Cliente, vitrine e estoque



Dia desses, enquanto eu caminhava por um centro comercial, a vitrine de uma loja de roupas masculinas chamou minha atenção. Apesar de não referenciar nenhuma data comemorativa, tinha forte apelo visual, denotando, com poucos produtos expostos, entretanto muito bem escolhidos, a proposta comercial da loja. Cores, formas, disponibilização e adereços valorizavam os produtos expostos e, como os preços estavam discretamente expostos de maneira organizada ao lado dos produtos, despertou meu impulso de compra.
Ao entrar, mais uma grata surpresa! O ambiente era adequadamente iluminado e, expositores e araras haviam sido propositalmente bem dispostos, intuindo um caminho imaginário para percorrer a loja. Fácil, sem nada obstruindo a passagem.
A equipe da loja era facilmente percebida por portarem uma etiqueta de identificação presa à blusa, onde claramente lia-se o nome da loja, o nome da colaboradora e a função. Pasmem! A função não era vendedora. Era "consultora de moda". Mais uma vez me surpreendo, pois esta simples mudança de função de trabalho faz a diferença entre vender produto ou dar um salto qualitativo, vendendo mais que um produto: oferecendo uma solução de compra adequada a uma necessidade identificada... Uma solução!
A abordagem foi primorosa, fui notado pela consultora durante alguns momentos, com um semblante calmo e cordial, e ao perceber que me dirigia a ela, imediatamente veio ao meu encontro, iniciando o contato com um simples Bom Dia e uma pergunta clara sobre o que eu buscava na loja.
Percebi profissionalismo e empatia. Nada de riso forçado. Nada de conversa vazia. Mais uma grata surpresa. Tive a impressão que esta consultora que me atendia demonstrava um conhecimento e tinha uma postura desenvolvida através de capacitação voltada ao relacionamento com clientes. Sua linguagem era clara, suas frases objetivas e seu semblante calmo. O tom de voz era agradável. Traje discreto e apropriado, compatível com a proposta da loja. Outra boa surpresa!
Mas... Solicitei á consultora que me demonstrasse uma das roupas que estavam expostas na vitrine, no meu tamanho, que casualmente não é atípico. Estou na faixa do biótipo médio do brasileiro comum. Para minha surpresa: Não tinha! Como assim? Vocês chamam minha atenção pela vitrine, me surpreendem pelo arranjo físico, me encantam pelo atendimento e... Perdem-me pela gestão de estoque!
Uma gestão adequada de estoque é aquela que possibilita oferecer soluções adequadas ao cliente, no momento em que ele deseja, evitando manter produtos que clientes já não mais desejam ou perder vendas pela indisponibilidade de estoque.
Uma gestão eficaz permite que se mantenham estoques adequados a realização de vendas, permitindo até mesmo uma pequena margem de excesso, evitando perda de vendas pelas faltas.
Quando os estoques são mal dimensionados pelos excessos, parte do capital de giro da empresa vai lá para dentro dos estoques e quando se faz isso, muitas vezes a empresa fica sem fôlego para efetuar pagamentos com empregados, aluguel, etc.
Em minha opinião, pior que o excesso de estoque é a falta dele pois, muitas vezes, o cliente não aceita outra solução para a necessidade específica que está buscando. Essa foi a minha decisão neste caso. Fiquei tão frustrado pela falta do produto pelo qual me interessei, que fui buscar o mesmo produto na loja do concorrente.

autoria: Reinaldo Miguel Messias
em Julho/2009
Autor: Reinaldo Miguel Messias


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