CURANDO AS FERIDAS DO PASSADO



CURANDO AS FERIDAS DO PASSADO

Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Filipenses 3.12-14.
Quase todas as noites, Lizzie, a garotinha que um dia se tornaria parte da família Wallenda, tinha que estender os braços na frente de seu pai. Quando ele voltava para casa do trabalho, cada um dos seis irmãos, também estendiam seus braços. Eles todos ficavam em fila para receber a punição. O pai batia nos braços deles com seu cinto até que cada um começasse a chorar. Ele simplesmente presumia que eles haviam feito alguma coisa errada naquele dia e que mereciam uma surra.
Quando Lizzie cresceu, as surras se transformaram em espancamentos mais severos. Se sua mãe alguma vez tentasse interferir, ela seria trancada no quarto por vários dias.
Numa ocasião, o órgão do serviço social tentou socorrer as crianças. Elas foram distribuídas entre diversas famílias. Lizzie foi passando de uma casa para outra, até que finalmente decidiu fugir desta situação. Desde então ela teve que fazer o melhor que podia por si mesma nas ruas, seu único consolo vinha do álcool e da maconha.
Lizzie, em resumo, foi um caso clássico de alguém sem oportunidades na vida. Sem chance de ter uma vida emocional saudável - ela havia sido muito abusada, muito cedo. Sem chance de fazer algo de si mesma. Como você desenvolveria um senso de auto-estima enquanto é arrastado de um lar adotivo para outro? Não existe chance de absorver valores positivos - você consegue apenas aprender a sobreviver nas ruas.
Contudo, de algum modo, essa menina superou a adversidade. Alguns anos depois, você encontra Lizzie transformada em Angel Wallenda, a equilibrista que se apresenta para grandes platéias com seu esposo, Steven.
Steven Wallenda era membro da família mais famosa de equilibristas circenses. Quando ele conheceu Lizzie, ele foi imediatamente cativado por sua afetuosa e amigável personalidade. Ela havia passado por tanta coisa, e ainda olhava para tudo com otimismo. Steven a via como um presente que Deus tinha colocado em sua vida.
Depois do casamento, os dois começaram a praticar juntos números de equilibrismo. Lizzie, agora Angel Wallenda, parecia ter nascido para aquilo. Ela se superava, muito rapidamente, numa arte que requeria vigor físico, coragem, graça, e nervos de aço. Steven e Angel começaram a se apresentar em importantes eventos de circo e em especiais de televisão.
Aquela menina que era espancada em casa por um pai cruel, mantivera a cabeça erguida, e se movia calma e firmemente sobre o cabo. E ela fazia mais. Angel também demonstrou extraordinária estabilidade emocional. Quando o câncer ameaçou sua carreira e sua vida, ela não se desesperou. Ela lutou, e se mostrou como uma fonte de energia para seu esposo.
Quando parte de sua perna teve que ser amputada, ela não desistiu. Lutou para realizar o impossível. Angel se tornou a única pessoa na história - você acredita? - a se equilibrar sobre um cabo com um membro artificial!
Apesar de todas as provações, Angel se tornou a adorável mãe de um saudável e amorável garotinho. Amigos e familiares se maravilhavam continuamente com sua graça mesmo sob pressão. Ela foi uma inspiração para pessoas por todo o país que haviam experimentado alguma tragédia em suas vidas.
Seu esposo Steven a descreve desta forma: "Ela dá e se dá. Esta é sua natureza. É a sua beleza. Ela me lembra aquela passagem da Bíblia de Filipenses 4:7. Ela realmente tem a "paz de Deus que excede a todo entendimento."(Filipenses 4:17).
Como aquela criança maltratada se transformou na graciosa Angel? Como uma criança sem oportunidades, se transformou num grande sucesso?
E aqueles entre nós que estão carregando suas cicatrizes do passado, aqueles entre nós que se sentem prejudicados pelas feridas da infância, também perguntam: Qual é o segredo?
Como superar as tragédias em nossa vida?
