Curso Técnico em Segurança do Trabalho



A proliferação indiscriminada dos Cursos de Formação de Técnicos em Segurança do Trabalho já ocasiona conseqüências desastrosas.

Foi devido ao grande número de e-mails recebidos contendo reclamações de ex-alunos dos Cursos de Técnico em Segurança do Trabalho, promovidos principalmente no Estado de Pernambuco, que resolvi editar este artigo.
Alegam alguns desses formandos terem sido enganados pelas entidades de ensino, quando passavam informações excelentes sobre o mercado de trabalho e os salários praticados nessa profissão. Ao concluir o curso, se depararam com a triste realidade: Não há demanda suficiente para absorção dessa mão de obra e os salários caem com a oferta de profissionais. Após investirem tempo e dinheiro nos estudos, cuja duração é de um ano e meio, não conseguem o estágio curricular obrigatório para obtenção do certificado. Estima-se que cerca de noventa por cento dos Técnicos que terminam os estudos não conseguem sequer esse estágio. Antonio (nome fictício) formou-se faz dois anos e ainda não conseguiu seu estágio curricular. “Saio todos os dias, deixo currículo em tudo quanto é canto e ainda não consegui nada”, reclama o frustrado pretendente. Noutro caso, os alunos freqüentaram cursos que não são reconhecidos pelo MEC. “Somente após a conclusão é que percebemos que fomos ludibriados”, comenta outro concluinte revoltado.
Outro problema grave é a baixa capacitação técnica dos profissionais. Tenho recebido também muitas reclamações por parte dos administradores das empresas. Em uma delas o gerente comenta: “Recebemos noventa e dois currículo para uma seleção; Dos noventa e dois candidatos, trinta e oito cometiam erros graves de português e o restante não sabiam a diferença entre os agentes nocivos; E quando é exigida alguma especialização, como o conhecimento de normas de certificação, a coisa complica ainda mais”. A verdade é que não há profissionais que atendam a demanda e tampouco demanda que atenda aos profissionais.
Por estar na moda e não necessitar de grandes investimentos para instalação, diversas escolas resolveram oferecer o Curso Técnico em Segurança do Trabalho como solução para o desemprego daqueles que obtiverem certificado nessa área. O apelo é enorme. Mostram fotos de modelos bem vestidos, de paletó e gravata, apresentam patamares salariais exorbitantes, dentre outras vantagens. Os professores por sua vez são mais instruídos a motivar o aluno a permanecer no curso do que lecionar as cadeiras necessárias ao futuro desempenho das funções. As avaliações não passam de piadas de mau gosto. Perguntas primárias como “Qual a cor que absorve mais luz?” ou “Qual o aparelho que mede o ruído” integram o “rigoroso” leque de questões técnicas.
Algumas escolas foram abertas exclusivamente para atender essa “demanda profissional”, ou seja, ministram apenas esse curso.
Tenho encontrado Técnicos que não demonstram o menor interesse pela prevenção. Insistem em passar os dias enrolando. Prestam um desserviço a empresa e contribuem para o adoecimento e prejuízo da integridade física dos trabalhadores. Vislumbram tão somente o recebimento do salário.
Esses são os que mais reclamam. E como reclamam.
Meu primeiro contato com Segurança do Trabalho ocorreu quando laborava como Técnico em Mecânica, minha primeira formação. As constantes intervenções dos profissionais de segurança em minhas atividades acabaram ocasionando o meu interesse pela profissão. Foi paixão instantânea. Minha afinidade com a área foi tão grande que em menos de dois anos consegui me formar e abandonar a mecânica para sempre. Tudo isso para ganhar três vezes menos do que ganhava na outra profissão. È sabido que nessa área os salários são sempre menores que os das demais áreas de mesmo nível, inclusive nas empresas públicas. Posteriormente, cursei faculdade de matemática, mas não tive coragem de migrar para outro ramo.
Quando sou questionado por algum candidato sobre se deve cursar Segurança do Trabalho, conto minha história e pergunto o motivo de pretender tal formação. Se a resposta for amor a profissão, aconselho que faça, estude muito, vença as barreiras e tenha sucesso.
Caso a resposta seja apenas conseguir emprego e ganhar dinheiro, aconselho a não cursar. Certamente terá uma grande decepção e no futuro irá encher minha caixa de e-mails com lamentações e xingamentos a respeito da profissão.
Ser prevencionista nesse País é algo muito árduo e espinhoso. É mais que uma profissão, é uma missão. O aludido profissional não pode ser dado ao fumo ou ao álcool, pois irá encabeçar campanhas contra tabagismo e etilismo dentro das organizações. A vocação é essencial, como é para os médicos ou os professores, por exemplo. Por esse motivo o êxodo profissional é muito grande. Pense muito antes de enveredar por esse campo.
Esse é o requisito indispensável a todo aspirante da Segurança Ocupacional. Um abraço e muito sucesso aos verdadeiros prevencionistas do Brasil.

