Um país sem educação e tolerante à corrupção



A pesquisa Inaf do IPM - Instituto Paulo Montenegro - evidencia a situação precária do ensino no país. 68% [dos brasileiros] são considerados analfabetos funcionais, e 7% de analfabetos absolutos; isto significa que 75% dos brasileiros não conseguem ler e interpretar textos.

Apenas 26% dos brasileiros com idade entre 15 e 64 anos têm domínio pleno da leitura. Outros 68% são considerados analfabetos funcionais, ou seja, identificam letras e palavras, mas não conseguem usar a leitura no cotidiano. Com os 7% de analfabetos absolutos, são cerca de 75% com deficiência de leitura. Os números (que estão com percentuais arredondados) estão no 5 Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf), coordenado pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM), braço social do Ibope, e pela ONG Ação Educativa.

Os altos índices de repetência, professores com baixa qualificação, distorções salariais, falta de investimentos, desinteresse dos governos federal e estadual, é a radiografia educacional do Brasil que mostra um país em sintonia com as nações mais atrasadas do mundo.

Baixo salário, entretanto, não significa pouco trabalho. Segundo a pesquisa, os professores brasileiros estão entre os que lidam com o maior número de alunos em sala de aula. No Ensino Médio são 38,6 alunos por professor, e 30,1 nas turmas de primeira à sexta série. As turmas de sétima e oitava séries também são lotadas: são 33,7 estudantes por professor, a tendência é piorar. Segundo a Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação, pelo menos 1 milhão de docentes brasileiros estão em fase de se aposentar. Para completar, os baixos salários não estão atraindo jovens para a carreira.

A pesquisa também mostra que a qualificação do magistério no Brasil é bastante precária, apenas 22% dos que lecionam no Ensino Fundamental ingressaram em uma faculdade.

Entre os países latinos, o Brasil é o que tem a mais elevada taxa de repetência no segmento de primeira à sexta série - 25,1%. Em segundo lugar aparece a Tunísia, com 18,3%. A taxa de primeira à sexta série na Argentina é de 5,3%; de 3,2% no Chile; 8,6% no Paraguai; 9,8% no Peru; 8,4% no Uruguai. Em todos os outros segmentos escolares, a repetência do Brasil também é maior, em relação aos países latinos. No segundo segmento do Ensino Fundamental (sétima e oitava séries, segundo divisão da pesquisa) e no Ensino Médio, os índices não são os maiores entre os países pesquisados, ainda assim são muito elevados - 15% e 18,1%, respectivamente. A taxa de repetência no ensino médio brasileiro só perde para a Tunísia, que tem avançados 23,9%.

Para o Inep- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, isto tem como causa o alto índice de reprovação, já que repetir de ano desestimula o retorno à escola. O MEC lembra que a repetência caiu em 2000 para 21,6%, o que não tira o Brasil do posto de pior entre os países pesquisados.

Os números melhoram com a adoção, por alguns estados, do sistema de ciclos e da aceleração da aprendizagem. No primeiro sistema os alunos só são avaliados no fim do ciclo e não da série. Na aceleração, é tolerado que os estudantes pulem séries, método duramente combatido no meio acadêmico. Para muitos educadores, esses sistemas melhoraram o ranking brasileiro nas estatísticas, mas não têm compromisso com a apreensão de conteúdo, ou seja: com o aprendizado. (Folha Dirigida)
Os brasileiros na faixa etária de 25 a 34 anos, classificados como população adulta jovem, 24% concluíram o ensino médio e 6% terminaram o nível superior. Outros 70% têm, no máximo, o ensino fundamental, sendo que 5,5% não possuem qualquer grau de instrução. A desigualdade regional quanto ao grau de formação da população brasileira é marcante.

Enquanto no Sudeste 34% da população de 25 a 34 anos têm o ensino médio ou superior, no Nordeste apenas 23% dos adultos jovens têm essa mesma formação. Por outro lado, 3% no Sudeste não possuem instrução, contra 12% no Nordeste.

Entre as unidades da Federação, também há significativas discrepâncias. Em alguns estados, como: Amazonas, Amapá, Maranhão, Piauí, Ceará, Alagoas e Bahia, menos de 3% da população têm a educação superior. Ao mesmo tempo, no Distrito Federal, em São Paulo e no Rio de Janeiro, mais de 8% têm essa formação. Apesar das diferenças, o índice da população com nível superior estão bem abaixo dos indicadores mundiais. Para vencer esse obstáculo, que é um empecilho ao desenvolvimento econômico, social e cultural do País, especialistas afirmam que, além de garantir o acesso à escola, são necessárias as permanências no sistema de ensino, a progressão entre séries e a ampliação da oferta de vagas na rede pública de educação superior.

Igor Paim, servidor público e especialista em ciência da computação, afirmou em um de seus artigos “que a tolerância à corrupção revela outro desvio: o brasileiro é patrimonialista e aceita com naturalidade que os políticos se apropriem dos bens públicos: 30% dos brasileiros definem como ”’favor”’, e não como corrupção, um funcionário público receber um presente de uma empresa, depois de ajudá-la a ganhar um contrato do governo - o que já é surpreendente. Mas entre os analfabetos, esse porcentual sobe para 57% (no nível superior, só 5% opinam assim).”

Continua Igor Paim,”do mesmo modo, 17% dos brasileiros concordam que alguém eleito para um cargo público possa usá-lo em benefício próprio, como se fosse sua propriedade; mas entre os analfabetos, a concordância chegou a 40% e entre os que têm até a 4ª série, foi de 31% (entre os que têm nível superior, só 3%).”

“Outro valor que impregna os brasileiros de baixa escolaridade é uma tendência inflexível de apoiar a intervenção do Estado na economia e na vida dos indivíduos, apesar de reconhecerem que o Estado é mais ineficiente que a empresa privada e a despeito de concederem melhor avaliação às instituições privadas do que às governamentais.”

Voltando à pesquisa inicial, se esta percentagem estiver correta, 75% dos brasileiros não conseguem ler e interpretar textos, estamos em uma condição que favorece a aqueles espertalhões, oportunistas, políticos e mal intencionados vendilhões da pátria em benefício próprio, que continuarão com suas práticas e políticas públicas danosas à nação.

Isso nos deixa apenas 25% ou menos da população com condições de defender ou expressar alguma reação contra esses parasitas que tomaram conta do país e impedem o desenvolvimento educacional e cultural.


Autor: Cláudio Raza; Administrador de Empresas, Economista, Contador, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas para Negócio, Palestrante, Mestrando em Educação, Administração e Comunicação, com ênfase em Políticas Públicas, Professor Universitário, parceiro do Núcleo de Desenvolvimento Profissional da Câmara Alemã, mais de 35 anos assessorando empresas.
site: www.razaconsulting.com.br e E-mail: [email protected]
Autor: Claudio Raza


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