Estratégia ao gosto do aplicador



VALOR ECONOMICO RISKOFFICE
EMPRESAS - 16 DE AGOSTO DE 2006

Cresce a oferta de fundos de ações diferenciados que buscam atrair recursos com propostas mais sofisticadas, aproveitando a queda dos juros

Os fundos de ações surgem como alternativa cada vez mais presente no cenário de constante queda da taxa básica de juros. Neste ano, essas carteiras já captaram mais de R$ 5,5 bilhões líquido, o equivalente a 9% do patrimônio dos fundos no começo do ano, segundo a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). O volume captado ainda é pequeno, principalmente frente à disparada dos valores negociados em clubes e diretamente por pessoas físicas na bolsa. As carteiras de ações e de privatização permanecem com apenas 15% do total de fundos. No entanto, para atrair mais cotistas, esses gestores apresentam diversificação cada vez maior de modelos e estratégias.

Entre os tipos de carteiras de ações oferecidas, há desde aquelas que seguem os índices da Bolsa de Valores de São Paulo — como o Ibovespa, IBrX, IBrX-50 — até- fundos com estratégias mais complexas, como aqueles que investem em empresas com características especificas de governança corporativa ou responsabilidade social.

O investidor brasileiro ainda é reticente quanto ao mercado de ações, mas é muito interessado na bolsa, diz Bruno Stein, superintendente de distribuição da Unibanco Asset Management (UAM). "Ha uma classe de investidores muito sofisticada e bem informada, que demanda essa oferta de diferentes tipos de fun­dos", diz. Segundo ele, boa parte das aplicações em fundos de renda variável e feita via internet, onde esse investidor busca se atualizar sobre o mercado.

"O investidor com patrimônio acima de R$ 5 mil para investir por longo prazo deve começar a dedicar a partir de 30% desse total para a renda variável", diz Paulo Bilyk, sócio sênior e diretor executivo de gestão de investimentos da Rio Bravo. Aos aplicadores em ações de primeira viagem, o sócio fundador da Sankt Gallen Investimentos, Gaspar Gasparian, indica os fundos passivos, que seguem determinado índice. "É a porta de entrada, porque são mais fáceis de acompanhar e entender." Para ele, se o investidor optar por algum fundo mais complexo, terá de ter certeza que compreende o funcionamento da carteira antes de aplicar.

O risco de investir em um fundo ativo, onde o gestor escolhe os pa­péis livremente, é maior que o de um fundo passivo, explica Fernando Lovisotto, sócio da consultoria de investimentos RiskOffice*. Em geral, esses fundos, diz ele, buscam superar por determinado percentual o desempenho dos índices de ações. Dai é possível ter uma estimativa do quanto mais arriscado é o fundo, pois quanto mais ambicioso, maior a exposição a perdas. Contudo, não é possível indicar que, entre os fundos ativos, uma subcategoria seja mais arriscada do que outra, avalia Lovisotto. Em um fundo Ibovespa ativo, por exemplo, o gestor pode arriscar mais do que um fundo de ações de segunda linha, que, em tese, teria mais risco por conta da baixa liquidez dos papéis. Cabe ao investi­dor estar atento a carteira do fun­do, divulgada por correspondência, quando cotista, ou disponível no site da Comissao de Valores Mobiliários (www.cvm.gov.br).

Gustavo Cerbasi, consultor e professor da Fundação Instituto de Administração da USP, alerta que é preciso avaliar os papéis de cada carteira, e não só sua estratégia. Assim, entre empresas com boa sustentabilidade ou governança, há também papéis não interessantes, assim como pode haver problemas de liquidez em fundos de dividen­dos com empresas pequenas.

A diversificação de estratégias revela um desenvolvimento do mercado, diz Bilyk, da Rio Bravo. "Nos anos 80 e 90, havia dois ou três gestores especializados em gestão ativa de renda variável, mas atualmente há um numero grande de pessoas experientes e competentes." Fabio Colombo, consultor de investimentos, diz que essa diversificação atual segue o modelo de países desenvolvidos. "Há fun­dos para todos os gostos, variando conforme o perfil do investidor."

Lovisotto alerta para as elevadas taxas de administração e per­formance (sobre o ganho que su­perar o indicador definido) cobradas nos fundos ativos. Os fun­dos de Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB), que cobram taxas relativamente baixas e seguem a variação do IBrX-50, por exemplo, renderam mais do que muitos fundos, ativos nos últimos meses, destaca ele."É saudável para o mercado que haja opções, mas o aplicador tem de estar atento pa­ra o fato que há interesse dos gestores em oferecer fundos ativos, pois podem cobrar mais." E essas cobranças podem consumir boa parte do ganho.

Ainda tímida, todavia, a aceitação dos fundos de ações pela maioria dos aplicadores, que, em peso, preferem carteiras de renda fixa, diversificam aplicações em multimercados, preferem investir diretamente nas ações ou em clubes de investimentos.

Stein, da UAM, vê, porém, tendência de mudança nesse merca­do. "Cada vez mais investidores experimentam os fundos de ações, começando a investir pouco, e depois que aprendem melhor voltam para aplicar mais.” Para ele, é natural que, em paralelo a um movimento de queda dos juros, aumente a procura por fundos de renda variável. “E atualmente, essa também é uma indicação da UAM, que tem um excelente cenário para a bolsa nos próximos meses."

*Marcelo Rabbat, economista que presta consultoria em risco de crédito e de mercado, é um dos diretores da RiskOffice
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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