Conflitos "Inter-irracionais"



A nossa história nos mostra a capacidades do homem em causar sofrimento ao próximo para conquistar poder, impor aos outros suas vontades e, às vezes, somente às vezes, para defender a si e a sua comunidade. A maioria dos conflitos internacionais é alimentada por questões de interesse político e financeiro. Isso explica o entendimento do filósofo Tomas Hobbes, que pensava que as leis são criadas não somente para reger e organizar as relações sociais, mas também porque “o homem é mau por natureza”. Confrontando com as afirmações de Hobbes, Jean Jacques Rousseau diz que “tudo que vem da natureza é bom”, defendendo que o homem passou a agir de maneira destrutiva quando perdeu seu estado de natureza. No entanto, não cabe aqui discutir se o homem é naturalmente mau ou se tornou por conveniência. Precisamos saber o que realmente o ser humano quer com tantos conflitos e se os meios utilizados justificam as barbaridades oriundas desses confrontos.
Há uma série de conflitos internacionais registrados em nossa história. Alguns destes conflitos serão citados e comentados neste artigo para que o leitor possa ter noção da proporção da ambição humana e tente entender aonde o homem quer chegar com tanta truculência.
A segunda guerra mundial, um dos conflitos internacionais que mais aterrorizaram o mundo, é um bom exemplo para observarmos que o homem não se importa com a dimensão da dor alheia quando quer atender aos seus anseios. Neste episódio, houve conflitos com armas nucleares, uma disputa por poder absoluto, a tentativa de conquistar o mundo por Hitler e seus aliados e, em conseqüência disso tudo, os americanos arremessaram uma bomba em Hiroshima, os alemães mataram milhões de judeus e ciganos nos campos de concentração entre outras atrocidades que uma mente, em perfeito estado e compatível com a natureza humana, não seria capaz de compreender.
Notamos que, continuando o homem a seguir esta direção, nossa história tende a tomar um caminho inverso ao desenvolvimento tanto em relação à evolução social quanto ao respeito aos direitos humanos.
Outro episódio, também importante para demonstrar a arbitrariedade de países que impõe seus interesses a outro, é a invasão do Iraque pelos Estados Unidos. Nesta ocasião, é visível, e foi muito questionado, que o interesse dos Estados Unidos ia além da intenção de se defender de uma ameaça que, diga-se de passagem, não foi confirmada com provas confiáveis.
Então, podemos concluir que, conforme mostra a História, o homem é incapaz de atender primeiramente aos interesses coletivos, deixar os seus próprios interesses em segundo plano e, acima de tudo, respeitar e amar o semelhante. E isso é fato que se manifesta em estado de incoerência em relação à convivência social, pois mediante a necessidade do homem em viver em sociedade, é necessário que os interesses particulares sejam compatíveis com os sociais, assim o indivíduo pode evoluir pessoalmente e sua evolução contribuirá diretamente para que ocorra um avanço social satisfatório.
Contudo, o homem mau deve ser submetido às leis feitas para proteger a si e aos outros de suas próprias atrocidades, mas o homem bom, ouvindo a razão existente no íntimo do seu coração, estará acima da lei, pois esta não atingirá aquele, já que sabe agir corretamente e, consequentemente, sua atuação corresponderá às expectativas da justiça tanto na sociedade em que vive quanto no mundo que divide com outros povos. Vale ressaltar que, embora tenha consciência do justo, o homem é possivelmente corruptível, sendo necessária a manutenção das leis, no entanto estas devem estar em conformidade com os princípios da justiça e dos bons costumes.
Autor: Luciana Antonio Silva


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