Uma Crítica ao Ensino Superior de Graduação, Pós Graduação e Mestrado.



Adolfo Calderón, em artigo na revista São Paulo Perspectiva, comenta que “com a chegada das universidades mercantis, pode-se afirmar que se institucionalizou o mercado de ensino universitário”. A disputa pelo cliente tornou-se motivo de uma batalha sem precedentes entre as instituições. Nunca se viu tanto marketing e propaganda para conquistar o cliente.

Em um mercado cada vez mais agressivo, é forçoso não dispender investimentos à toa, ou então, priorizar os recursos. Ora, é justamente aqui que aparece o problema da contratação e manutenção do corpo docente. Em muitas das instituições privadas de ensino superior o docente é contratado como horista, reduzindo seu trabalho a cumprir o horário estabelecido e cumprindo a ementa a ele delegada.

Acontece que, justamente, por ser horista ele não terá tempo e condições para um compromisso maior com a instituição, pois se verá obrigado a vender sua “força de trabalho” a tantas instituições quantas forem necessárias para um sustento digno de sua vida.

Hoje tenho melhores condições de avaliar e criticar o ensino universitário, por lecionar em cursos de graduação e pós-graduação, fazer mestrado e participar de Fóruns de Debates sobre o ensino; lógico que não podemos generalizar, pois existem excelentes Faculdades e Universidades que primam pela qualidade no ensino, mas a grande maioria deixa a desejar.

Estas não estão preocupadas em avaliar, reestruturar e dinamizar o ensino, verificando o que o mercado necessita, tanto nas empresas como também na preparação e formação de novos professores.

Na Graduação acredita-se que o jovem profissional estaria preparado para o mercado de trabalho, engano total, pois este já vem do ensino médio com deficiências de matemática, língua portuguesa e conhecimentos gerais.

O que poderia ser modificado nas diversas graduações é trazer mais a parte prática das empresas, escolas, hospitais, etc., dependendo da área escolhida; outra questão, independente da área, acrescentar noções das disciplinas, Contabilidade, Direito e Economia, pois ajudaria na formação do profissional.

As disciplinas de Empreendedorismo e Criatividade, já deveriam fazer parte do primeiro ano de Graduação, também independente da área de escolha, pois ser empreendedor e criativo não se refere só à Administração de Empresas.

Outra novidade nociva é o ensino a distância que visa distanciar ainda mais o aluno da escola e do contato direto e constante do mestre.

Quanto a Pós Graduação, também a grande maioria das instituições não inovam e repetem, em grande parte o que já foi dado na graduação, com alguma coisa nova ou alguma prática dependendo da experiência do professor.

Se a Graduação fosse mais bem avaliada, pois tem tempo suficiente para melhorar a quantidade e a qualidade, a Pós Graduação, perderia sua finalidade, mas como a graduação é muito fraca, necessita-se de mais um ou dois anos para corrigir esta falha.

Quanto ao Mestrado, no meu caso específico foi a maior decepção, escolhi cinco disciplinas com um único objetivo, fazer um trabalho de dissertação após dois anos, sem acrescentar nada de novo, a não ser uma TCC ou Monografia mais elaborada voltada mais à área acadêmica; todas as cinco disciplinas voltadas somente para a dissertação de conclusão.

As pessoas com que tenho conversado também imaginavam que iriam aprender algo como, Metanóia, uma disciplina que pretende desenvolver um novo olhar sobre, pessoas, mercado, lideranças e resultado, ou Androgogia, que é a arte e ciência de orientar adultos a aprender, ou algo mais profundo sobre Comunicação, principalmente voltada à sala de aula.

Acredito, que fazer um curso de Mestrado é estar preparado para ser um bom mestre, com novas técnicas e se possível as mais avançadas do mundo, mesmo que sejam importadas, saber e ter uma oratória para se falar em público, para que o conhecimento seja transmitido com clareza, inteligível.

Dependendo do tamanho da sala ou auditório, a postura correta do microfone é fundamental, mas não é o que tenho visto nos Congressos, Fóruns e Palestras de doutores e mestres.

A qualidade do ensino é também condicionada pela qualidade da formação dos docentes. Deste modo, uma das formas de identificar se a instituição está preocupada com a qualidade do ensino é saber o quanto ela investe na formação e capacitação do quadro docente além da sua ampliação intensiva (aumentando o número de professores efetivos com vinte, trinta ou quarenta horas) e não somente extensiva (simplesmente aumentando o número de professores horistas). Além disso, é importante saber o quanto ela investe em pesquisa e capacitação profissional ou atualização (também chamada de formação permanente) de seu corpo docente e técnico-administrativo.

Entendemos com tudo isso, que o ensino superior necessita de mudanças radicais e urgentes.

Autor: Cláudio Raza; Administrador de Empresas, Economista, Contador, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas para Negócio, Palestrante, Mestrando em Educação, Administração e Comunicação, com ênfase em Políticas Públicas, Professor Universitário da Uninove, parceiro do Núcleo de Desenvolvimento Profissional da Câmara Alemã, Instutor de cursos do CIESP-Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, 2 livros publicados sobre Gestão e Capacitação de Empresas, mais de 35 anos assessorando empresas.
site: www.razaconsulting.com.br e E-mail: [email protected]
Autor: Claudio Raza


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