Intencionalidade da consciência



O método fenomenológico tem em sua principal busca a percepção das essências das coisas na sua forma puramente lógica. Segundo Moreira (2004), a percepção está ligada a captação das coisas através dos sentidos, o fenômeno é essa percepção deste objeto que se torna visível à nossa consciência, a tarefa da fenomenologia é estudar a significação das vivencias da consciência. Ainda segundo Moreira (2004), quando Husserl propõe a “volta as coisas mesmas” interessando-se pelo puro fenômeno, tal como se torna presente e se mostra à consciência. A apreensão, analise e descrição do fenômeno que assim se dá à nossa consciência é a matéria prima da fenomenologia.
Para Husserl (in Krastanov 2009), a consciência é intencional no sentido de que é inteiramente direcionada para um mundo intencionalmente constituído, e ele surge somente quando age com intencionalidade. Tanto o conhecedor quanto a coisa conhecida são componentes da experiência. Sem o ato de atribuir significado à experiência, não haveria sujeito nem objeto. Segundo Cox (2007) A investigação da intencionalidade leva a uma consideração dos objetos intencionais para os quais a consciência é direcionada. Husserl concorda que um objeto intencional é tudo quanto é a consciência dele ou sobre ele, seja ela concebida, imaginada, acreditada ou sentida emocionalmente. Ainda segundo Cox (2007) Um objeto intencional não é um objeto físico. Fenomenologicamente, contudo, um objeto físico é um objeto intencional no sentido de que um objeto físico é caracterizado fenomenologicamente como uma coleção de aparências e não uma coisa física. Da mesma forma que um anjo não é uma coisa física mas de um objeto intencional que consiste de várias aparências.
A qualidade principal da consciência é a sua intencionalidade, por isso Krastanov (2009) nos alerta porque Husserl apela para a volta para as próprias coisas, então a fenomenologia deve partir das próprias idealidades das coisas.


O processo pela qual a essência se revela para o eu filosofante:

Para podermos chegar a pura essência das coisas, devemos suspender o juízo, a nossa formação subjetiva atrapalha a percepção desta essência. Segundo Salanskis (2006) o Apoché ou a colocação entre parênteses, faz-nos pensar na função lógico-matemática do parênteses, que é o de proteger da circunvizinhança, trata-se de estudar o viver em sua complexidade primeiramente de forma separada e independente, para só em segundo tempo tratar a questão de sua validade, de sua correlação com o mundo. Para Husserl, essa redução tem a função de revelar a imanência.


Referencias


MOREIRA, Daniel Augusto. O Método Fenomenológico na Pesquisa, São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

SALANSKIS, J. M. Husserl, São Paulo: Estação Liberdade, 2006.

Sarte, Jean Paul. O ser e o nada, Petrópolis: Vozes, 2008
Autor: Frederico Fonseca Soares


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