A Corrupção Generalizada, a Educação e a Escola



A corrupção no Brasil encontra-se, por assim dizer, quase institucionalizada, oficializada, dada a amplitude que alcançou: os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, os Tribunais de Contas, e, também mais recentemente, o Ministério Público, nossa última esperança de que alguma providência fosse tomada nesse sentido. Do Senado às câmaras municipais, da presidência da República às prefeituras, a corrupção está praticamente generalizada, com raríssimas exceções. Juízes, delegados federais, procuradores e até ministros do Supremo Tribunal Federal estão se vendendo. Do baixo ao alto escalão dos governos, propinas tornaram-se regra geral, independente, inclusive, do credo religioso do cidadão.

Infelizmente, apesar de ser uma verdade que dói, podemos afirmar sem medo que tudo isso é puro reflexo da sociedade. Os valores éticos e morais tornaram-se relativos, a verdade tornou-se relativa, enquanto a corrupção torna-se cada vez mais absoluta. Quando não é a falta de valores, são os valores imbuídos de interesses pessoais ou de grupos. O eleitor se vende, não devolve o troco que lhe foi passado a mais, dá calotes, paga por fora pela agilidade e rapidez do serviço, encontra objetos ou dinheiro e não procura o dono para devolver, fura filas ou paga por um lugar nela, vende gato por lebre, adquire produtos pirateados, sonega impostos, utiliza material ou peça inferior na execução de serviços. Pesquisas mostraram que o estudante que cola nas provas escolares tem maior probabilidade de ser um cidadão mentiroso e desonesto.

O que têm feito a educação e a escola nesse sentido? A educação e a escola que temos falharam. A instituição que forma cidadãos falhou, já que um dos principais motivos da sua existência é produzir uma profunda transformação no indivíduo e na sociedade. O que podiam [e ainda podem] fazer [mas não fizeram] os professores e a escola, tendo em vista uma transformação radical, ética e moral, diante da degeneração da sociedade? Ocorre que não poucos diretores e professores também se deixaram corromper pelo sistema. E tudo começa nas pequeninas coisas, como, por exemplo, a utilização pessoal indevida de serviços de fotocópia e de ligações telefônicas na instituição escolar.

Que tipo de formação a escola brasileira, seja pública ou particular, tem proporcionado aos seus alunos, que tipo de profissional tem formado as universidades e os cursos técnicos, para que tenhamos tantos cidadãos corruptos e corruptores em todos os segmentos da sociedade? O que se tem ensinado em nossas salas de aula a crianças, adolescentes e jovens?

A responsabilidade pela educação dos alunos em uma escola é de todos os que nela trabalham. Portanto, que se calem e não reclamem da corrupção que tomou conta do meio político e dos serviços públicos, independentemente da esfera administrativa. É tão desonesto o professor que embolsa o troco que lhe voltam a mais na padaria quanto o político que recebe propina ou se apropria de bens ou recursos públicos.

Cadê a escola brasileira com os verdadeiros educadores?
Autor: Prof. Maurício Apolinário


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