NÓS NÃO SOMOS UM NÚMERO...



Cobrança diária, pressão contínua, competição acelerada, nervos a flor da pele e um misto de outros fatores que, juntos, com o passar do tempo, são capazes de abalar as estruturas psicoemocionais de qualquer cidadão, até mesmo aqueles considerados mais fortes e capazes de superar inúmeras situações de stress contínuo. Tudo isso com um único objetivo: Alcançar e superar as tão famosas metas, que são identificados através de números. Quando esses são positivos, é só alegria, comemoração, e aquela sensação de dever cumprido, pelo menos até o último dia do mês, pois, no primeiro dia do mês seguinte, começa tudo de novo. Porém, quando os números não refletem os resultados esperados pela empresa, “Ah, meu Deus!” A coisa se complica... Insegurança, medo, tensão, e aquele clima insuportável envolvem todo o ambiente de trabalho, ou pelo menos aquele individuo que não conseguiu corresponder as expectativas, mesmo se o resultado da empresa num todo tenha sido positivo.

A verdade é que no mundo dos negócios, o inconformismo é e sempre será um fator predominante, afinal de contas, ele é o alicerce da auto-superação. Diante desse cenário podemos constatar a existência da pressão contínua por produtividade, palavra chave de qualquer negócio, não importa o segmento de mercado em que o indivíduo desenvolva suas atividades. Em resumo, a sobrevivência profissional de qualquer indivíduo no competitivo mercado de trabalho está diretamente ligada ao fato dele alcançar êxito nessa tal produtividade.

Falar disso pode nos parecer algo desumano, pois consegue levar algumas pessoas a loucura. Às vezes apresentam sérios problemas de saúde e em muitos casos acabam encostadas pelo INSS ou aposentadas precocemente em conseqüência de algumas doenças oriundas desse ambiente cada vez mais “anormal” aos olhos das pessoas consideradas “normais”.

Não tão obstante, a produtividade se faz presente também na nossa vida pessoal. Você já parou para pensar em quantos casamentos já foram desfeitos porque depois de algum tempo um ou outro deixou de produzir a contento do parceiro? Ou seja, a improdutividade se tornou rotina acabando por desencadear diversos outros problemas que, por sua vez, fomentaram consequentemente a separação.

Há algum tempo atrás, ao assistir uma reunião com Profissionais de Vendas em uma loja, presenciei um Vendedor indagar o Gerente sobre a frieza desse sistema corporativo e deixando registrado para os demais colegas que diante de tantas metas a serem alcançadas e em face de tanta cobrança e pressão, ele estava se sentindo visto pela empresa apenas como um número que, só tem valor se for expressivo aos olhos de seus superiores, a partir do momento que se tornar um número insignificante por qualquer que seja o motivo, seria descartado e não achava essa dinâmica justa, pois se trata de pessoas, ou seja, são seres humanos com vida própria, sentimentos e sonhos que precisam ser respeitados a fim de manterem intacta sua dignidade.

O Gerente em questão não hesitou nem por um segundo e respondeu ao Vendedor que seria hipocrisia de sua parte querer “florear” e dizer que a empresa não os via como um número, inclusive o próprio Gerente, e que se esse número não corresponder às expectativas dos superiores hierárquicos haveria tolerância. O Gerente enfatizou que as metas e as cobranças tendem sempre a aumentar e que, se alguém não se sentir capaz de produzir a altura do esperado, realmente o melhor a fazer é pedir as contas, pois do contrário seria demitido por improdutividade em curto prazo de tempo. Sem dúvidas foi duro para o Vendedor ouvir essa verdade indubitável de uma forma tão objetiva, ou quem sabe até impiedosa, segundo os mais sentimentalistas.

Bom, como bem diz alguns famosos executivos, “o universo business é uma selva, onde para sobreviver, o individuo precisa ser uma fera”. Sim, essa expressão sintetiza bem como o mundo corporativo é visto por alguns. Porém, vale salientar que existem também outros indivíduos que vêem as coisas com outros olhos. Profissionais que entendem que as empresas são apenas engrenagens não tão complexas assim que funcionam através das competências e habilidades – entre outras coisas – de pessoas comuns, seres humanos como eu e você. E quanto aos números? Sem dúvidas eles são muito importantes ou porque não dizer fundamental, porém são apenas os indicadores que nos permite entender, analisar e interagir com esse macro sistema. Sendo assim, realmente fica desumano sermos considerados apenas um número. No entanto, nos cabe compreendermos que embora NÓS NÃO SEJAMOS UM NÚMERO, SÃO OS NÚMEROS QUE REFLETEM QUEM NÓS SOMOS, pois seu histórico compõe uma foto do profissionalismo de um indivíduo à ser exibida para seus superiores, entre os tais, pessoas que muitas vezes nem o conhecem pessoalmente, portanto, para ter boas oportunidades de crescimento ou para no mínimo manter o emprego, “é preciso estar bem na foto”, como bem diz o ditado popular.

Ricardo Dias Gouveia
Autor: Ricardo Dias Gouveia


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