A origem do tráfico de drogas



Nos anos 80, o Brasil se tornou uma importante rota para a droga, cujo destino final era Europa e Estados Unidos, porém, progressivamente, o país tournou-se um bom mercado consumidor. No processo de implantação do negócio, os traficantes internacionais encontraram no Rio de Janeiro um grupo de bandidos bem organizados sob o nome de Comando Vermelho ou CV.
Esta associação (de bandidos mais perigosos da cidade) se formou no anos 70 na prisão Cândido Mendes localizada na Ilha Grande. O mentor do grupo, Willian Silva Lima, era um bandido comum que se aproximou de presos políticos. Esses últimos eram intelectuais de esquerda que conheciam à fundo os manuais de Gurrilha utilizados por Che Guevara e Fidel Castro na revolução Cubana. A mistura desses presos com os bandidos comuns facilitou o intercâmbio de idéias e doutrinas, assim, Willian Silva utilizou esses preceitos para criar a organização “Falange Vermelha”, depois conhecida como “Comando Vermelho”. Seu objetivo inicial era lutar por melhores condições de vida na cadeia. Willian queria acabar com a violência interna e clamava por União e Igualdade.
Necesitavam mudar as condições da prisão e para isso era fundamental formar um grupo mais unido. A nova disciplina de Willian era rígida e para aqueles que a traíam, um castigo irreversível era imposto: a morte
A disciplina foi um elemento fundamental para o êxito das operações dentro e fora da prisão. As atividades criminosas agora contavam com a logística da guerrilha da Revolução Armada.
Seguindo seu lema: Paz, Justiça e Liberdade, o Comando Vermelho conseguiu, na década de 80, a conquista da distribuição das drogas na cidade. Assim, iniciou uma era de guerras entre as favelas. A primeira grande disputa aconteceu em 1987, no Morro Dona Marta (localizado ao lado do bairro nobre de Botafogo).
As táticas elaboradas na cárcere foram fundamentais para a conquista do monopólio da droga. Estratégias como as de não delatar, andar bem apresentável, ser discreto, não subestimar a polícia, repeitar a comunidade e, especialmente, a união entre os membros, foram empregadas pelos membros das facções e garatiram seu poder nas favelas. Até hoje percebemos traços dessa influência na doutrina das facções e talvez esse conjunto de elementos seja uma das maiores dificuldades para acabar com o poder do tráfico no Brasil.

Luiza Machado
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Bibliografía

- ESSINGER, Silvio. Batidão: uma história do funk. Rio de Janeiro. Editora Record. 2005.

- LEES, Elizabeth. Cocaína e poderes paralelos na periferia urbana brasileira: ameaças à democratização em nível local in Um século de favelas. 2 edição. Rio de Janeira: FGV, 1999.
Autor: Luiza Machado


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