A Amazônia e as Forças Armadas



Há alguns meses, o periódico britânico “The Independent” publicou editorial em que mencionava ser a Amazônia “preciosa demais para estar sob o controle de brasileiros”. É a primeira vez que um veículo de comunicação expõe tão abertamente seu apoio à internacionalização de parte do território brasileiro. Antes disso, dois políticos o haviam feito: o então presidente francês François Miterrand, que afirmou pertencer a Amazônia “à toda a Humanidade”, e Albert Gore, na época vice-presidente dos Estados Unidos, para quem, “ao contrário do que os brasileiros acreditam, a Amazônia não pertence a eles: ela é de todos nós”.

Como vemos, a opinião favorável à secessão compulsória da Amazônia brasileira, em prol de um suposto “benefício à Humanidade”, no interregno de apenas uma geração deixou de ser exclusividade de políticos de alto escalão, que às suas épocas de poder somente não concretizaram tal empreitada por ausência de condições políticas (diga-se, condições justificatórias), para ser desavergonhadamente incentivada pela mídia privada estrangeira.

Entende-se os motivos de tamanha gritaria: os gases causadores do efeito estufa e da aceleração assustadora do aquecimento global são emitidos em todas as partes do mundo, principalmente nos países desenvolvidos, mas estes, para não prejudicarem suas economias e seus níveis de vida, se abstiveram de reduzir suas emissões, conforme lhes obrigava o Protocolo de Kioto (os Estados Unidos nem mesmo o assinaram). Se ninguém reduzir suas emissões, esses países, futuramente, serão obrigados a estabelecer quotas de consumo para seus cidadãos, sob severas penas àqueles que as excederem, a fim de se evitar um apocalipse climático global. E, se eles próprios não querem reduzi-las, querem obrigar quem quer que seja a fazê-lo.

Sua óbvia hipocrisia são justifica o descaso com que nós, brasileiros, tratamos a área, pois muito mais da metade das emissões de gases poluentes geradas no Brasil provém do desmatamento da nossa Amazônia, que tem atingido níveis aberrantes nos últimos anos. Estamos, nós mesmos, criando as condições políticas de que Miterrand e Gore tanto necessitavam, e na época não tiveram, para que seus sucessores intervenham na área – se necessário, militarmente. Não nos esqueçamos, por exemplo, de que em território colombiano há várias bases militares estadunidenses apoiando material e logisticamente o combate às FARC, e que poderiam ser utilizadas para objetivos outros na região.

Para que nós não percamos a soberania sobre a Amazôniabrasileira e suas riquezas – em especial as cerca de 20% de reservas mundiais de água potável, que serão artigo de luxo no futuro - se faz necessária a sua completa ocupação pelas Forças Armadas Brasileiras para a punição rigorosa dos desmatadores, que devem ser submetidos a processo criminal e julgamento perante a Justiça Militar, já que o poder civil tem sido absolutamente impotente em sua obrigação de proteger um patrimônio que, ao revés do que diz Albert Gore, “é de todos nós BRASILEIROS”.

E, para que essa militarização, prisão e julgamento dos desmatadores ocorra, desestimulando qualquer forma de destruição ambiental e recuperando as áreas já degradadas, é imprescindível dotar as Forças Armadas de um atraente plano de carreira, incentivando o ingresso de muito mais efetivos a fim de aumentar substancialmente o número de militares de carreira, mantendo o serviço militar obrigatório àqueles que não pretendem segui-la, adquirir os mais modernos equipamentos de monitoração da área, permitindo-lhes o controle e vigilância completos do que lá ocorre, bem como fornecer às tropas armamento tecnologicamente apropriado a situações de combate, já que excelente treinamento e determinação não lhes faltam.

Se conseguirmos isso, nossas emissões de gases poluentes cairão drástica e dramaticamente, descaracterizando quaisquer condições políticas que viessem a justificar a ocupação militar estrangeira e conseqüente imposição de soberania internacional na região. As potências estrangeiras é que seriam obrigadas a encontrar formas de reduzir suas próprias emissões e, então, a possibilidade de se atenuar a catástrofe climática global seria mais promissora.

Mas, se tais medidas não forem efetivadas urgentemente, poderemos ter séria ameaça não somente à nossa soberania sobre a Amazônia brasileira, mas à própria democracia: algum general, ou grupo de generais, pode conspirar para derrubar o governo civil se a frouxidão com que os desmatadores têm sido tratados não for imediatamente eliminada e se não lhes forem dadas condições materiais bélicas de combater a ameaça estrangeira de internacionalização.

Ontem o inimigo era o comunismo, amanhã será a cobiça à parte mais rica, estrategicamente importante e potencialmente científica do nosso território, e que contém o maior percentual, em todo o mundo, do mais essencial (e, futuramente, cada vez mais raro) elemento sustentador da condição humana: a água potável.

Cabe a nós, portanto, não ficarmos impotentes a ponto de permitir não só a perda de uma parte do território nacional indispensável para a nossa sobrevivência, mas das nossas próprias liberdades e estabilidades políticas, conquistadas a tão duras penas.

Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho
Autor: Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho


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