Futebol e fama. Quando meninos de chuteiras se sentem deuses



Todos sabem que eu, como quase 95% das mulheres brasileiras, não sou nenhuma expert em futebol, mas a gente vê isso na mídia o tempo todo. Não é provado, mas acredito que a mídia brasileira dedica mais manchetes ao esporte do que à política. Então, sempre ouvido sobre o fiasco da copa do mundo, a demissão do carrancudo Dunga e a contratação do excelentíssimo, competentíssimo, aclamadíssimo ex-treinador dos Corinthians, vossa Excelência, Mano Meneses (ufa!), é impossível ficar a margem do assunto.
Para aprender sobre futebol, a mídia realmente ajuda muito. Só de acompanhar os incontáveis programas e comentários sobre os jogos e rodadas dos campeonatos (sim, porque ver os jogos mesmo não dá, há coisas mais importantes para fazer, como a pintar as unhas com esmalte rosa chiclete enquanto se vê o debate dos presidenciáveis), dá entender da dimensão desse esporte em nosso país e do que seria esse intricado esquema denominado de Campeonato Brasileiro. Um evento que dura quase o ano todo e que toma quase todo o horário das emissoras de TV. MUDAM ATÉ A NOVELA DE HORÁRIO! PODE? ABSURDO! E o impressionante é que eles comentam TODOS os lances de TODOS jogos e reprisam os TODOS os lances polêmicos em câmera lenta e com gráficos em 3D!
Um fato relevante é que o esporte mais democrático e popular do país mobiliza milhares de pessoas, gera renda, uma movimentação financeira absurda e garante emprego a milhões de trabalhadores, desde os zeladores dos estádios até especialistas em programação gráfica, passando por preparadores físicos, técnicos exaltados e jornalistas agredidos.
Tanta importância dada a esse esporte por parte da sociedade e da mídia faz com que uma verdadeira rede se forme em torno das personagens desse cenário. Personagens que por vezes são pouco acostumados a toda a exposição que o mundo futebolístico lhes proporciona.
Na recente convocação dos jogadores para a seleção brasileira feita pelo já citado técnico Mano Menezes, o jogador Paulo Henrique Ganso, do Santos, declarou de forma infeliz que agora a seleção brasileira vai contar com o “Quarteto Fantástico”, comparando os colegas e a si mesmo aos super heróis que vão salvar a seleção do descrédito pós-copa.
Por favor não me entendam mal, realmente os “meninos do Vila”, como a mídia gosta de gritar, são fantásticos. O desempenho do clube na Copa do Brasil e sua consagração com o título não deixam dúvidas quanto à qualidade técnica, tática e sei lá mais o quê dos jogadores, além do incrível bom humor desses garotos. Porém apesar dos dribles e passes fantásticos, não vi nenhum deles correndo em velocidade supersônica em campo. Declarações como a de Ganso demonstram que a mídia tem alguma razão ao chamá-los de meninos.
E como que para confirmar a imagem de meninos inexperientes diante a fama, outro fato polêmico permeou os jogadores do Santos essa semana. O meio campo Madson ofendeu um torcedor no Twitter, não lembrando ele que é a paixão do torcedor que paga seu salário milionário e que se nos próximos campeonatos o clube não repetir o glorioso feito dessa Copa do Brasil, a fama e o dinheiro adquirido se transformam rapidamente em críticas e esquecimento.
Entretanto não se pode culpar somente a inexperiência pelos “deslizes” dos jogadores, pois caráter é algo que adquirimos ao longo da vida e é formado pela soma de diversos ensinamentos que recebemos. Não dá mesmo para se esperar que meninos 17 ou 18 anos (uns mais, outros menos) que viviam em situação de pobreza não se deslumbrem com a fama repentina e que não se sintam endeusados ao ver que um simples chute no ângulo certo pode levar milhares de pessoas as lágrimas.
Pois bem, pior do que se deslumbrar e ofender torcedores é não reconhecer o erro. Foi o que fez o jogador do Santos ao dizer que JÁ QUE TINHA que se desculpar ele iria fazer, mostrado que não se importava nem um pouco com a opinião dos torcedores e só estava se desculpando por pressão dos dirigentes do time. Outro ponto a menos no quisito caráter.
Parece-me que desvios de caráter é moda entre os fantásticos do futebol, há poucos meses só o que se falava era num tal de Imperador, que tomava todas, batia na namorada e fazia apologia ao crime organizado. Um colega de mesmo time, invejoso que só ele, foi além e decidiu dar a amante para os cães.
Pois muita coisa já se falou sobre o comportamento de jovens jogadores que se perdem em meio à fama e dinheiro. Os clubes deveriam ter um programa de orientação para seus jogadores, sei que eles tem psicólogos, mas será que ele estão dando conta do recado? Acho que não.
O futebol no nosso país é carreira transformadora na vida de qualquer garoto pobre, capaz de mudar a posição social de uma família inteira. E os jogadores que tem êxito são tidos realmente como super-heróis. Todo garoto quer ser jogador de futebol quando crescer, então os atletas deveria zelar mais pela sua imagem. Deveria parar de se preocupar somente com seus próprios umbigos milionários e levar em conta os coraçõeszinhos dos fãs.
Alguns jogadores até se preocupam, mas são poucos. Outros se dizem bonzinhos e abrem ONGs e escolinhas para os pequenos carentes, porém dão dinheiro para os traficantes e assassinam as namoradas. O que esses garotos vão pensar? “Quando eu crescer vou ser jogador de futebol, vou ganhar muito dinheiro e ter muitas namoradas. E se uma delas quiser me dar o golpe da barriga, eu mato e dou as mãos dela para o Totó comer”.

PS. Senhores especialistas em futebol (homens), este é um artigo feito sob ótica feminina, não se assustem com declarações pouco futebolísticas.
Autor: Danielle Martins da Costa


Artigos Relacionados


Resumo Da Copa Do Mundo 2010

A Falta De ética No Futebol

Brasil,de Futebol E Regadas

Os Salários E A Carreira No Futebol

Peneiras De Futebol X Avaliações De Futebol

Jogos De Futebol Online

Copa Do Mundo