Valorização do real beneficia estrangeiros que compram IPOs



JORNAL DO COMMERCIO-RJ RISKOFFICE
SEU DINHEIRO - 21 DE MAIO DE 2007

O investidor estrangeiro que entrou na abertura de capital da Natura em 26 de maio de 2004 tem, hoje, ações 11,4% valorizadas em dó1ares. Já o brasileiro, de lá para cá perdeu 28,63% com estes mesmos papéis. O efeito da contínua valorização do real tem sido um importante atrativo para o investidor es­trangeiro participar ativamente das ofertas públicas iniciais de ações. E a tendência, segundo o advogado do L.O. Baptista Advogados, Maurício Almeida Prado, é de que essa chama externa con­tinue acesa, a medida que o Brasil caminha para o grau de investimento.

"A liquidez mundial está grande e parte dela vai para ativos de risco. O Brasil é um ativo de risco e de boa qualidade. Ainda mais sendo exportador de commodities, cujos preços estão em alta", diz. Com isso, avalia Prado, o estrangeiro beneficia-se tanto da alta da Bolsa de Valores de Sao Paulo (Bovespa), quanto do câmbio. De 2004 para cá quando voltaram à tona as aberturas de capital, a Bovespa subiu mais de 360% e a Ptax, média das cotações do dólar apurada pelo Banco Central, passou de R$ 2,89 para R$ 1,96. "E há quem fale em câmbio a R$ 1,85", prevê.

Somente neste ano foram feitas 21 ofertas iniciais de ações, o chamado IPO na sigla em inglês. A captação total chegou a R$ 12,486 bilhões, dos quais os investidores estrangeiros ficaram com 61%. “Isso é mais uma manifestação da enorme liquidez mundial em busca por investimentos com altas taxas de retorno", avalia o economista Car­los Antonio Rocca, da RiskOffice*. De fato, o estrangeiro que comprou ações da Bematech neste ano - a que registrou a menor Ptax de início - ganhava até sexta-feira 13,73% em dólar, ao passo que em real a ação subia 10,40%.

Para ele, ainda há espaço para a valorização do real devido a melhora dos fundamentos econômicos brasileiros. O analista da Prosper Gestão, Gustavo Barbeito, lembra que o máximo que os investidores esperam de desvalorização do real é 4% ao ano, o que significaria um dólar a cerca de R$ 2,40 daqui a cinco anos. "A curva de juros na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) para 2012 está em 10%, enquanto o cupom cambial está em 6%. Isso significa que, se o inves­tidor quiser travar o dólar, ele paga mais 4%. Portanto, o que importa é a tendência da moeda", diz.

Barbeito avalia que um câmbio a R$ 2,00 é sustentável no curto prazo e que o es­trangeiro coloca essa conta no preço da ação. E na avaliação do gerente de análise da Modal Asset, Eduardo Roche, os últimos IPOs já tem saído com preços atrativos. "As empresas estão vindo ao mercado com um certo desconto devido a enorme quantidade de aberturas e a seletividade dos investidores", afirma. Ainda assim, para ele, os estrangei­ros continuarão demandando novas ações. Na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), existem 24 pedidos de emissão primária de ações.

*Um dos diretores da RiskOffice é o economista Marcelo Rabbat, consultor de investimentos especializado em risco de crédito e de mercado. Rabbat também dirige a PR&A Consultoria.
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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