Família, trabalho – como conciliar?



Todos os dias ouvimos alguma estória de uma mulher bem sucedida. Com o passar dos anos conquistamos o nosso espaço no mercado de trabalho e muitas vezes nos provamos mais eficientes, mais articuladas e mais habilidosas que os nossos parceiros homens. Somos incansáveis, lutamos pelos nossos direitos e muitas vezes fazemos tantas coisas ao mesmo tempo, que nos assemelhamos a uma super-mulher.

Mas chega um momento da vida que precisamos de paz, equilíbrio e o brilho conquistado no mercado de trabalho precisa ser dividido com os nossos filhos.
A transição para a vida de mães é um dos momentos mais incríveis e mais difíceis da vida de uma mulher. A nossa individualidade, liberdade e o controle sobre as coisas simplesmente viram artigos do passado. Nossas preocupações ficam voltadas totalmente para o novo ser que acabou de entrar nas nossas vidas. A nossa vida corporativa fica de lado por meros quatro meses e neste breve momento podemos esquecer o budget, as reuniões, as vendas, etc...

Mas o que acontece quando a licença maternidade chega ao fim? O bebê ainda não senta, não engatinha, não come sólidos, mas já é hora da mãe voltar ao trabalho. Por um lado é uma grande satisfação e alívio ter tempo para conversar com outros adultos, comer sem pressa, se vestir e não levar uma golfada e se sentir mulher novamente. Por outro lado, o coração fica partido ao sair de casa as 8 da manhã e muitas vezes voltar e o seu precioso bebê já estar dormindo. Como conciliar a vida de mãe e a de executiva? É neste ponto que o Brasil ainda tem muito a evoluir.

Em países de primeiro mundo a sociedade é muito mais compreensiva e acolhedora com o papel de mãe. Em vários países da Europa a licença maternidade é remunerada e dura 1 ano. Na Austrália não existe remuneração, mas a mãe pode sair por 1 ano com a garantia de ter o seu emprego de volta no fim da licença.

Com relação as condições de trabalho, podemos dizer que o Brasil não oferece nenhum benefício para as provedoras do lar. Muito pelo contrário – neste ponto temos total igualdade com homens. Em muitos países de primeiro mundo existe a possibilidade de se trabalhar meio período, de dividir um cargo com um colega de trabalho (job share) ou mesmo conseguir acordos onde parte do tempo você trabalha de casa. Estes benefícios, para muitas mulheres, são muito mais gratificantes do que um aumento de salário ou uma promoção de cargo. É a sua possibilidade de permanecer ativa na carreira, mas estar sempre presente na vida dos seus filhos.

É claro que tudo isso é possível pois lá fora o regime tributário e as leis trabalhistas permitem e encorajam que as empresas façam tais contratações. Mas não vamos entrar neste mérito... Uma vez que não temos o apoio do mundo corporativo, temos que ajudar umas as outras a encontrar o nosso ponto de equilíbrio. Nós, as maiores consumidoras do século XXI, temos que estimular o crescimento das pequenas empresas de colegas empreendedoras, temos que criar empregos flexíveis e fazer com que as condições fiquem melhores nem que isso aconteça numa próxima geração.
Autor: Renata Resnitzky


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