Como Abordar A Percepção Visual



Ana Zeferina Ferreira Maio
Lidiane Dutra

Durante quase três séculos as questões referentes ao espaço e ao tempo no estudo da percepção visual resumem-se a duas grandes abordagens: a analítica e a sintética.

A abordagem analítica nada mais é do que a análise dos estímulos da luz em nosso sistema visual, levando em consideração cada aspecto isoladamente, a fim de que correspondam a diversas características da percepção real. Essa abordagem caracterizou-se pelo estudo da estrutura cerebral, que constatou a existência de células que desempenham funções chamadas elementares.

As principais teorias que representam a abordagem analítica são as teorias combinatórias da década de 1960, também conhecidas como algorítmicas. Essas teorias apóiam-se na idéia de que a informação contida em nossa retina é insuficiente para percebermos a totalidade das coisas no espaço. Por isso considera em suas combinações ou algoritmos que existem variáveis intrínsecas, isto é, aquelas produzidas pela informação contida na retina e as variáveis extrínsecas, ligadas a fatores como, por exemplo, a memória.

A abordagem sintética vai de encontro aos postulados da abordagem analítica, e acredita que a informação contida na retina é suficientemente necessária para a nossa percepção das coisas no espaço. Essa abordagem recebeu apoio do inatismo desde meados do século XIX, que se opõe às teorias que pregam uma aprendizagem da visão.

A partir da década de 1950, com as pesquisas de J. J. Gibson, a abordagem sintética passou a ser reconsiderada através da teoria psicofísica e, mais tarde, com a teoria ecológica da percepção visual. Essas teorias concebem as transformações ocorridas na retina como um todo inseparável, incapaz de ser analisado. Partindo desse pressuposto, a abordagem ecológica acredita apenas na percepção natural das coisas, renegando as pesquisas realizadas em laboratório. Gibson acredita que cada imagem projetada na retina provoca uma percepção única a partir das variáveis dessa percepção, daí o centro da teoria girar em torno da noção de variável complexa.

Para Gibson, nosso aparato visual não se restringe a decodificar dados nem construí-los, mas extrair as informações pela via direta da percepção visual.

Qual é a melhor abordagem?

Ambas as teorias têm validade enquanto não forem desmentidas e podemos utilizá-las de acordo com nossas necessidades, levando em consideração que na ciência contemporânea as duas abordagens, tanto a analítica quanto a sintética são passíveis de veracidade.

Mesmo assim, embora toda a discussão científica em torno da percepção seja válida, acaba deixando de lado a relação entre o que é percebido e o sujeito que percebe, sem conexão com mundo no qual estamos.

Em conseqüência disso, o ensino da percepção visual se afastou das origens filosóficas, reduzindo a experiência perceptiva aos desempenhos da visão. O ato de olhar foi trocado pelo simples ato de ver. Isso implica na aplicação de uma nova prática da percepção visual.

Referências:

AUMONT, Jacques. A imagem. São Paulo: Papirus, 2006.

MAIO, Ana Zeferina Ferreira. Um modelo de núcleo virtual de aprendizagem sobre percepção visual aplicado às imagens de vídeo: análise e criação. 2005. 223f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

Autoria:
Ana Zeferina Ferreira Maio
Lidiane Dutra

Autor: Lidiane Dutra


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