É assustador analisar ações sem nexo que são desenvolvidas



(Leishmaniose: série doenças negligenciadas)
A justificativa é que, como não há vacina, e os mosquitos que picam um cachorro infectado passam a transmitir a leishmaniose, a única solução seria matar os animais (e isto não é verdade). E após matar o último cão vão começar a matar as pessoas contaminadas????
Não estaria na hora de começar a MATAR OS MOSQUITOS? Estes sim precisam ser eliminados, são os transmissores da Leishmaniose. Eles transmitem a doença!
Alguém, algum dia leu e não entendeu, não traduziu corretamente e determinou como solução de controle da Leishmaniose a ‘matança’ de cães, pobres vitimas inocentes.
Matar os cães é errado porque o único vetor da leishmaniose é o mosquito-palha. O cachorro não transmite a doença. O mosquito está presente em todos os lugares e é mantido assim, qual o interesse? Li na RADIS nº 81/2009 uma entrevista bastante esclarecedora com o médico José Rodrigues Coura especialista em Epidemiologia Clínica das Doenças Infecciosas e Parasitárias que cita um exemplo que mostra que quando o estado e o município não cumprem seu papel a saúde da população vira um caos. Numa determinada cidade do Amazonas onde ele esteve todos estavam com Malária, (prefeito, padre, médico, promotor e inclusive o juiz) ao procurar o responsável, na prefeitura ele obteve a seguinte resposta:
“Eu tenho a malária que preciso. Sem ela não tenho dinheiro”...
E assim é com a Dengue, a Leishmaniose, Chagas, Malária e outras doenças negligenciadas.
O processo de urbanização caótico resultou em condições precárias de vida e destruição ambiental, fatores que também teriam influenciado a emergência da doença no meio urbano, já que o vetor se adapta facilmente às condições domésticas instalando-se no peridomicilio onde explora o acúmulo de matéria orgânica gerada por animais domésticos e más condições sanitárias.
Também animais silvestres, devido à destruição do seu habitat passam a viver mais próximos do homem e são vistos com relativa freqüência nas periferias da cidade, revirando o lixo urbano em busca de alimento.
Sem medidas eficazes a doença não será controlada
A teoria sobre o controle vetorial baseada em espaços delimitados em torno de caso humano não tem lógica ou eficácia, pois comprovadamente o vetor está em todos os lugares! Outro fator é acreditar que a infecção em humanos está diretamente relacionada ao número de cães infectantes e à capacidade da população de flebotomíneos de transmitir infecção do cão para o homem.
O controle vetorial pode ser considerado medida efetiva, URGENTE E NECESSÁRIA. O uso de inseticidas, por exemplo, diminui o tempo médio de vida do vetor, um dos mais importantes determinantes da transmissão, e a eliminação de cães positivos, COMPROVADO LABORATORIALMENTE, sem condições de tratamento que perambulam pelas ruas, em situação terrível, pois começam a cair pedaços do corpo, estes devem ser recolhidos e eutanasiados. As sorologias não estão sendo feitas no setor público (segundo informações divulgadas, todas as atenções do laboratório que produz os Kits diagnósticos estão voltadas para a gripe H1), ocasionando acumulo e não realização destes exames na população canina.
A persistência da transmissão em certas áreas do país e a crescente disseminação da doença para regiões onde a doença não existia indica que tais medidas de controle não se têm mostrado efetivas, pois a ineficácia fica demonstrada no número crescente de novos casos tanto na população humana como na canina.
Saúde, o primeiro direito humano
A proteção da saúde é a primeira responsabilidade dos governos de todos os níveis. A frase está no documento final do 12º Congresso Mundial de Saúde Pública. Implica, pois, em vontade política de fazer o que deve ser feito pela Saúde Pública. Nas mãos dos governos estão as verbas para aplicar, da forma correta, garantindo assim o primeiro direito ao cidadão.
Hoje assistimos a população ser taxada de relaxada e culpada pelo descaso do serviço público que não faz o que deveria ser feito e ainda por cima transfere a responsabilidade do caos reinante para a população!
O descaso e a incompetência de alguns gestores que acreditam que, transferindo responsabilidades se eximem da culpa de não realizar as ações necessárias deveria ser fiscalizado com rigor maior pelo TCU Tribunal de Contas da União para ver para onde escoam as verbas destinadas a Saúde Pública.
O desrespeito ao trabalhador devido a falta de equipamentos de segurança EPI, para trabalhar com os produtos químicos utilizados já fez continua a fazer novas vítimas. Falta de orientação específica, falta de exames de controle causam problemas graves em funcionários despreparados e servem como ‘desculpa’ para a não realização de programas de controle de vetores. “O veneno faz mal”... E morrer por causa de mosquitos não faz mal???
O descaso mata
O Ministério da Saúde, ao transferir para os estados e municípios as atribuições que eram suas, deixou de zelar pela aplicação correta do dinheiro público, os municípios (impossível que não percebam) mesmo frente aos desastrosos resultados quanto ao uso de produtos denominados por interesses escusos como ‘inseticidas’ mas que possuem apenas função de repelência aos mosquitos, o uso indiscriminado (e inadequado) de insumos indicados a baratas, por exemplo, no controle de mosquitos jamais irá funcionar. Cada caso é um caso!
A declaração de um ex-trabalhador da FUNASA, Saulo Nunes que se contaminou no exercício diário da profissão. "Não tínhamos muito equipamento de segurança. Não usávamos luvas, nem máscaras adequadas. Havia um inseticida com que trabalhávamos que não tinha nem rótulo. Descobri que estava intoxicado pelos sintomas que estava apresentando”.
Alguns que se dizem técnicos, contestam o uso de organofosforados (Malathion, Fenitrothion) que, aplicados da forma correta eliminam os vetores, bastando depois um controle correto pelos agentes de saúde ambiental, mas não contestam o uso deste mesmo produto DENTRO de caixas d’água que muitas famílias ingerem...
Estes mesmos técnicos que criam obstáculos, impedindo o uso do inseticida adequado não parecem se preocupar nem um pouco com as toneladas de agrotóxicos utilizadas nas lavouras do Mato Grosso... Por quê?
Leio e releio o parágrafo da nota do MS que diz: “para controlar a doença a primeira medida é eliminar os cães infectados e REDUZIR os mosquitos. Assustador perceber um equívoco desta natureza envolvendo um problema tão grave de Saúde Pública!
O correto seria ELIMINAR OS MOSQUITOS e não os cães!
Autor: Beatriz Antonieta Lopes


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