Parte da resposta, temos que admitir, é simplesmente que Angel Wallenda era um ser humano com uma incrível capacidade de recuperação. Ela possuía uma firme determinação que poucas pessoas possuem hoje.
Mas isso ainda não é tudo. Angel também adotou certas atitudes que todos nós podemos imitar. Ela teve uma certa perspectiva que nós todos podemos adotar.
Em algum lugar, no início de sua vida, Angel decidiu que ela aprenderia com as coisas que tinham lhe acontecido.
Aprender com o que vivemos!
Ela não iria ser destruída pelos infortúnios; iria aprender com eles - faria deles uma ferramenta de ensino. Dizia:
“Se minha vida tivesse sido fácil, eu sei que não superaria o que está me acontecendo agora".
Infelizmente, a maioria de nós, em vez de aprender com as cicatrizes, nosso instinto natural é enterrá-las, colocá-las bem lá no fundo.
Queremos desesperadamente escapar da dor e então tentamos negar o que aconteceu. Quem sabe, se fingirmos que o papai não fez nada, os sentimentos ruins irão embora.
Mas é claro, quanto mais profundo tentamos enterrar a cicatriz, mais a empurramos para dentro, mais amplamente ela se espalha e é absorvida dentro de nós. Todos os jogos de faz-de-conta acabam cobrando um preço de nossos sentimentos.
Não conseguimos nos livrar das cicatrizes negando o que aconteceu.
A estranha verdade é que a única maneira de se livrar das cicatrizes é encará-las de frente. Sim, algo feito, trágico, aconteceu. Algo terrivelmente injusto. Não foi nossa culpa. Precisamos expressar sentimentos reais sobre ferimentos reais.
Você sabe, o apóstolo Paulo também tinha marcas em seu próprio passado que ele poderia ter tentado esconder. Ele não se orgulhava de muitas coisas que haviam acontecido em sua vida. Mas ele decidiu ser franco sobre isso. Ele se recusou a negar as marcas. Você pode sentir esta honestidade aqui em II Coríntios capítulo 6, versos 11 e 13. Esta passagem simplesmente transpira honestidade. Ele diz:
Para vós outros, ó Coríntios, abrem-se os nossos lábios, e alarga-se o nosso coração. Ora, como justa retribuição (falo-vos como a filhos), dilatai-vos também vós. (II Coríntios 6: 11 e 13).
As palavras do apóstolo Paulo são claras. O primeiro passo ao lidar com um passado doloroso é
Abrir o coração - em vez de se fechar firmemente ao redor do ferimento.
Às vezes, em lugar de tentar enterrar as cicatrizes, tentamos manobrar para que outros as assumam. É claro que temos a quem culpar na maioria das cicatrizes do passado. Mas freqüentemente eles já estão fora de cena. Nunca tivemos uma chance para confrontá-los, para perguntar por quê? Talvez nunca tivemos a oportunidade de qualquer reconciliação com eles.
E então toda esta situação inacabada nos impele a culpar o presente. Algumas pessoas estão sempre fazendo o papel de vítimas. Elas se sentem desamparadas e mal compreendidas. Querem que outras pessoas assumam a culpa por elas. E então se tornam dependentes destas outras pessoas para tentar conseguir que elas cuidem de suas necessidades. E, infelizmente, elas sempre tentam fazer as outras pessoas se sentirem culpadas por não satisfazerem suas necessidades.
Existem outras maneiras de manipular; muitas outras maneiras de brincar de vítima. As injustiças do passado tendem a nos tornar injustos no presente. Nós nos tornamos involuntariamente descorteses. Culpamos outras pessoas pelos nossos sentimentos, em vez de assumir a responsabilidade por eles. Nos tornamos muito dependentes. Lutamos arduamente para fazer os outros se sentirem em dívida conosco.
Mas, isto não nos traz nenhum bem. O problema continua sem solução. Toda a manipulação do mundo apenas nos traz de volta ao problema. As cicatrizes permanecem. Não podemos forçar outras pessoas a assumi-las.
O que podemos fazer? Só uma coisa: transformar as cicatrizes em algo positivo. O único meio de se livrar dos ferimentos é se desfazendo deles. Como? Pelo modelo antigo: arrependimento, confissão, novas atitudes de fidelidade a Deus.
Autor: Pr. André Aragão


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