Ensino médio brasileiro: Paternalismo exagerado e falta de maturidade



Quando eu entrei na universidade, Unicamp, todo mundo me dizia: Olha, Octávio, agora você vai sentir uma grande diferença nessa transição de ensino médio para superior. Pois é, senti, mas eu pergunto: Para quê passamos por isso? Não seria muito mais interessante já irmos passando aos poucos, já no ensino médio?

No 2º grau, os alunos são tratados como crancinhas, recebem tudo já mastigado, não podem sair da sala durante a aula, tem que responder chamada para o professor, em vez de assinar lista, enfim, todo esse tratamento para indivíduos de 15 anos em diante, capazes já de serem pais, inclusive!

Infelizmente isto é uma característica do Brasil: Nos EUA, em Portugal, e em vários outros países, o tratamento do ensino médio já é mais "maduro": Alunos podem, assim como na faculdade, sair da aula sem dar desculpas para ninguém, por exemplo.

Será que teremos que aturar até quando esse paternalismo por parte das instituições de ensino? Qual o problema de se passar uma lista de presença em vez de chamar um por um? Vão dizer que é porque alguém pode faltar e o outro assinar...ora, e daí? Cada um já tem sua responsabilidade. Está assinado e não foi na aula, então não pode argumentar que não viu a matéria, correto?
Já está na hora das escolas pararem de subestimar os alunos e deixá-los amadurecerem, pois, do jeito que são tratados, estão a cultivar verdadeiras criancinhas mimadas, que quando chegam na faculdade, esperam que o professor passe tudo, em vez de correr atrás da matéria, não sabem se portar, entre outras coisas.

Caso fosse dada maior confiança aos alunos, de certeza eles fariam bom uso dela. Exemplo: Se um aluno "sacaneasse" a lista de presença, ele seria repreendido pelos seus próprios colegas! Além disso, só de se dar na mão, confiar a ele isto, já o intimida. É igual no caso de um filho "irresponsável" : É pior não permitir ele dirigir, e deixar a chave do carro em cima da mesa, do que chegar nele e dizer: - Meu filho, aqui está a chave do carro, pode usar, confio em você. Ele se sentirá intimidado, e será muito mais responsável do que se fosse impedido, - pois aí pegaria a chave escondido e não se sabe o que faria -.

Com este exemplo eu reforço que se confiarmos mais, e já dermos o mesmo tratamento do ensino superior, já aos alunos do médio, de certeza os alunos serão mais comportados, as aulas mais produtivas - já que quem não quer assistir poderá sair, em vez de ser obrigado a permanecer e conversar, atrapalhando os colegas.

A culpa do bagunceiro, do desinteressado, é, em grande parte, da instituição, que faz com que seja desinteressante, como isto que acabei de dizer: A obrigação de permanecer em sala é a grande causa das conversas paralelas durante uma aula.

Portanto, minhas sugestões para o ensino médio:

-Menos aulas "mastigadas" e ajudas do professor, forçando o aluno a correr atrás.
-Matérias "isoladas"; Problemas com professores e/ou notas baixas em uma matéria, não afetam outras e nem impedem a progressão do aluno (apenas impedem a conclusão, até que seja suprida a nota da matéria faltante). No modelo atual, se um aluno briga com um professor, o aluno acaba sofrendo problemas com outros, ou até mesmo sendo barrado de ano. Se ele repete em algumas matérias, é impedido de ir para o outro ano, em vez de ir e ficar devendo matérias.
-Fim de "chamadas". Uso de lista de presença nas matérias.
-Fim de provas em dias alternados. Estabelecimento de "semana do provão" para acostumar os alunos com vestibular e facilitar a agenda dos mesmos, não conflitando prova de uma matéria com trabalho de outra, em dias diferentes, atrapalhando quem trabalha, por exemplo.
-Fim da obrigação de permanência em sala e necessidade de se pedir ao professor para poder sair.
-Fim do paternalismo. Por exemplo, o aluno não fez o trabalho? Ok, pronto, acabou. Nada de ficar dando bronca, insistindo para que ele faça. Nada também de ficar lembrando a todo momento o dia da entrega. Deixe as pessoas aprenderem a ter responsabilidades
-Fim de lugares (onde os alunos sentam) pré-estabelecidos por professores
-Menos trabalhos, que na verdade só servem para enrolar e ajudar o aluno a passar de ano sem saber a matéria.

Bom, espero que eu possa transformar essas minhas idéias, quem sabe um dia, em um TCC.
Autor: Octávio Fonseca


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