O Imperialismo Estadunidense No Continete Americano



O IMPERIALISMO ESTADUNIDENSE NO CONTINETE AMERICANO

O imperialismo, em especial o estadunidense percorre um período que passa pelo expansionismo territorial e vai ao limes do mercadológico. A análise compreende um período identificado entre o século 19 até a contemporaneidade.Foram utilizadas nas pesquisa referências encontradas nas web - bibliografias, bibliografias clássicas em comentários de artículos. A descrição analítica e impessoal busca uma correlação entre dois impérios, o Romano e o Estadunidense, suas características e instituições de manutenção. No caso do Estadunidense é analisada sua evolução uma vez que a mesma pode ser acompanhada in loco.

A atitude imperialista é destacada na América Latina onde sua presença é mais endêmica, gerencia economias, depõe governos, explora reservas e patrocina a aculturação da população. É nela que percebemos e analisaremos a evolução do capitalismo e consumismo estadunidense. Também serão correlacionadas a política protetora e impositora das décadas de Guerra Fria e a atual política externa para a América Latina.

E por fim será reservado espaço para identificação de signos, imagens e informações subliminares contidas nas mensagens oferecidas pela multimídia. Informações que levam de maneira sutil a um consumismo desenfreado e desregrado. A degradação da condição de vida e do ambiente são efeitos indesejáveis e herdados da política predatória ianque. A oferta embala os sonhos daqueles que até pouco tempo mantinham um sistema de vida integrado a natureza. Como ascender aos bens de consumo exigidos pela sociedade e impostos pela mídia é o grande dilema da sociedade Latino Americana que não apresenta uma renda per capita digna das exigências.

2 CONCEITO DE IMPERIALISMO

A palavra é derivativa do latim imperium; poder soberano, mandado, autoridade, comando, soberania. Todos os sinônimos pressupõem força de interferência sobre outros, seja direta ou indiretamente. A palavra exprime a ação de dominação e sua constante expansão, ou seja, o dinamismo da ação em si. Para Finley (1978, p. 55): "[...] um Estado pode ser denominado imperialista se, em qualquer momento, exerce autoridade sobre outros Estados (comunidades ou povos), visando a seus próprios fins e vantagens, quaisquer que tenham sido estas últimas". Podemos identificar e analisar diferentes aspectos da presença imperialista; econômicos, industriais, políticos, administrativos, culturais, sociais, militares, científicos – tecnológicos, entre outras formas.

Talvez o primeiro exemplo de imperialismo pragmático e por conseqüente primeira grande globalização caiba ao Império Romano. Para Mendes (2002, p. 86), "O Imperium Populi Romani, criação da sociedade romana republicana, deve ser entendido como o conjunto dos territórios sobre os quais se estendia a soberania (maiestas) do povo romano, delegada aos magistrados". Lembremos que o mesmo foi forjado e amparado pelas Legiões, mas o que nos chama a atenção foi seu domínio territorial – presente em três continentes (Europa, Ásia e África), estima-se que um quarto da população mundial, ou seja, cerca de 60 milhões de pessoas vivia sob as ordens dos Caesares, população esta formada por mais de quarenta povos de forte expressão regional. Podemos identificar a importância de Roma como cidade – império em um trecho de Carmem Saeculare de Horácio (apud GIORDANI, 1968, p. 07), "Alme sol, curru nitido diem qui. Promis et celas aliusque et idem. Nasceris, possis nihil urbe Roma. Visere maius"[1].

Como manter um império tão vasto e multicultural? Podemos identificar alguns aspectos que efetivaram esta dominação por cerca de 5 séculos e que se fez e, faz presente nas estruturas de domínio do colonialismo e imperialismoa partir do século 15; o militarismo, a política, o comércio, a religião, as vias de transporte, a administração (burocracia e o direito), tecnologia, indústria, cultura e tantos outros.

