A MORTE É BELA



Independentemente das questões humanitárias e de todas as ongs de plantão contra a fome e a miséria e dos movimentos do tipo Criança Esperança, nossa mãe gaya começa a por em prática uma de suas medidas defenestrantes para conter o predatório avanço de uma determinada espécie que por acaso somos nós. Nas outras espécies a gargalhada é geral. Moscas, formigas e baratas sabem que não é todo ano que terão 50 milhões desses seres superiores num banquete quando a gripe aviária chegar.

O fenômeno tem também seu lado filosófico, porque não basta pensar para existir. É preciso considerar outros parâmetros e realinhar à nossa espécie e seu inexorável processo de evolução no interior da biosfera, temer este santuário ecológico que passou a mostrar que não é tão frágil assim e que saberá na hora certa priorizar a sua própria existência, como fez no passado, desde a revolução cambriana, na agitada chegada do sexo entre as moléculas, nas mudanças do seu eixo e nas intercaladas eras congelantes e mornas do planeta.

Numa irônica sinfonia macabra o holocausto virá a bordo dos magníficos vôos das andorinhas migratórias, pois para Gaya a morte é bela e os nossos corpos jogados em covas coletivas servirão apenas para o petróleo do futuro, numa reedição desenvolvimentista do homo sapiens. E nem vem que não tem, pois na hora do sufoco uma dose do tamiflu, a vacina contra a gripe aviária, vai custar o olho da cara. Mas para quem não acha que estará totalmente fu... restará comprar a dose genérica vendida pela família garotinho a um real.

Políticos, cientistas, religiosos e advogados talvez esqueçam que as tartarugas, jacarés e golfinhos estão por aqui há milhões de anos antes de nós e continuarão as suas jornadas. A nossa dependerá da sutil luta contra nossa vontade de potência, da vontade de querer evoluir a qualquer preço, independente do lixo do vizinho e da quantidade de controles remotos acumulados no sofá. Não bastará desvendar a imortalidade no rabo mitrocondrial do dna humano, nem enviar um exemplar da espécie pro solo marciano. Nossa história vai além do rabo do foguete ou do rabo da célula. O buraco é mais embaixo. É isso ou tamiflu.
Autor: Luiza Machado


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