundos de Investimento em Direi­tos Creditórios (FIDCs) e debêntures, apostam especialistas.

Outra empresa que, segundo especialistas de mercado, poderia deixar de ter fundos de pensão como controladores é a Embraer. "Há uma forte tendência dos fun­dos optarem por não ter assento no bloco de controle, apesar de con­tinuarem a investir em empresas. Nesse sentido, é possível que um fundo como a Sistel, venda sua parcela no bloco de controle da Embraer, como também em outras empresas de relevância", aposta a responsável por relações com in­vestidores institucionais da Mercatto Administração de Recursos, Andrea Lopes. A Sistel abriga fun­cionários das empresas telefônicas, como a Brasil Telecom, Amazônia Celular, Telefônica e TIM.

O presidente da Sistel, Wilson Carlos Delfino, negou que a en­tidade esteja em processo de ne­gociação de sua parte na Embraer, mas não descartou que o processo seja efetuado no futuro. Afinal, dizem especialistas, o principal negócio de uma en­tidade de previdência é trabalhar com aposentadoria e pensões, e não na tomada de decisões e definições de estratégias de em­presas. Se parte das vendas dos ativos na carteira de renda va­riável decorre unicamente da ne­cessidade financeira de se ter liquidez e das opor­tunidades de mercado que proporcionariam uma boa venda, há quem diga que os fun­dos estariam sofrendo pressão do governo para sair de blocos de controles dessas com­panhias.

Mas, se o processo de venda encabeçado pelos fundos de pen­são é ou não resultado de uma orientação do governo, o fato é que as entidades estão com ex­cesso de recursos livres. Para o sócio e diretor da RiskOffice, Fernando Lovisotto, no terreno das hipóteses, a tendência é que esses fundos reinvistam os re­cursos em títulos públicos e Fun­dos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs).

Outra frente seriam os títulos privados, que ganhariam mais visibilidade com a queda da taxa Selic, pelo fato de que, com menores juros, a tendência é de um maior aquecimento da eco­nomia e, consequentemente, maior crescimento das empresas, cujos bons resultados se refletiriam em papéis como debên­tures. Nessa linha, o presidente da Petros, Wagner Pinheiro, anun­ciou que a fundação, que hoje tem 2,6% do portfólio investido em papéis privados, pretende elevar para até 10% a presença desses ativos em carteira em 2006.

Para deputado, fundos podem estar sob pressão

Entre os que acreditam que fundos de pensão patrocina­dos por empresas estatais so­freriam pressão do governo para reduzir suas participa­ções em blocos de controles de companhias, está o depu­tado Luiz Carlos Jorge Hauly (PSDB-PR). "Sem dúvida há uma orientação do PT. O que se supõe é que existe uma pressão em tomo das fun­dações", aposta Hauly.

Para o deputado Maurício Rands (PT-PE), a saída dos fundos seria motivada pelas investigações realizadas pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) nos últimos meses. "Os fundos ligados a estatais, que estão no olho do furacão, estão adotando uma política menos ofensiva de in­vestimentos. Hoje, quando cerca de 30 fundos estão tendo seus sigilos quebrados, há uma natural adoção de postura defensiva", resume Rands.
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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