Atualmente o imperialismo representado pelos Estados Unidos da América não apresenta a mesma sede territorial do período romano ou colonial inglês, apesar de forte militarização e de várias interferências internacionais com a criação de bases militares, a expansão foi contida durante o século 19. Percebeu-se que para dominar uma região ou influenciar todo o mundo é menos custoso e mais eficaz o controle econômico, político e cultural. Mantendo - se a soberania dos dominados intacta e transferindo o ônus ou efeitos indesejáveis da dominação para as nações "soberanas" perpetua-se o status quo.

3 IMPERIALISMO IANQUE

O imperialismo estadunidense passou por estágios, o primeiro foi à expansão territorial, com anexação do Novo México, após conflito bélico com o México. No final do século 19, anexa o Alasca, após efetuar um acordo comercial pela região com a Rússia. No início do século 20, torna-se construtor e tutor da região do Canal do Panamá. Podemos mencionar ainda as regiões insulares do Havaí – Oceano Pacífico e do Estado Associado de Porto Rico – Mar do Caribe. Adicionamos ainda as bases militares localizadas em Cuba, Arábia Saudita e Europa.

O segundo estágio passa pelo fortalecimento dos EUA após a Primeira Grande Guerra, gênese de uma grande nação. O título de superpotência econômica – militar advém com o término da Segunda Guerra Mundial, onde um quadro mundial favorável se mostra. A Europa encontra-se destruída, seu parque industrial arrasado, a população produtiva reduzida, as jazidas desgastadas. No pólo oposto um país que pouco sofreu com a guerra, sua indústria cresceu, o investimento e o avanço tecnológico equiparou-se ao europeu do período pré-bélico, a mão de obra foi lapidada e as mulheres pela primeira vez ocupam um lugar de destaque na indústria. Por fim a política externa estadunidense é ágil e fomenta a recuperação econômica dos países da Europa Ocidental através do Plano de "ajuda" Marshall.

A desgraça mostra-se boa anfitriã e oferece a Europa um quadro calamitoso, são necessários 60 anos para que a mesma se recupere, não em forma de nações, mas sim como bloco econômico para fazer frente à política de dominação estadunidense. Em contra partida as benesses afloram em prol de uma nação imperialista, dominadora e opressora.


4 AMÉRICA PARA OS AMERICANOS

Nunca uma frase sintetizou tanto, quando pronunciada pelo presidente James Monroe em 1823. A maioria dos países latino - americanos ovacionou o representante máximo dos Estados Unidos da América e só bem mais tarde deram-se conta do sentido de dominação e aplicação da posse que estava oculto na expressão. A grande maioria desejava colher os frutos de tal proteção, vinda daquela que seria a aquila salvadora, porém esqueceram que a águia é uma ave de rapina e, portanto, predadora. Não é mera coincidência tanto o Império Romano quando o Estadunidense portarem no mesmo estandarte o símbolo da dominação, a águia.

Devemos lembrar que o expansionismo dos Estados Unidos começou com a tomada de território mexicano e se estendeu por algumas ilhas. Após a Segunda Guerra Mundial a nação do norte volta-se para a América Latina dominando a economia centro – americana e a seguir os países sul - americanos. A dominação passa a ser econômica e cultural. A América Latina é vista como uma enorme colônia soberana, uma fornecedora de matéria - prima em potencial e um centro consumidor pronto a receber os produtos industrializados do norte.

Toda e qualquer tentativa de mudança foi sufocada pelos fantoches coronelistas e galdérios sul-americanos submetidos à política opressora e dominadora do Capitólio. Os regimes ditatoriais militares plantados na América Latina ceifaram a vida de muitos, traumatizaram outros tantos e calaram toda uma geração. A história da colonização e exploração da América Latina pouco tem de épica, poderia sim, ser representada por uma tragédia grega.


5 SINAIS DA DOMINÂNCIA

Efetivada a expansão territorial e assegurada à presença dos produtos estadunidenses na América Latina o passo seguinte seria a expansão do mercado e a manutenção do mesmo. Os mecanismos para o êxito nesta empreitada são lançados através de uma política externa agressiva, criação de agências internacionais de empréstimos, controlee monopólios de produtos. Surgem os acordos comerciais e as fontes de empréstimos vindas do BID[2] e o FMI[3].

