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Artigo de Opinião: Insetos transmissores de patologias

Opinion article: Insect vectors of diseases

O número de patologias vetoradas por insetos vem aumentando de forma rápida e preocupante nos últimos anos. Velhas doenças já erradicadas há muito tempo estão retornando, atingindo a população, com muitos casos graves.
Isto se deve a dois fatores importantes: O descaso (e o desconhecimento) de coordenação de setores fundamentais para o controle de insetos, a inexistência da Vigilância Entomológica e também o uso de produtos ineficazes e inadequados!
“A maior parte das doenças febris no homem é causada por microorganismos veiculados por insetos”, diz a Encyclopædia Britannica.
Costuma-se usar o termo “inseto” não só para os insetos propriamente ditos — animais de três pares de patas, como mosca, pulga, mosquito, piolho e besouro — mas também para criaturas de oito patas, como ácaro e carrapato.
Alguns pesquisadores discordam que o Flebótomo o vetor da temível Leishmaniose, seja considerado ‘mosquito’ pela forma que se desenvolve: Sob folhas e frutos em decomposição, diferente de outros, que nascem em poças d’água ou em locais tais como caixas d’água, potes, calhas etc.
Mas, de acordo com a classificação científica, todos esses se enquadram na categoria de artrópodes — que tem aproximadamente um milhão de espécies conhecidas, sendo a maior divisão do reino animal.

Outro importante vetor é o ‘barbeiro’ triatomíneo transmissor do Mal de Chagas vem já há algum tempo infectando pessoas em nossa região. Dentro de uma semana ou duas, o paciente irá apresentar febre alta e o corpo inchado, os parasitas se alojam no corpo, invadindo o coração, o sistema nervoso e os tecidos internos. Podem ocorrer lesões no trato digestivo, infecção cerebral e por fim a morte por falência cardíaca. Eventualmente pode não apresentar sintomas por 10 a 20 anos.
Alguns insetos incomodam o homem e os animais com uma picada dolorosa ou simplesmente pelo seu grande número. Alguns também danificam plantações, estes são eliminados com agrotóxicos poderosos.
Evidentemente os piores são os que provocam doenças e morte. As doenças transmitidas por insetos “provocaram mais mortes desde o século 17 até a parte inicial do século 20 do que todas as outras causas somadas”, diz Duane Gubler, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças - EUA.
Insetos podem ser vetores diretos ou atuar de forma mecânica, como as moscas que carregam em suas patas milhões de diferentes microorganismos que podem causar um grande número de patologias, bastando para isto um rápido passeio sobre o alimento a ser ingerido ou mesmo ao pousar sobre um ferimento.
Moscas que pousaram em fezes, por exemplo, contaminam alimentos e bebidas. Essa é uma forma de o homem contrair doenças debilitantes e mortíferas como a febre tifóide, a disenteria e até mesmo a cólera. As moscas também contribuem para a transmissão do tracoma — a principal causa de cegueira no mundo.
Baratas, são suspeitas de transmissão mecânica de doenças, pois andam em locais sujos e costumam entrar nas residências, circulando por armários onde se armazena alimentos. Segundo especialistas, estão incriminadas em processos alérgicos (asma), relacionado com a alergia a baratas.
Os anofelinos (gênero Anopheles) transmitem a malária — a doença contagiosa que mais mata no mundo, depois da tuberculose.
A pulga comum pode transmitir a solitária, a encefalite, a tularemia e até mesmo a peste.
Piolhos, ácaros e carrapatos transmitem diversas formas de tifo, além de outras doenças. Carrapatos são os agentes transmissores da potencialmente debilitante doença de Lyme. ‘Depois dos mosquitos’, diz a enciclopédia Britannica, “os carrapatos são os artrópodes que mais transmitem doenças ao homem”. De fato, um único carrapato pode abrigar até três diferentes organismos patogênicos e transmitir todos eles em uma única picada!
Um importante fator na volta das doenças transmitidas por insetos são as mudanças ocorridas no meio ambiente, desmatamentos, queimadas, construção de barragens, criando alterações climáticas e ambientais, forçando mudança de hábitos em insetos e animais, e isto se deve à interferência do homem na natureza, fator que influi na disseminação de doenças.
Importante ressaltar que os efeitos do aquecimento global não param aí. Em algumas regiões, a estiagem transforma rios em brejos, ao passo que em outras, chuvas e inundações deixam poças de águas paradas. Em ambos os casos, as águas paradas se tornam focos de proliferação de mosquitos. (Culex, Anopheles).
O aquecimento também torna mais rápido o ciclo de reprodução dos insetos, acelerando sua multiplicação aumentando também o período proliferativo bem como o surgimento de focos em locais de clima frio.
O vírus do Nilo Ocidental, transmitido ao homem por mosquitos, principia com sintomas semelhantes aos da gripe. Nos casos mais graves, que representam uma pequena minoria, ocorrem encefalite, meningite espinhal, dores de cabeça severas ou confusão mental a transmissão épor mosquitos do género Culex.
A Dengue, ou Febre Amarela e os primatas: Macacos mortos são encontrados nas matas e a sorologias indicam a Dengue como a causa da morte do animal.
Se analisarmos os fatos podemos concluir que tanto o mosquito quanto o macaco ambos vivem nas florestas e são trazidos pelo homem para o convívio humano.
Macacos e outros animais nas matas são fonte de alimento para o inseto e sofrem a doença tal como os humanos. Uma, duas, três ou mais dengues e o organismo fica debilitado pelas sucessivas agressões virais levando o animal à morte, exatamente como ocorre com os humanos, caso não haja tratamento adequado.
O crescimento desordenado e sem planejamento provoca falhas que ocorrem devido a sobrecarrega nos serviços de água, de esgoto e de destinação do lixo, dificultando o saneamento, e criam condições propicias ao surgimento de insetos transmissores de doenças.
Hoje se faz urgente a necessidade de um trabalho executado de forma adequada, a utilização de insumos corretos o manejo realizado por funcionários capacitados, equipamentos vistoriados sistematicamente.
Uma falha grave que propicia a proliferação de vetores: Acreditar que a transferência das responsabilidades para a população seja a medida que irá acabar com as infestações e epidemias até mesmo porque o repasse das verbas é direto para as secretarias de saúde, estaduais e municipais!
A contratação de agentes que fazem visitas nas residências, lamentavelmente passa pelo controle de políticos geralmente vereadores compromissados em oferecer um emprego...
O agente têm como principal objetivo levar orientações aos moradores, vistoriar locais de risco como reservatórios elevados, a céu aberto sequer são examinados pela dificuldade de acesso.
Outro problema são alguns funcionários descompromissados, Embora conste na folha de pagamento um grande número de agentes as visitas são parcialmente realizadas, são as chamadas “áreas descobertas”.
À autoridade de saúde pública cabe a obrigação de rever ações, analisar os “porquês” da proliferação continuada e sistemática dos vetores e cobrar a mudança dos inseticidas para acabar com as epidemias!
Autor: Beatriz Antonieta Lopes


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