A questão do Fundamento: O Ser , o Sujeito e a Linguagem.



A Filosofia não é uma abstração. É uma forma de pensamento ligada à história, mas não é o seu reflexo. Ela não pode também ser vista como magia, ou como a Física, que realiza estudo de fenômenos de modo determinista e mecânico. Os seus métodos são outros.

Ao longo da história, desde a sua concepção na Grécia Antiga pelo século XI antes de Cristo, os métodos do pensar pela Filosofia também mudaram. Mas antes de identificar o seu percurso na humanidade, é preciso conceituar um pouco mais.

A questão, como se vê, é definir a ligação que a filosofia tem com a história. Ela acontece, independentemente do que diz o filósofo. Este pensa o acontecimento. O pensar filosófico é uma sistematização, é encontrar uma unidade que consiga organizar e dar sentido ao todo. De modo que a filosofia conceitua os acontecimentos na história.

Uma vez que dada época na história está filosoficamente determinada, ela ganha fundamento. Vulgarmente, este fundamento é o método utilizado pelos filósofos de cada época, para referenciar a sua situação frente aos eventos. Três métodos ou fundamentos são discerníveis na prática da filosofia: o Ser, o Sujeito e a Linguagem, distinguidos pelas respectivas épocas nas quais surgiram e alcançaram seu clímax entre os filósofos. A Linguagem, no entanto, representa não necessariamente o fundamento, mas ele mesmo sendo posto em questão.

A época do Ser foi a maior de todas, e foi dividida em três outras partes: a Arché, o Logos, e Deus. No caso de Sócrates com sua Logos, o encontro consigo mesmo era pensado como o encontro com a pólisEm momento posterior, esse encontro consigo transportou-se para o encontro com Deus, formulado por Agostinho.

Ainda na época do Ser, após o nascimento de Cristo o teor das preocupações da filosofia virou Deus. Era de suma importância para a ciência definir o que sustentava a totalidade das coisas, e Deus virou a unidade a partir da qual tudo existia. Bem antes deste momento já há notícia de filósofos pensando a questão, afirmando que a sublime definição da existência seria a água, unidade mais simples; outros o “um”.

Com a transformação das cidades, o mundo ganhou uma forma de vida nova, em que a individualização do ser humano é somada aà perda do vínculo com a comunidade e a família. O indivíduo é lançado a si mesmo. Desloca-se nesse momento da história, a explicação teológica para a “antropológica”. Nessa nova época, o homem é pensado como Sujeito, passando a ser o fundamento de tudo, frente à objetivização de todas as coisas.

A crise do Sujeito é, em suma, a crise do fundamento filosófico dentro da História. A partir do final do século XIX, vários filósofos – mais especifciamente Marx, Nietzche e Freud – lançam teorias sobre a impossibilidade da existência de fundamentos, enquanto é posta em cheque a possibilidade de que a Filosofia possa realmente criar conceitos verdadeiros sobre as coisas.

A época da Linguagem caracteriza os tempos atuais, em que o ser humano é considerado cheio de linguagem e que o pensar das coisas é apenas o exercer desta linguagem. O inconsciente humano se estrutura em uma só linguagem: o desejo. A idéia é que nosso inconsciente não se fundamenta no desejo, e sim que ele se afunda nele; não tem como escapar; é englobado por ele.

O Ser, o Sujeito e a Linguagem são, assim, os fundamentos do pensamento filosófico através da História até os dias atuais, explicitados aqui de modo conciso para fins acadêmicos de introdução ao assunto.
Autor: Isabela Di Maio Barbosa


Artigos Relacionados


Filósofos E "filósofos"

Reflexão Filosofica Sobre A Linguagem Natural

Conceituação De Filosofia

Wilhelm Von Humboldt E O Estudo Filosófico Das Línguas

Cidade De Mileto O Berço Da Filosofia.

Conhecimento - Linguagem: Linguagem - Conhecimento

Filosofia E Brasil