A Errônea Política Externa do Brasil
O grande problema, consubstanciado quando ele está em território neutro (mais especificamente no Brasil ou em outro país que não esteja politicamente convulsionado) é que, mesmo ali se encontrando, seu Governo apóia as ditaduras de esquerda e condena as de direita, caracterizando, assim, um tratamento desigual dispensado a cada um dos Estados Estrangeiros, e, conseqüentemente, intervenção na política interna dos não apoiados, com a seguida indiferença em relação aos direitos humanos (ou seja, o Governo Brasileiro comete seguidas violações a vários princípios expressos em nossa Constituição - Igualdade de Tratamento entre os Estados, Não-Intervenção e Prevalência dos Direitos Humanos - uma vez que a mencionada seleção ideológica faz de nosso país, necessariamente, parceiro de um escolhido grupo autocrático). Os referidos princípios só não seriam violados se houvesse o igual silêncio para todos ou, preferivelmente, a idêntica condenação, sob a égide da ONU, a quaisquer regimes de força, não importando a que ideologias pertençam. Por que o Brasil age assim? Eis o cenário mundial neste momento:
(a) As ditaduras de esquerda, hoje maioria dentre os regimes autocráticos, têm uma enorme capacidade de articulação e de derrubada de regimes democráticos ou tão brutais quanto, mas ideologicamenteantagônicos, substituindo-os por aliados em comum, especialmente se, em alguns casos, são financiadas pelos petrodólares de um Governo manifestamente socialista, anti-americano, armamentista, e, por tudo isso, promotor da nova “solidariedade terceiro-mundista”, que é o do coronel Hugo Chávez (cujo objetivo final penso ser a completa comunização da América Latina).
(b) O Brasil quer um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Observando, portanto, o aumento substancial de regimes ditatoriais esquerdistas, nosso país a eles se alia sem qualquer restrição, já que temos como derradeiro objetivo o número mínimo de votos na Assembléia-Geral.
Desta forma, o Brasil apóia e se nega, nas reuniões da ONU, a emitir voto condenatório por violações aos direitos humanos contra Governos como os da Venezuela (que vem sistematicamente reprimindo todas as liberdades mais essenciais, como a de imprensa e a sindical), o de Cuba (que não se curva nem diante do sacrifício representado por greves de fome), o da Líbia (apoiador do terrorismo internacional, ainda que Kadhafi tenha se aproximado do Ocidente), o do Sudão (que exterminou cerca de 200.000 pessoas em Darfur) e o do Irã (negador do Holocausto e difusor do ódio), dentre outros, ao mesmo tempo em que permite ao bolivariano Manuel Zelaya, derrubado por militares que cumpriam ordem judicial, usar nossa embaixada em Tegucigalpa como plataforma de incitação à desobediência civil. Enfim: nada, por exemplo, pode colidir com os interesses ideológico-expansionistas do Governo Marxista da Venezuela, ou de seus aliados no Governo do Irã, sob pena de perda de votos.
Por fim, cabe perguntar: ao conseguir o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil usará o poder de veto contra os interesses dos EUA e da União Européia ou se oporá aos Governos anti-democráticos cujos votos agora busca? Nosso escopo final sempre foi a futura utilização do veto como moeda de troca para o alcance de novos mercados. Portanto, os Estados de viés autoritário com quem hoje nos damos tão bem sentirão na pele a máxima preconizada por De Gaulle: “Estados não têm amigos, apenas interesses”. A imagem do Itamaraty, entretanto e de qualquer forma, ficará inevitavelmente comprometida. Dos dois lados.
Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho
Autor: Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho
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