Cuidado Pais e Alunos: Agora vai poder reprovar!



Parece que nós educadores nos sentimos animados, recompensados, quando dizemos isso para os alunos, ou para os pais dos mesmos, em reuniões com eles, especialmente nos referindo àqueles alunos que não alcançam o mínimo necessário exigido pelo sistema.
Mas qual é o sentido da reprova? Reprovar para que? Fazer o aluno voltar pra mesma série, ou para o mesmo curso, no próximo ano, com que objetivo? Para vingar o “trabalho” que ele nos deu na sala de aula o ano todo? Afinal o que somos: educadores ou capatazes vingadores?
Agora se pensarmos que estaremos reprovando para que no próximo ano ele seja devidamente acompanhado, orientado de uma forma mais presente para vencer os desafios naturais da aprendizagem, para valorizar seu potencial, para dar-lhe oportunidade de mostrar o que sabe, tudo bem!
Por outro lado, precisamos mesmo reprovar, isto é, esperar um ano inteiro para saber que o aluno precisa de acompanhamento intensivo e/ou de reforço individual, de mais apoio em casa? Precisamos mesmo reprová-lo, correr o risco de afetar gravemente sua auto-estima, ao ver seus colegas “passando de ano” e ele “não passando e depois voltando pro mesmo ano, no ano seguinte”, para só então tomarmos providências, intervir?
Parece-me que não estamos bem certos quanto ao real sentido da “Avaliação”, da “Reprovação”.
Parece-me que estamos nos esquecendo, que quando avaliamos e reprovamos o aluno, estamos reprovando a nós mesmos, uma vez que não conseguimos atingir o objetivo de levar àquele aluno ao sucesso na aprendizagem (objetivo de toda instituição de ensino), então vamos tentar fazê-lo no próximo ano...
Alías, se pensarmos assim, com certeza o aluno será muito beneficiado, porque aí faremos de tudo para que ele acerte o alvo de verdade, no próximo ano. Agora se pensarmos que “estamos vingando o que ele fez para nós durante o ano”, estamos seriamente equivocados, aquele aluno voltará diversas outras vezes para o mesmo ano até desistir, até acrescentar “um número” a mais no índice de evasão escolar, formando, possivelmente, mais um futuro excluído social.
Mas, continuo defendendo que não precisamos, para bem do aluno e do sistema todo, esperar o final do ano para saber que algum aluno em questão, que “não acompanha os outros” precisa de apoio, que precisa ser reprovado para receber apoio.
Devemos sim, fazer de tudo para que o aluno receba apoio o ano todo, e assim passe, não automaticamente, mas de forma competente, tendo aprendido de verdade. A avaliação deve servir exatamente para isso: nos mostrar que ponto devemos dar mais atenção, diariamente, mensalmente, semestralmente, ou de acordo com a forma e período que optamos avaliar; jamais como instrumento de reprovação, à propósito, é mais barato prevenir que remediar, todos nós sabemos disto.
Autor: VANDERLEI ROBERTO GABRICIO


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