SERIA UM MAL NECESSÁRIO?



SERIA UM MAL NECESSÁRIO?


“Não somos tão ruins quanto pensam que somos, porém nem tão bons quantos nos imaginam ser.” Esta frase dita com constância pelos inimigos da violência vem a calhar muito forte na psicosfera atual em que vive a sociedade brasileira e quiçá mundial. “Não somos menos nem mais: somos o que simplesmente somos”! Somos seres inteligentes, nascidos simples e “ignorantes” que povoam o universo. Dotados de inteligência, livre-arbítrio, instinto, pendores ou inclinações divinas auferidas ao homem pelo Pai Celestial. Somos iguais a tantos outros que lutam no dia a dia para alcançarem o objetivo almejado ou serem melhores do que são.

Temos ouvido muitas vezes a inserção da conhecidíssima frase: “O homem é produto do meio”, mas não esqueçamos de que o homem é quem faz o meio em que vive. Aqui colocamos uma indagação: por que o homem mata? Por que tira a vida de seu semelhante, saindo da harmonia saudável para a desarmonia deletéria? São perguntas que não querem calar. Muito se fala em Pena de Morte. Seria um mal necessário para diminuir, ou amainar os efeitos da violência? As penas são subordinadas ao arrependimento e reparação, dependentes da vontade humana, elas, temporárias, constituem concomitantemente castigos e remédios auxiliares à cura do mal.

Por que o homem diante de tanto aparato não consegue sua cura e continua a perpetuar a violência? Imperfeição, ignorância, falta de amor para com o próximo, ou instinto bestial? Serão provas e expiações, que temos que passar nesse orbe tão bonito? Ou serão puramente maus pendores imantados na alma humana? Situações diversas a pensar. São consequentes às imperfeições do homem, às suas paixões, ao mau uso das suas faculdades e à expiação de presentes e passadas faltas. Hoje vemos com tristeza a disseminação dessas imperfeições atingindo crianças, adolescentes, jovens e adultos. É o mal consumindo o bem e nos levando para um inferno sem proporções. Mateus. 11,28-30, diz: ”Meu jugo é suave e meu fardo é leve”. Teria sido ele premiado quando explanou essa frase? Talvez um dos maiores males do pecado seja que, sempre que o praticamos, arrastamos alguém conosco. A Pena de Morte é um crime, e os que a impõem se sobrecarregam dos outros tantos assassinatos. A morte como castigo para o crime exprime uma conceituação simplista da delinquência, que o Mestre, há dois mil anos, situava como enfermidade da Alma.

O enfermo deve ser medicado, não eliminado. O mundo está doente precisando ser tratado já. A delinquência é um surto que cresce assustadoramente numa multiplicidade chocante e de forma avassaladora. O crime se impõe desarvorado devastando as sementes de esperanças, levando aos homens sem soluções viáveis a pensarem na pena capital. O homem tem seus códigos que lhe dão o direito à liberdade, mas o seu direito termina quando começa a do outrem. Não poderemos usar processos análogos, segundo os tomistas, diz-se especialmente de palavra, conceito ou atributo que se aplica, de modo nem totalmente diverso nem totalmente idêntico, a objetos essencialmente diferentes.

É uma qualificação que se situa a igual distância de unívoco e de equívoco, diz-se de qualquer sistema, fenômeno, etc., que tem analogia com outro. Os processos análogos que defluem da violência do próprio crime ulteriormente tornado legal pelo Estado. A ninguém, e nem ao Estado cabe o direito de tirar a vida ou ceifa-la, mesmo quando exista delinquência da forma mais horrenda, grotesca ou vil. Se o Estado a praticar, se igualará ao delinquente que roubou a vitima sua vida. Educar o homem ainda é a iniciativa principal, mas nossas autoridades teimam em deixar de lado o bem maior do homem que é a educação. Pais educados terão filhos educados, filhos mal - educados são frutos de famílias deseducadas. Compete ao Estado deixar accessível a porta para o ensejo de reparação do assassino pago para cometer toda a sorte de crimes.

A pena de morte não diminuirá a violência ou a criminalidade, podendo torná-la mais violenta e selvagem, pois muitas vezes o homem mata pelo instinto animal do que é possuidor. Quem tira ávida de qualquer cidadão não pode jamais ter o direito de exigir que outros a respeitem. “A era tecnológica mais preocupada com os valores objetivos e os da indústria do supérfluo e da inutilidade, vem esquecendo os legítimos ideais do homem, seus pendores espirituais, suas realizações éticas, seus sonhos e ideais de enobrecimento”. Usando mais um clichê popular queremos dizer que: “não devemos dar o peixe ao homem e sim ensiná-lo a pescar”.

O assistencialismo doentio com visões ambiciosas no futuro leva o homem ao ostracismo e a preguiça. Investir pesado no social, dando educação, emprego e uma vida digna como consta na Carta Magna brasileira, ainda será a melhor solução. Infelizmente o mau exemplo vem de cima, dos que comandam a nação, visto que a maioria é constituída de corruptos, só pensam em si e o menos aquinhoado que se exploda. Sugado, explorado, sem emprego, sem moradias, crianças sem escolas dormindo e mendigando nas ruas, receptivo a exploração sexual, as drogas, ao assalto, ao sequestro, ao furto ao roubo o que poderemos esperar dessa parcela da população? Nada.

O governo está “alimentando” feras para nos dominar e nos matar deixando que o crime seja banalizado e normal no écran das grandes e pequenas capitais brasileiras. A responsabilidade social escafedeu-se e estamos entregues a bondade divina, pois ao pisarmos fora de casa nosso destino passa a ser incerto. Autoridades brasileiras pensem mais nas ações sociais e deixem a ganância pelo vil metal. Precisamos de saúde, educação e segurança. Queremos saber para onde estão indo os milhões que pagamos em impostos vampirizadores. Que as obras inacabadas sejam concluídas, que os ministros, os governadores, os deputados, os prefeitos e os vereadores cumpram suas missões a contento e deixem de ser meros espectadores da desgraça alheia. Pense nisso!

ANTONIO PAIVA RODRIGUES- MEMBRO DA ACI- DA ALOMERCE- DA AOUVIRCE- DA UBT- DA AVESP
Autor: Antonio Paiva Rodrigues


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