Volta por cima



VALOR ECONÔMICO
INVESTIMENTOS- 10 DE AGOSTO DE 2006

Multimercados recuperam perdas de maio e ainda tiram vantagens da instabilidade dos mercados de juros e câmbio.

Os fundos multimercados tiveram um bom desempenho em julho, aproveitando-se da vantagem de poder aplicar qualquer tipo de ativo e de buscar oportunidades com estratégias agressivas. Muitos tiraram proveito da volatilidade e não só recuperaram as perdas registradas em maio como aumentara os ganhos. Segundo o Índice de Fundos Multimercado (IFM) da consultoria RiskOffice*, no mês passado, as principais carteiras abertas para captação da categoria tiveram um rendi­mento médio de 1,66%, para um CDI de 1, 17%. No ano, o retorno médio é de 11,57%, para 9,04% do CDI. Outro referencial do setor, o Índice Multimercado Arsenal Composto, calculado pela Arse­nal Investimentos, subiu 1,19% em julho e 10,52% no ano.

Muitas carteiras exibem rendimentos expressivos, caso do Mauá Multimercado, que acu­mula ganho de 19,68% no ano até julho, uma taxa que, anualizada equivale a 30% ao ano, o dobro do CDI. Gestores como Mauá, Gávea, Quest e Hedging Griffo aproveitaram a alta dos juros e do câmbio em maio para comprar papéis com remuneração maior e agora colhem os frutos dessa estratégia. "Tiramos proveito da instabilidade para aumentar nossas posições", afirma Rodrigo César Carvalho, sócio da Mauá Investimentos.

Julho foi um mês bom para os fundos pela mudança para melhor das expectativas do mercado, que tiveram efeito positivo especialmente sobre juros e câmbio, diz Fernando Lovisotto, sócio da RiskOffice. "Muitos fundos ganharam dinheiro com operações em juros prefixados ou indexados ao IPCA,como as NTN-B", diz ele, lembrando que o Índice de Renda Fixa do Mercado (IRFM), que estima o ganho médio dos papéis prefixados em geral, subiu 1,55% em julho. Já o Índice de Mercado Andima (IMA) série B, que indica o ganho das NTN-Bs, subiu 3,41%. Lovisotto estima que os fundos que com­põem o IFM têm cerca de 20% em papéis IPCA e 20% em prefixados (percentual que era de 4% antes de maio e da alta das taxas).

Outra tendência detectada por Lovisotto foi um aumento das operações de curtíssimo prazo ("day-trade") dessa carteiras. Com um cenário mais incerto em julho, por conta dos juros e da economia americana, muitos gestores optaram por trabalhar no curto prazo, ganhando com a instabilidade dos mercados. Já os mercados de dólar — com maiores intervenções do Banco Central para sustentar a moeda americana - e de bolsa — com um grau de incerteza muito grande e forte instabilidade — não ajudaram tanto os gestores.

Os dados da RiskOffice mostram que os multimercados não aumentaram tanto a volatilidade das carteiras para obter um resultado maior. A maioria ficou abaixo de 1 % de variação para cima ou para baixo no mês. Mas há casos em que o ganho foi obtido com uma volatilidade mais alta. Caso do Claritas Hedge 30, que teve volatilidade de 2,69% ao mês e um ganho de 3,35%. Isso significa que o investidor deve estar preparado para períodos de altos e baixos maiores "A volatilidade dos fundos em geral está baixa, mas a do mercado está alta, o que é um sinal de que eles não carregaram muita posição e que os negócios de curto prazo aumentaram", diz Lovisotto.

Olhando por estratégia, os fun­dos que operam no curtíssimo prazo conseguiram sair-se me­lhor em julho, como mostra o Ín­dice Arsenal Trade, que subiu 1,40%. A seguir, aparecem os com estratégias macro, que buscam ganhar com as grandes alterações de preços da economia, e que subiram 1.29%, beneficiados pela recuperação dos mercados. Os fundos de arbitragem, que usam modelos matemáticos para apli­car, tiveram retorno médio de 1,19% e os fundos equity hedge (ou long/short), de arbitragem com ações, e que usam também análise fundamentalista, subi­ram 0,87%, segundo a Arsenal.

No ano, a categoria macro acu­mula os maiores retornos, com 11,26% até julho, afirma Gustavo Coelho, responsável pela área de alocação de recursos da Arsenal. "Eles acreditaram na melhora dos mercados e agora estão ga­nhando com isso", lembra. Já os equity hedge estão na lanterna, com 8,98%, abaixo do CDI. "Esses fundos estão sofrendo pois muitos têm seu desempenho vinculado as mercado, com apostas em alguns papéis, apesar de serem long/short.", afirma ele.

Cerca de 90% do bom resultado do fundo da Mauá veio da estratégia de ficar devendo em dólar e aplicar em reais, explica Carvalho, sócio da gestora. "Já vínhamos fazendo isso há um ano e meio, nos baseando nos fundamentos extremamente sólidos das contas externas que, na prática, significam sobra de dólar, mesmo com as com­pras do BC, e ganhamos com a valorização do real", diz. Outra parte dos ganhos veio das aplicações em prefixados e em papéis corrigidos pelo IPCA. Em maio, mesmo com rentabilidade ruim, o fundo aumentou as posições em câmbio e juros, pois perceberam que eles estavam se distanciando dos fundamentos. "E com isso, recuperamos as per­das, sendo que em julho o ganho foi maior com juros do que com dólar", diz.

A manutenção da estratégia permitiu ao Claritas Hedge 30 recuperar a perda de 8,11% em maio e ainda acumular 10,86% no ano até julho, diz Marcelo Karvelis, sócio da Claritas Investimentos. 'Se pegarmos o que dissemos em maio e aplicarmos hoje, vamos ver que o movimen­to dos mercados foi muito amplificado por fatores técnicos, não havia razão fundamental para a uma correção que houve nos preços" diz. Por isso, o fundo manteve a estratégia, reforçou as posições no fim de maio e vendeu dólares a R$ 2,40 e aplicou em juros prefixados a mais de 16% ao ano. "E conseguimos recuperar tudo sem que o mer­cado tivesse voltado totalmente", afirma. Segundo ele, a dis­torção de preços em maio abriu oportunidades para ganhar di­nheiro com menos risco. "Fomos premiados por não nos deixar-mos levar pelo pânico, o que vale também para os clientes, que não resgataram as aplicações dos fundos após as perdas", diz.

* A RiskOffice é dirigida por Marcelo Rabbat, consultor de investimentos especializado em risco de crédito e de mercado
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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