1982: de novo?



1982: de novo?
A Guerra das Malvinas foi um conflito armado travado entre a Argentina e a Grã-Bretanha na década de 80, com o intuito de controlar um pequeno arquipélago no Atlântico Sul, denominadas ilhas Malvinas, ou também, Falklands pelos ingleses. A Argentina se considerava como herdeira dos direitos espanhóis sobre a ilha.
Para esclarecer, vale lembrar que esta ilha é ocupada e administrada pela Grã-Bretanha desde 1833.
Com o intuito de ocupar a ilha, os nossos vizinhos argentinos, sobre o comando do ditador Leopoldo Galtieri, invadiu as ilhas em 1982, mais precisamente em 02 de abril do mencionado ano, obviamente, a invasão deu-se por questões políticas.
Contudo, Galtieri não imaginava que a Grã-Bretanha reagiria tão rapidamente, tendo enviado aproximadamente 28 mil soldados, ou seja, quase o triplo de hermanos. Para desespero do ditador argentino, o sempre temível Estados Unidos da América apoiaram abertamente os ingleses, posto que tinham forte aliança militar – OTAN.
Com o apoio dos EUA, não foi difícil bater nos argentinos, que após 02 meses de batalha, em 14 de julho de 1982, voltaram para a casa. Valem ressaltar, que graças à derrota nas ilhas Malvinas, o regime militar argentino foi substituído pelo governo democrático.
Temos que lembrar que antes do conflito, a ONU aprovou a Resolução 2065, dizendo que se tratava de um problema colonial e convocou as partes para uma possível negociação. O resultado? Conflito após 15 anos do acordo.
Ambos os países tem argumentos fortes para quererem ocupar as ilhas Malvinas, tais como o orgulho de ganhar uma batalha, ter o controle sobre o tráfego marítimo, além de deter a exploração de petróleo na região.
Existem documentos, tais como o de número 011650, liberado do arquivo nacional pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), que mostram o envolvimento do Brasil ao lado da Argentina. De acordo com o referido documento, existe correspondência entre o Ministério das Relações Exteriores e o então Presidente João Baptista Figueiredo, confirmando a preferência pela Argentina no conflito.
Recentemente, a questão veio à tona com o fato de uma empresa britânica iniciar exploração de petróleo a cerca de 100 quilômetros das ilhas Malvinas. A Argentina agiu rapidamente e aduziu que a exploração viola sua soberania e já impôs restrições à navegação ao redor da ilha.
Após 28 anos do conflito, a questão volta a ser discutida, porém, segundo alguns analistas, não resultará em novos conflitos, como menciona Michael Codner, diretor de ciências militares do instituto Rusi de Londres: "Não acho que a retórica possa se transformar em outro conflito".
Na verdade, a exploração de petróleo nas ilhas Malvinas já ocorria desde 1998, porém, não era tão lucrativo como nos dias atuais. Desta feita, a Argentina disse que vai tomar medidas adequadas e pede o apoio dos países latino-americanos, impondo restrições às navegações na região.
Apesar do aumento da tensão, a Argentina declarou descartar uma ação militar e afirmou que pretende pressionar a Grã-Bretanha diplomaticamente a entrar em negociações sobre a soberania das ilhas.
O vice-ministro das Relações Exteriores da Argentina, Victorio Taccetti, disse que “nosso próximo passo será colocar em prática a resolução da Secretaria de Energia, assinada em 2007, que prevê sanções para empresas de hidrocarbonetos que trabalhem para os usurpadores das ilhas”.
Por sua vez, o analista energético Daniel Montamat, ex-secretário de Energia, disse "é uma norma (a de 2007) que, na prática, diz às petroleiras: ou vocês estão com a gente ou com eles. Se uma petroleira estiver buscando petróleo aqui e tiver uma licença para explorar (o combustível) nas Malvinas perderá a autorização para trabalhar na Argentina. E aquela que já tem licença britânica não poderá operar no continente argentino, que não faz parte da disputa".
O ex-primeiro-ministro da Inglaterra, Gordon Brow, disse que o país está fazendo "todos os preparativos necessários" para proteger sua soberania sobre sua possessão. No entanto, a Argentina continua se defendendo, embora afirme que não pretende usar a força, mas sim, o diálogo.
A Presidente da Argentina, Cristina Kirchner disse em discurso para outros 24 chefes de Estado que participam da Cúpula da América Latina e do Caribe, em Cancún, no México: “O episódio recente com a Grã-Bretanha agitou o fantasma de uma eventual ameaça bélica por parte da Argentina. Eu diria que esse é um exercício ridículo, um exercício de cinismo”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Conselho de Segurança das Nações Unidas "deve reabrir" a discussão em torno da jurisdição sobre as Ilhas Malvinas, em disputa entre Argentina e Grã-Bretanha.
O Presidente Lula sugeriu que a resposta para esse questionamento pode estar no fato de a Grã-Bretanha ser um dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. "Será que é o fato de a Inglaterra participar como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e para eles pode tudo e para os outros, não pode nada?", disse o Presidente do Brasil.
Ora, não resta dúvida da intervenção da ONU nesta questão, pois estamos nos referindo a um país Europeu e outro latino-americano. Contudo, gostaria de ver a ONU assumindo sua responsabilidade frente ao Oriente Médio. Por que a ONU não faz nada contra os EUA, Inglaterra entre outros? Medo? Covardia? Dependência?
Ademais, até o presente momento, parece que tudo esta tranquilo, na mais passividade das situações. Porém, esse quadro poderia mudar. E se mudar? A Argentina faria um bloqueio à altura do bloqueio à Faixa de Gaza? Novo conflito se aproximando? Estou viajando na maionese?
Quero acreditar que realmente não deve passar de discussões diplomáticas. Contudo, nos dias atuais, não se pode mais confiar em homens, principalmente quando estes são políticos.

Autor: Arthur Jenson Beretta
Acadêmico do 5º ano de Direito – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Participante do Projeto de Extensão "'Vexata Quaestio' (Questão Debatida): democratização do conhecimento jurídico para a cidadania", em desenvolvimento na UEMS, Unidade de Paranaíba-MS, sob a coordenação do Professor Me. Alessandro Martins Prado.
Membro da Primeira Igreja Batista em Paranaíba-MS
Autor: Arthur Jenson Beretta


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