Aspectos perversos da Globalização



Aspectos Perversos da Globalização

Os aspectos perversos da globalização são planetários. Em paises em vias de desenvolvimento como o Brasil, eles tendem a ser mais agudos. Não apenas porque o país ingressa na onda econômica na condição retardatária, mas também porque, sendo periférico nunca conheceu o Welfare State, que bem ou mal, garantiu aos trabalhadores dos paises centrais certas proteções sociais.
A abertura das economias dos paises mais pobres está ocorrendo dentro de um ambiente muito perverso, coincidindo com esforços de combate a inflação o que equivale à elevação da taxa de juros, restrição de crédito e desaquecimento dos investimentos produtivos, tanto públicos, quanto privado, o que dá pouca oportunidade para os paises mais pobres investirem na modernização dos processos produtivos com a velocidade necessária.
Segundo mattoso (1996) o desemprego será irreversível se as sociedade contemporâneas ficarem de braços cruzados e abandonarem ao mercado a sua solução. No Brasil a ampliação das condições de trabalho tem como pano de fundo: A forma passiva da inserção da economia nacional (que vem favorecendo a ruptura da estrutura produtiva). A desregulação (que favorece uma reestruturação produtiva predatória com o fim das câmaras setoriais e de políticas industriais e agrícolas). As políticas macroeconômicas ancoradas na sobrevalorização e em elevados juros (criando ainda maiores dificuldades a competitividade nacional).
“ A inserção passiva do Brasil no processo de globalização da economia é maior causa da crescente precarização das condições de trabalho e do aumento do desemprego no pais” (mattoso, 1996).
O processo de globalização ameaça a sobrevivência da indústria brasileira que não tem condições de competir com as grandes transnacionais.
A nossa indústria é agravada pela defasagem cambial, alíquota reduzida de importação e grande numero de impostos que incidem sobre a produção.
No entanto a aplicação de grandes capitais e de uma tecnologia mais sofisticada vem provocando uma concentração da riqueza, tanto em escala continental e regional como em escala social. As regiões ricas enriquecem cada vez mais e as pobres são enfraquecidas e desgastadas ecologicamente, em um processo incontrolável; do ponto de vista social, os ricos também se tornam cada vez mais ricos, formam-se companhias que dispõem de mais recursos e poder do que os Estados, que elas controlam, ao mesmo tempo em que aumentam o problema de desemprego e a pobreza se degrada em miséria; miséria que tem reflexos no crescimento urbano, na formação de áreas pobres em torno de cidades grandes e médias.
A globalização do capitalismo criou, intensificou e generalizaram o movimento mundial de trabalhadores, mesclando-se raças, culturas e civilizações nos movimentos migratórios que atravessam fronteiras geográficas e políticas, articulando nações e continentes, ilhas e arquipélagos, mares e oceanos. O exercito industrial de trabalhadores atinge dimensões mundiais, e constituem os estratos mais baixos da sociedade, acrescentados ao reservatório de trabalho mais mal pago constituído, sobretudo por trabalhadores do terceiro mundo.
Cada vez mais, grupos marginalizados se vêem gradualmente apartados do restante da sociedade. Aqueles que já não são capazes de mudar sua condição social por conta própria são abandonados á própria sorte. Essa segregação não significa, contudo, que uma comunidade política possa simplesmente descartar-se de uma parte supérflua sem arcar com as conseqüências. No longo prazo, pode-se esperar pelo menos três desdobramentos (que já se manifestam em paises como os Estados Unidos). Em primeiro lugar, uma “underclass” (algo entre subclasses e marginalizada) cria tensões sociais e podem ser controladas por meios repressivos. A construção de prisões esta se tornando um florescente negocio. Em segundo, a privação social e a degradação física não são passiveis de confinamento num só local: o veneno dos guetos dissemina-se pela infra-estrutura das cidades e das regiões permeando os poros de toda a sociedade. Por ultimo e o mais importante do nosso contexto, a segregação das minorias, que se vêem privadas de voz reconhecida na esfera publica traz consigo uma erosão da modalidade, algo que com certeza mina a força integrativa democrática.
A situação de desespero a que as classes menos favorecidas vão sendo levadas pode provocar e eclosão de revoltas e gerar revoluções visando uma transformação social.
A marcha da globalização esta gerando um processo de nova dualização nas sociedades nacionais. Esta dualização é entre os incluídos e os excluídos da sociedade-economia globalizada, que varia entre mais de 90% da população de incluídos em sociedades com o Japão e Noruega, passa por aproximadamente 50% de incluídos em sociedades como o Chile ou Malásia e chega a menos de 10% de incluídos em sociedades como o Peru ou Nicarágua. No Brasil, aos aproximadamente 30% de incluídos na economia globalizada, representativos da dualidade histórica-herança da escravidão, que por sua vez contava com um vasto contingente de população super explorada, agrega-se agora um crescente contingente de novos excluídos sem função no sistema.
O avanço das empresas transnacionais graças a crescente concentração de poder financeiro e aos acordos entre elas estabelecidas controla as atividades intelectuais, contribuindo para aumentar o fosso existente entre paises desenvolvidos e subdesenvolvidos. As atividades criativas, inovadoras ou simplesmente aquelas que são instrumentos de poder, se concentram ou tendem a se concentrar em áreas privilegiadas do Primeiro Mundo.
O avanço da internacionalização dos circuitos econômicos, financeiros e tecnológicos, debilita os sistemas econômicos nacionais. As atividades estatais tendem a circunscreverem-se às áreas sociais e culturais. Os paises marcados acentuada heterogeneidade cultural e o/ou econômico serão submetidos a crescentes pressões desarticuladoras. A contrapartida da internacionalização avassaladora e o afrouxamento dos vínculos de solidariedade histórica que unem no quadro de certas nacionalidades, populações marcadas por acentuadas disparidades de nível de vida.
Segundo os economistas a globalização e a revolução tecnolo – cientifica responsável pela processiva automação da produção vem sendo a causa principal, nas ultimas décadas, para o aumento de desemprego.
Tudo isto aumentou com a globalização. Podemos também constatar que quem sofre mais coma a globalização sãos paises economicamente mais frágeis porque não tem capacidade para fazer frente à concorrência dos produtos dos países com maior capacidade econômica, produtos este que são inclusive produzidos em paises onde a mão de obra é mais barata.
Podemos também observar que a internet é um dos reflexos da globalização. Contudo a livre circulação de informação e cultura não é necessariamente uma coisa má, mas com alguns aspectos negativos porque veio permiti que essa mesma informação pudesse ser utilizada com fins “menos adequados”, como por exemplo, no terrorismo, na criminalidade ou ate mesmo na espionagem industrial. Talvez por causa dos muitos aspectos negativos, há um receio visível por parte de muitas pessoas no que respeita á adesão a globalização.
Diante desse quadro de perversidade, o Brasil deve a internacionalização de sua economia. Não se pode ir contra a modernização e globalização da economia, mas também uma abertura abrupta pode acarretar grandes perdas à nação. O país corre o risco de ver globalizar a pobreza e não a riqueza.
Autor: Lucineide Antunes Savazi e Covizzi


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