Os principais órgãos internacionais apresentam sede em território norte americano, ONU[4], FMI e BID e, todas as suas afiliadas. Com controle majoritário sobre os organismos mediadores e fiscalizadores a indústria apressou-se em criar conglomerados internacionais com feudos distribuídos em todos os continentes. Como não poderia ser diferente o quintal anglo – saxão passou a ser a América Latina, onde governos eram destituídos e empossados com a rapidez do comércio internacional.

Paralelamente ao aspecto econômico, a cultura ianque estende seus tentáculos sobre os povos passivos do Centro e Sul América provocando aculturação e homogeneização. Os braços desta cultura são evidenciados através das indústrias fonográfica e cinematográfica. Dos nativos panamenhos aos guaranis paraguaios o que vemos é uma total busca do mimetismo estadunidense, roupas, cigarros, carros, música, bebidas, enfim o modelo americano ideal.

Hoje podemos identificar traços, simbologias e informações subliminares em filmes, comerciais, musicais, esporte etc. A simbiose entre as grandes marcas e a indústria do entretenimento pode ser vista facilmente, alia-se à imagem de sucesso a determinadas insígnias do mercado. A literatura também é carregada de simbologias que nos remete inconscientemente a supremacia do modus victum norte – americano.

Com sua infinita gama de produtos para abastecer a volúpia inflamada pela cobiça, os latinos – americanos tornaram-se uma clientela que atende a condição primária do capitalismo, ou seja, a grande necessidade de compra. Mesmo sabedores que uma grande parte destes produtos em nada contribuem para uma melhor qualidade de vida simplesmente nos deleitamos consumindo. Podemos aqui mencionar a indústria alimentícia, de bebidas, tabaco, eletroeletrônicos, da moda, estética, farmacêutica, química e de telecomunicações. Enfim dos meios de produção primários aos terciários.


6 CONCLUSÃO

Quando percorremos os caminhos do imperialismo nos defrontamos com o conceito a ele aplicado e percebemos que no decorrer do tempo as mudanças são relativamente pequenas. A forma como o imperialismo se manifesta no tempo é muito similar, ou seja, os recursos de dominação não sofreram qualquer modificação apenas são camuflados e / ou rotulados em embalagens menos agressivas. Portanto imperialismo continua sendo descrito como ação de interferência direta ou não sobre outros povos ou comunidades.

O imperialismo estadunidense passou por uma gradativa depuração; de agressivo e territorialista do século 19 ao expansionismo mercadológico que regula a economia mundial de hoje. A sede de conquista e supremacia continua sendo suas características mais evidentes. Para tanto utiliza os meios que atendem a seus princípios de mantência, seja na esfera política ou nas leis que regulam os mercados.

Quanto a América Latina, a influência anglo – saxão continua a pressionar as economias e a usurpar qualquer tentativa de independência mercadista. O que difere a política externa atual do período negro da guerra fria na América Latina é a maior liberdade política que as nações centro e sul-americanas gozam, a questão é, até quando.

A formação de blocos econômicos como os da América Central, Sulamericano, Asiático e principalmente o Europeu obrigaram os Estados Unidos da América a reverem sua política externa. A metrópole americana apressou-se em modificar sua forma de tratamento e a obedecer a regras mínimas do mercado internacional. A antiga via de mão única passou a ser questionada pela lei da oferta e procura o que fez com que nações de pouca expressão dentro do continente americano buscassem outros mercados para exportação e importação.

REFERÊNCIAS

FINLEY, M.I. A economia antiga. Porto: Afrontamento, 1980.

GIORDANI, Mário Curtis. História de Roma.16. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1968.

MENDES, Norma Musco. Sistema político do Império Romano do Ocidente: um modelo de colapso. 1. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.



[1] Latim, Ó sol fecundo, que produzes o dia com (teu) carro brilhante e o encobres, e nasces sempre diverso e sempre o mesmo, oxalá nada contemplar (nos séculos) maior que a cidade de Roma.

[2] Banco Interamericano de Desenvolvimento.

[3] Fundo Monetário Internacional.

[4] Organização das Nações Unidas.


Autor: Mauri Daniel Marutti


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