Relação entre empregador e empregado



Antes de tudo, é necessário que se saiba dois conceitos, para que se possa falar na relação entre empregador e empregado. O primeiro é o conceito de empregador, que é aquele que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Já o segundo, é o conceito de empregado, que é toda pessoa física que presta serviço de natureza não eventual a empregador.
O trabalho deve ser considerado como uma essência na vida do homem, pois é por meio dele que o ser humano se relaciona com a natureza, transformando-a em bens que acarretam valores, ou seja, é a relação do homem com o mundo, pela qual aquele transforma este, valorando-o, e este valor atribuído pelo homem ao mundo faz com que ele retire sua subsistência do mundo.
O trabalho pode ser realizado de forma livre, isso acontece quando o trabalhador se torna uma espécie de comerciante do produto de seu trabalho, podendo, também ser realizado de modo coagido, isto é, quando o trabalhador é impelido por alguém a produzir algo. A exploração dos trabalhadores era pautada em justificativas de cunho religioso e político. Com a ascensão da burguesia ao poder, este tipo de exploração que antes se escondia por trás de máscaras, tornou-se uma exploração aberta, desavergonhada, escancarada, direta e seca.
Ao passo que a produção foi aumentando, o mesmo ocorreu nas relações entre empregado e empregador. O empregado tornou-se produto de uma relação que o obriga a vender sua mão-de-obra todos os dias, transformando-a em uma mercadoria que se encontra à disposição da burguesia no mercado. A mão-de-obra, assim como as outras mercadorias, passa a ter o seu valor equivalente aos dos meios de sobrevivência e reprodução do operariado. Junto ao maquinário, forma um exército de produção, tornando-se escravos das máquinas e dos donos das indústrias. O valor atribuído ao esforço de um trabalhador acaba sendo aquele preciso à subsistência necessária para se manter e se reproduzir.
Massas de trabalhadores, concentradas na fábrica, são organizadas militarmente. São oprimidos todos os dias pela máquina, pelo supervisor e, sobretudo, pelos próprios danos de fábricas. Nem mulheres e tampouco crianças pequenas são poupadas. Diferenças de sexo ou de idade não têm mais qualquer relevância social para a classe trabalhadora. O que há, é só instrumento de trabalho. A exploração aberta e mesquinha faz com que pessoas trabalhem em turnos exaustivos de até 18 horas, e muitas das vezes, em locais totalmente inapropriados sem ventilação ou iluminação, em outras, não oferecem nenhuma segurança ou garantia às suas vidas, ou qualquer tipo de condição humana.
Isso não é o pior aspecto da relação entre o trabalhador e seu trabalho. As condições à que são expostos graças ao desejo de lucro de seus empregadores causa algo muito pior aos funcionários, que é a alienação que tem um sentido negativo, onde o trabalho, ao invés de realizar o homem, o escraviza, ao invés de humanizá-lo, o desumaniza, mortificando seu corpo e arruinando sua mente. Essa relação perversa não permite que a realização humana, tampouco sua emancipação. É óbvio que não se pode colocar essas críticas em toda e qualquer tipo de relação de emprego, mas àquelas que não respeitam o homem como ser humano dotado de direitos e garantias.
As formas tradicionais de produção afeta os trabalhadores de forma profunda. A execução do trabalho aparece tanto como uma perversão que o trabalhador se perverte até o ponto de passar fome, sendo despojado até mesmo das coisas mais essenciais da vida.
O trabalhador não possui os mecanismos necessários para seu serviço. O burguês é o dono da fábrica, é quem detém os meios de produção. Isso intensifica a dependência do proletário para com o seu empregador, que além de deter os meios de produção, possui o trabalhador como seu escravo. O operário não é apenas explorado por seu empregador, mas sim por toda uma classe, e esta é a classe burguesa. Ainda que seja por meio de acordos entre empresários, pela conquista de novos mercados ou a busca pelo desenvolvimento de novas tecnologias, a burguesia penetra em todas as esferas do mundo real social capitalista, mantendo o trabalhador acuado.
Se o empregado visasse o seu desenvolvimento, haveria uma tomada de consciência por parte dele e de suas reais condições de trabalho. É com a sua própria subsistência que começa a luta contra a burguesia, o que de início começaria de forma individual, mas podendo mudar quando o trabalhador se organizasse em associações e sindicatos, para que as exigências que são feitas em busca de melhores condições de trabalho fossem obedecidas.
À medida que a produção aumenta, as condições dos empregados permanecem as mesmas, fazendo com que seja mais perceptível as desigualdades entre os modos de vida da classe burguesa e da classe operária, abrindo cada vez mais, espaço entre esse abismo.
Percebemos que a realidade entre empregador e empregado não está distante da ficção ao observarmos um programa de televisão humorístico. Para ser ou se tornar um bom patrão, não é necessário se transformar em um monstro cruel, frio e incapaz de entender qualquer sentimento ou situação. Um “bom dia, tudo bem, como vai”, pode mudar, positivamente a imagem do chefe, tornando-o uma pessoa simpática, agradável, que além de se preocupar com a produção de sua empresa, preocupa-se também como próximo. Os chefes, empregadores, não podem esquecer que a simpatia gera respeito e este, por sua vez, melhora a relação patrão/empregado e, consequentemente, aumenta a produção, pois desse respeito terá um empregado que tem consideração com o empregador, pensando sempre na ideia de ajudar a melhorar os serviços que tem de prestar. Agradar o funcionário ajuda na produção do trabalho, pois o empregado terá mais entusiasmo e satisfação em executar as suas tarefas. Deixando assim, a figura do homem de cara feia que reage aos berros para programas de tv.
Não devemos nos esquecer que todo empregado é um trabalhador, mas nem todo trabalhador é um empregado. Este em relação à empresa, tem a impossibilidade de agir por sua conta ou sem uma autorização, e isto acontece justamente em decorrência do vínculo de trabalho que limita a sua capacidade de agir, ainda que seja em estado de gerência.
A introdução do trabalhador no ambiente de trabalho não lhe tira o direito da personalidade, assim, os valores materiais, tais como prejuízo de um furto numa empresa em uma revista íntima não deve se sobrepor aos valores pessoais, como a dignidade da pessoa humana, pois esta é colocada como um dos valores supremos da pessoa humana.
Portanto, dizer que o empregador dirige a prestação de seus empregados, não significa que aquele deve exercer o seu poder de empresário, o que em algumas relações acontece até de forma coercitiva. Deve ser sim, com boa fé objetiva, de forma ética e solidária, respeitando os seus empregados como pessoas dotadas de dignidade humana.
Autor: JACKSON TIAGO ROMERO


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