Inflação baixa dá ao País...



GAZETA MERCANTIL RISKOFFICE
NACIONAL - 11 DE JUNHO DE 2007

Para Heron do Carmo, variação é ditada por questões macro, não mais por itens específicos

O presidente do Conselho Re­gional de Economia de São Pau­lo (Corecon-SP), Heron do Car­mo, ressalta que a maior produção tanto quanto a situação cambial promove a queda de preços dos alimentos. "Definitivamente não há pressão de demanda. Essa discussão esta defasada frente a nova realidade brasileira", afirma.

As expectativas positivas abrangem não só este como o próximo ano. Na média de cem instituições financeiras o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — indicador oficial que baliza o sistema do metas de inflação — deve repetir em 2007 (3,5%) e em 2008 (4%) o resultado apurado em 2006, ficando abaixo do centro da meta de 4,5%.

Gian Barbosa, da equipe de economistas das Tendências Consultoria Integrada, afirma que, além das benesses inflacionárias proporcionadas pela valorização do real frente ao dólar, o pano­rama atual e influenciado também pelo ganho inercial — uma vez que os índices seguem em baixa há anos consecutivos — pelo ganho das importações e pela maior credibilidade do Ban­co Central no controle das expectativas futuras de inflação. O economista inclui na sua avaliação o quadro favorável de investimentos, que garante a capacidade futura de produção e a possibilidade de atendimento a demanda aquecida.

REFLEXOS AGRÍCOLAS

O sócio da RiskOffice* Carlos Rocca destaca que com a euforia do aumento dos preços internacionais houve um crescimento fantástico da oferta, comprovando que a agricultura responde a estímulos de preços. "Estamos observando um rearranjo da estrutura produtiva mundial, com a entrada da China no segmento de manufaturados, o que produz uma retração nos preços dos bens industrializados. Com isso, os alimentos estão relativamente mais caros que os industrializados. Mas essa mudança de preços relativos não determina obrigatoriamente um processo inflacionário", afirma o especialista. Heron alerta que a inflação tem sido dita­da por questões macroeconômicas, prin­cipalmente o comportamento de oferta e demanda e não mais por itens específicos.

Rocca explica que quanto mais internacionalizados —via importações e/ou exportações — mais sensíveis os produtos alimentícios aos preços internacionais e ao câmbio. "Essa influencia não é absoluta pois pode haver substituição do consumo entre os alimentos".

Heron esclarece ainda que quanto menos processados forem os alimentos mais imediato será o impacto do comportamento de seus preços na inflação por estarem sujeitos a variações decorrentes de safras e entressafras. "Esse tipo de pressão, como ocorreu com o leite no mês passado, são resolvidas ao longo do ano e não preocupam”, ressalta.

A economista-chefe da Mellon Global Investment, Solange Srour, considera que, diferentemente da maior parte do mundo, no Brasil não há nenhuma preocupação com aumento de preços de alimentos, mas uma alta continuada nos preços internacionais de commodities agrícolas pode acabar tendo algum impacto na inflação a despeito da proteção dada pela valorização cambial.

Além disso, Heron lembra que atualmente o peso dos alimentos no Índice de Preços ao Consumi­dor Amplo (IPCA) gira em torno de 20%. Há 30 anos passava de 30% e há 50 anos era de aproximadamente 50%.

Preços administrados

Como os preços administrados são habitualmente reajustados pelo Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), que sofre efeito direto do câmbio, há mais de dois anos estão bem comportados. No entanto, alerta Rocca, caso haja uma reversão da situação cambial, com desvalorização do real, o quadro pode mudar.

Já Solange e Heron do Carmo avaliam que a tendência dos administrados é de baixa. "Com a inflação baixa há tempos, tudo o que é indexado muda a freqüência de reajustes para anual, se tanto. A inflação futura, hoje em torno de 3%, é reproduzida, matando a indexação", diz o presi­dente do Corecom.

Barbosa alinhava dizendo crer que o processo de desindexação já tem ocorrido naturalmente e que, aliado ao ganho de credibi­lidade do BC, os reajustes passam a ser feitos pelas expectativas futuras, não mais pela inflação passada .

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*A Risk Office tem como diretor o consultor de investimentos Marcelo Rabbat, especializado em risco de crédito e de mercado. Rabbat dirige também a PR&A Consultoria
Autor: Assessoria de Imprensa Web


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