Veja artigo publicado pelo SINTESP - Sindicato dos Técnicos de Segurança no Estado de São Paulo, site:

http://www.sintesp.org.br/index.php?sub_corpo=noticias&id_coluna=1&id_materia=261

Coluna: Boletim
Caos Do Sistema De Ensino É Caso De Policia?


Caos do Sistema de Ensino é Caso de Policia?


Na recente campanha política para Presidência da República, foi evidenciado a precarização do sistema de ensino, o que infelizmente já está instalado na nossa área, apesar de todo o nosso empenho, a saber: A qualidade dos cursos de formação de técnico em segurança do trabalho, vem sofrendo impacto massificante e sendo mercantilizado por Entidades de Ensino “salvo algumas exceções”, tendo como a principal evidência, o salto de 12 estabelecimento que ministravam este curso há 10 anos, para as atuais 230 escolas no Estado de São Paulo, na contra mão do mercado de trabalho restritivo, configurando como situação socialmente irresponsável e de enganação dos consumidores, sabendo que as expectativas de salário inicial, induz os pretendentes à escolha do curso profissionalizante de técnico em segurança do trabalho, sem a devida informação previa. Temos um dos maiores índices de desemprego ou de profissionais atuando em outras áreas na ordem de 30%, chegando ao absurdo de constatarmos que turma de 30 Técnicos de segurança do trabalho de uma classe de escola, formados a quatro anos, não tendo até o momento nenhum deste grupo exercendo a profissão. Esta situação só não é pior, do que as buscas fraudulentas do Registro Profissional que é emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, até a criação do nosso Conselho de Classe. O mais preocupante é a inoperância dos Conselhos Federal e Estadual de Educação, sabendo que, com a atual LDB Lei de Diretrizes de Base, os CE passaram a ter autonomia para liberar os cursos técnicos, o que vem ocorrendo como um Cartório, protocolando e autorizando qualquer requerimento sem levar em consideração a real estrutura do estabelecimento de ensino e o fato que pertencemos a área da saúde, o que jamais deveria autorizar cursos a distância, estimando estas iniciativas e nos causando grandes transtornos no combate a estes cursos caça-níquel. Lembrando que os critérios de matriz curricular do técnico de segurança do trabalho deve ser de critério mínimo nacional, adaptado as realidades regionais, com conteúdo programático e atividades de laboratório. Para contribuir de forma objetiva para sairmos desta lacuna, o Sintesp elaborou uma grade e matriz curricular e disponibilizou para o sistema de ensino, MTE e Conselhos de Educação.
Como não bastasse estes desvios no sistema de cursos de formação, alguns especuladores fingindo-se de desinformados, mas na verdade ao sentir o esgotamento deste riacho, passam a oferecer outras modalidades como tecnólogos em segurança do trabalho, com a tese de que a tendência, é a função de nível técnico tende a ser substituído por nível superior, neste caso estão cometendo dois equívocos. O primeiro é que se a solução para a área fosse a formação superior não seria necessário criar uma nova profissão, bastaria acabar com o técnico de segurança e deixar o espaço para o Engenheiro de Segurança, o segundo equivoco, é a criação de uma nova profissão “Tecnólogo de Segurança” que não tem a menor “possibilidade” de ser regulamentada, por conflitar com outras profissões já existente, no caso o Engenheiro e o Técnico de Segurança, na verdade o que o mercado de trabalho precisa é de especialistas por segmento de atividade, ou seja, técnico de segurança pode e deve especializar-se, por exemplo: no setor da Industria da construção civil, químico ou petroquímico, eletricitário. Sendo que o MEC reconhece como especialização pós-técnico, cursos com duração de no mínimo 20% da cargo do curso de formação, ou seja a nossa especialização deve ser de no mínimo 240 horas, critério este que vários estabelecimento de ensino já está adotando, a exemplo do SENAC, com total perspectiva de bons resultados.
Portanto devemos como principais interessados na qualidade da Formação do Técnico de Segurança do Trabalho, interagir junto ao sistema, preservando o futuro e a qualidade da formação e principalmente em respeito a saúde e segurança do trabalho para os trabalhadores que serão as vítimas da má formação deste profissional.


Armando Henrique
Presidente SINTESP
Autor: Heitor Borba


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