Alta dos investimentos e consumo trazem boas perspectivas para 2007
1 de março de 2007
Serviços e indústria foram os grandes responsáveis pelo crescimento superior ao esperado pelo mercado para os últimos três meses do ano passado. Cresceram, respectivamente, 0,8% e 1,6% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. "A expansão da indústria foi puxada pelo setor extrativo mineral e construção civil", disse a economista-chefe da Mellon Global Investment, Solange Srour. A economia brasileira, como um todo, teve uma expansão de 2,9% em 2006, segundo dados do IBGE, divulgado ontem. Ficou ligeiramente acima do esperado pelo mercado (2,7%), muito próximo dos 3% que previa o Banco Central e abaixo da estimativa oficial do governo (3,2%).
Solange espera a divulgação da nova metodologia para, provavelmente, revisar para cima a atual estimativa de crescimento de 3,5% em 2007. "Toda a melhora nos dados de consumo das famílias e investimentos no ano passado traz perspectivas positivas para 2007, mas ainda não coloca o Brasil em posição de crescer a taxas superiores a 4%", afirma a economista.
A avaliação do coordenador de sondagens conjunturais do Instituto de Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Aloísio Campelo, é a mesma: a expansão da atividade econômica será maior em 2007, mas "não há nada que indique aceleração maior do que 4% este ano".
Srour destaca a revisão para cima do dado de consumo das famílias no terceiro
trimestre de 2006 (0,8%), além do desempenho mais forte no ultimo trimestre do ano
com alta de 1,1% em relação ao trimestre anterior. "Esses números são mais
condizentes com os dados do varejo. Com isso, 2006 encerrou com aumento de 3,8%
no consumo das famílias, taxa maior que os 2,9% do PIB, indicando que a demanda
agregada é superior à oferta, devido à contribuição negativa do setor externo observada
no ano passado (-1,4%) e que deve se repetir em 2007 (previsão de -1,5%)."
Para Carlos Antonio Rocca, sócio-diretor da RiskOffice Consultoria*, mais importante que acreditar ou não em taxas de crescimento mais altas nos próximos anos é observar se o Brasil esta trabalhando para acabar com os obstáculos que impedem uma expansão maior da economia. "Precisamos de um novo padrão de crescimento que não esteja na carona do mundo e produzindo expansão abaixo da média mundial", afirma Rocca.
Entre os empresários, como o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Base (Abdib), Paulo Godoy, a sensação é a mesma. "É preciso trabalhar os problemas
estruturais que dificultam o crescimento. A carga tributária não arrefece porque não são
reduzidos os gastos das administrações públicas."
Para Marcelo Leite de Moura e Silva, professor do Ibmec Sao Paulo e sócio da MMCE Consultoria, um crescimento em torno de 3% é satisfatório para países desenvolvidos, mas muito aquém da necessidade brasileira. "O pior é que tudo indica que não sairemos disso", diz, ressaltando que as taxas de crescimento do PIB vem desapontando desde os anos 80 e que, em um ano ou outro foi possível alcançar 4% ou 5%, mas isso significou o "vôo de galinha".
Ao analisar o resultado dos últimos 20 anos, a explicação encontrada é a de que há graves problemas estruturais. Por outro lado, diz, há fatores positivos, tais como a abertura comercial, a maior eficiência e dinâmica das empresas brasileiras, o mercado acionário mais ativo e a política macroeconômica de curto prazo bem-estruturada.
Mais investimentos
A economista da Mellon diz ainda que a oferta precisa aumentar por meio
de novos investimentos, que já iniciaram uma tendência de alta no ano passado criando
boas perspectivas para 2007. "Os investimentos deram uma contribuição positiva de
1,3% no PIB de 2006 contra 0,3% em 2005. A retomada dos investimentos esteve
concentrada no segundo semestre do ano passado e ainda não deve ter acabado
trazendo boas perspectivas para este ano", diz Solange.
O economista-chefe da Quest Investimentos, Paulo Miguel, que prevê para este ano crescimento do PIB de 3,2%, acredita que há espaço para ampliação da demanda, que em parte será atendida pelas importações. "Os investimentos devem continuar crescendo em 2007 devido a queda do juro real; à valorização do real que reduz o preço relativo dos bens de capital e cria espaço para os investimentos em máquinas e equipamentos acontecerem; além da construção civil, que tem uma dinâmica particular e depois de sofrer bastante em 2005, com expansão de apenas 1,3%, se recuperou em 2006, com alta de 4,5%, deve se tornar mais atrativo em 2007", afirma Paulo Miguel.
"No ano passado, a maior parcela dos investimentos veio da construção civil, que representa cerca de dois terços da Formação Bruta de Capital Fixo, e das importações de bens de capital", diz Rocca destacando a necessidade de uma maior participação do setor privado nos investimentos brasileiros.
Para o analista econômico da Consultoria Guedes & Pinheiro, Jose Ricardo Bernardo, o Brasil precisa buscar um crescimento mais robusto e com sustentabilidade, algo em torno de 5%. "É o que prevê o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas devido a alguns problemas, como o elevado déficit previdenciário, o crescimento de 5% aparenta-se bastante ambicioso, muito embora, ainda longe dos 8,5% e 10,3% alcançados pela Argentina e pela Venezuela respectivamente em 2006."
Para a Austin Rating, o pífio crescimento do PIB brasileiro em relação aos demais países, em um momento de ambiente internacional favorável, com ausência de crises externas e a economia mundial crescendo de forma muito vigorosa (5,1%), confirma que o problema é de gestão doméstica. Segundo relatório da consultoria, a divulgação do PAC não é a solução dos problemas, porém ao menos reascende a discussão do crescimento econômico, que estava esquecida pela ansiedade na obtenção do controle inflacionário.
“As expectativas para os próximos três e cinco anos são boas. Contando com mais um pouco de sorte, no que diz respeito ao cenário internacional ainda benigno, há grande possibilidade de o Brasil apresentar taxas de crescimento superiores a 4% ao ano. Isso porque, mesmo que de forma duvidosa, a tendência para a taxa de juros é de queda para os próximos anos, incorrendo em maior competitividade entre as opções de investimentos no mercado financeiro e as opções no setor produtivo. Ademais, o quadro prospectivo, tanto para taxa de inflação quanto para investimentos e consumo, é otimista.
*A RiskOffice também é dirigida por Marcelo Rabbat, consultor de investimentos especializado em gestão de riscos de crédito e de mercado
Autor: Assessoria de Imprensa Web
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