TODOS NÓS SOMOS ANTIÉTICOS E CRIMINOSOS (?)



Interessante é analisar as práticas de outras pessoas, pois dessa forma é possível emitirmos juízo de valor, crítico, de aprovação ou reprovação, sendo que a primeira coisa que deveríamos fazer era refletir sobre cada uma de nossas ações.
Tal comportamento é despertado na maioria dos seres humanos ao tomar conhecimento de um fato, seja pessoalmente, seja por meio da mídia, que já é o suficiente para começar a opinar sobre a atitude alheia, ao invés de se utilizar da alteridade.
Alteridade não deve ser confundida com “solidarizar” com atitudes desabonadoras, mas sim pensar qual seria sua atitude naquela mesma situação, lógico, se você também tivesse as mesmas condições culturais, econômicas e intelectuais daquele indivíduo.
Nesse ponto, convém esclarecer mais sobre o assunto. Quando vemos alguém que cometeu um furto, horrorizadamente denominamos tal indivíduo de ladrão, desejando toda e qualquer pena para o mesmo.
Pronto, tal indivíduo furtou, já cumpriu sua pena e retorna à sociedade, esta, por sua vez, o repugna, não oferece nem mesmo emprego.
Quando sabemos que determinado político desviou determinada verba, vem o antigo jargão: “ele rouba, mas faz”.
Ora, o desvio de tal verba, se foi na área da saúde, por exemplo, pode impedir a compra de remédios ou de equipamentos, como aquele que permite fazer o pouco conhecido “teste do olhinho” na criança assim que ela nasce e detectar vários problemas que podem levar a cegueira. Equipamento este que não passa de cerca de uns R$ 400,00 apenas e, não está disponível na maior parte da rede pública de saúde no Brasil.
Retomando: o desvio de tal verba levará a óbito inúmeras pessoas e fará com que mais outro tanto de brasileiros percam a visão quando forem adultos, mas nem por isso nós eleitores deixamos de votar em tal político por considerá-lo um homicida ou que praticou crimes horrendos como estes.
Sendo assim, para analisarmos a atitude alheia, acima de tudo, é necessário termos ética e responsabilidade em nossas ações, que é por meio delas que exteriorizamos a nossa ética.
Dessa forma, não consideraremos apenas a atitude alheia como incorreta, mas saberemos aferir quais são as conseqüências das nossas ações fora da ética para o meio no qual vivemos, pois, em muitos casos uma atitude fora da ética constitui problemas maiores que uma atitude ilegal, como o furto aqui já citado.
Outrossim, há os problemas da “cola eletrônica” ou das colas tradicionais nas universidades. Não são crimes, mas são atos imorais e antiéticos que trazem inúmeras conseqüências para a sociedade.
Até mesmo porque, um mesmo indivíduo está apto a praticar um furto ou colar na universidade, tendo em vista que o “ser humano não nasce com uma personalidade criminosa, imoral ou antiética”, como bem observou o psicólogo Alvino Augusto de Sá, em palestra proferida na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Paranaíba, em meados do ano de 2006.
Nesse sentido, o Desembargador Amilton Bueno de Carvalho defende que cada indivíduo corrompe-se com o que está ao seu alcance, ou seja, o deputado desvia verbas públicas, certo indivíduo furta e os estudantes colam, a diferença está que algumas dessas condutas estão tipificadas como crime e outras não.
Não é porque determinada atitude é útil para determinada pessoa na situação que ela se encontra que ela deixará de ser antiética, ao contrário, deve-se ter a mesma responsabilidade em nossas atitudes e no que fazemos no mesmo nível que exigimos dos demais.
Portanto, caso práticas como cola eletrônica ou as tradicionais sejam banalizadas e não sejam consideradas atitudes fora da ética, também poderá existir indivíduos com “personalidade de colador” assim como designam o ladrão como “personalidade de criminoso”, com um acréscimo que caso colar fosse crime, muitos estudantes estariam praticando crime permanente e seriam considerados criminoso contumaz!
Autor: Pedro Gabriel Castro Torres


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