Somos todos um pouco Jorge Maravilha



O Roy estava lá. Queria ver de qualquer maneira a Beija-Flor.
Cinco da manhã, chuva, mas o Roy estava lá. Faltava pouco e ele iria ver o Joãozinho Trinta, e afinal a Beija-flor.
Roy era chegado no samba. Aprendeu quando jogava futebol.
Tem tudo a ver futebol e samba.
De futebol sabia tudo, foi ele que me falou em 1987 quando eu voltei do Japão depois de morar lá quase um ano: - Garini no ano 2000 o Japão disputa o campeonato mundial com chance.
- E isso ai, ele manja mesmo de futebol, o Japão disputou a copa de 2000 com chances.
Samba nem pensar. Quem sabe de bola sabe tudo de samba e o Roy sabe tudo de pandeiro. Aprendeu quando jogava no interior.
De repente entra Beija-flor na avenida, Roy já estava todo molhado mas acompanhava o samba, dançando e cantando como se fosse um dos integrantes da escola.Passam carros alegóricos, alas e mais alas e eis que aparece um negro esguio em cima de um carro fazendo embaixada com uma bola. Impressionante, bola no pé, na cocha, no pescoço, mata no peito, põe na testa, desce ao pé sem parar um instante.
Roy olha espantado e comenta com o desconhecido do lado, lá das arquibancadas.
- O que é isso aí , parceiro.
Vira o sujeito, um carioca da gema é claro, e responde.
- Tu não conhece não?
É Jorge Maravilha.
- Mas esse cara com esse toque de bola devia tentar jogar futebol. Afirma o paulista.
Vira o desconhecido carioca e com toda sua carioquice responde.
- Tentar ele tentou. Mas não deu né. Virou foca, olhando pela ultima vez o negro esguio colocando a bola no nariz...
Roy ainda pode ver o tal Jorge Maravilha pela última vez com a bola no nariz.




Ai depois de ouvir esta história fiquei pensando.
Será que o empresário brasileiro não é um pouco Jorge Maravilha.
Tenta, tenta e acaba virando foca, termina com a bola no nariz.
Se não, vejamos nas lojas de produtos, nas empresas comerciais em geral, nas fábricas e nas empresas prestadoras de serviços todos tem uma só reclamação :
- Juros altos elidindo a possibilidade de investimento .
- Muito imposto impossibilitando assim a contratação de pessoal.
Alguns empresários que tentaram acabaram virando foca. Tudo porque o governo achou que gastar é ruim. Quem exporta, teve que adaptar-se a um cambio fictício que parece não se tornar real.
Lojas de departamento estão passando por uma crise, pois os juros para se comprar a prazo são exorbitantes desencorajando qualquer possível aquisição. E nesse caso tanto o vendedor como o comprador os dois viram focas, tentam, mas não dá né.
E é assim que vamos vivendo. As reformas que precisamos não chegam. Continuamos a pagar impostos, os mais caros do mundo e os mais anti-sociais. Continuamos nos defendendo como podemos, pois de qualquer maneira não podemos virar focas. Poderíamos contratar mais empregados, mas os custos dos encargos sociais e os benefícios são escorchantes.
Aí para não virar foca não se contrata. Devemos ter hoje a maior economia informal da América Latina, pois o trabalhador também não quer virar foca.
E assim continuamos, vitimas de mais um plano de governo que se esquece sempre de uma coisa: é a produção que paga a conta, é produzindo que se recolhe imposto, é produzindo que se contrata mais e é produzindo que se pode consumir mais, enfim é com uma política de câmbio e principalmente com uma política industrial que se faz um plano de governo e não com casuísmo.
Por isso este aviso, cuidado, senão todos seremos um pouco Jorge Maravilha prestes a virar foca.
Autor: ANTONIO ROBERTO P GARINI


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