Clima de deserto



O clima seco continua preocupando a população de várias regiões do Brasil, agravado, principalmente, pelas secas e queimadas. A baixa umidade relativa do ar gera, além de problemas de saúde, transtornos na vida de milhões de brasileiros. Nas localidades em que os índices ficam abaixo de 12% (estado de emergência), a Defesa Civil tem aconselhado as Secretarias Municipais de Educação a fazer até mesmo o remanejamento do horário das aulas.
Por isso, torna-se imprescindível hidratar o organismo adequadamente com líquidos (água, água de coco e sucos), manter a residência ou local de trabalho livres da poeira, evitar a prática esportiva em horários em que o sol esteja mais forte e usar soro fisiológico em narinas e olhos. Ainda é aconselhável colocar nos ambientes vasilhas com água, toalhas molhadas ou umidificadores. Toda a atenção é pouca com crianças e idosos, grupos de maior risco.

SÍNDROME DO OLHO SECO
Entre os principais prejuízos ao corpo, o clima seco provoca dor de cabeça, sangramento das vias respiratórias, maior incidência de asma e bronquite, além da síndrome do olho seco.
Numa entrevista ao programa “Vida Plena”, da Boa Vontade TV (canal 23 da SKY), o dr. Alessander Tsuneto, oftalmologista, integrante da Associação dos Portadores de Olho Seco (Apos), esclareceu que essa síndrome atinge de 10% a 15% dos indivíduos acima dos 50 anos. É a segunda maior causa de atendimento nos consultórios, e muitos desconhecem essa enfermidade. Explicou que “a lágrima da pessoa acaba tendo alterações de qualidade ou evaporação excessiva. Isso faz com que se tenha, literalmente, o olho mais ressecado”. Alguns fatores, como cirurgia prévia, uso de lentes de contato sem avaliação oftalmológica, diabetes, doenças reumáticas e queimaduras, podem causar a secura ocular.
O médico também comentou que a baixa umidade relativa do ar pode desencadear precocemente a doença. “Os níveis saudáveis, segundo a Organização Mundial da Saúde, são em torno de 60%. Li uma reportagem na internet falando que a umidade relativa do ar em São Paulo está abaixo dos 20%. Só como curiosidade, no deserto do Saara é de 10% a 15%. Isso faz com que aumente a evaporação das lágrimas e agrave o olho seco, ou quem não tem o problema corre o risco de possuí-lo.”
Quanto ao diagnóstico, o dr. Alessander informou que “é feito teste com o especialista, que verá qual é a composição de sua lágrima para comprovar se existem alterações. Com base nesses exames, o médico vai dizer se você tem olho seco leve, moderado ou severo”. Para ele, um exame precoce previne graves doenças oculares, inclusive a cegueira. “Tudo depende do grau de severidade. Se o paciente tiver uma queixa leve, só um desconforto ou uma irritação ocular, a gente pode tratá-lo somente com colírio ou pomada. Mas, se apresentar alguma gravidade, pode ser até caso de cirurgia.”

CRIANÇAS E DEFICIENTES VISUAIS
Indagado sobre as possibilidades de as crianças igualmente sofrerem com a síndrome do olho seco, afirmou: “Sim, mas seria mais raro, a não ser que tenha alguma associação com outra doença, hereditária ou causada por algum acidente, uma queimadura, um ácido no olho, por exemplo”.
Durante o bate-papo, o telespectador Lucas Fernando Gouveia, de Porto Alegre/RS, perguntou ao dr. Alessander se pessoas com deficiência visual padecem com o problema. De acordo com o oftalmologista, “mesmo uma pessoa que não enxerga, mas possui as estruturas oculares e as glândulas que produzem a lágrima, pode ter alteração da qualidade da lágrima e ter olho seco”.

DICAS E CUIDADOS
Ao fim da entrevista, passou importantes dicas para que se saiba se os olhos estão ressecados. “O paciente vai sentir algum grau de desconforto, o olho vermelho, uma irritação ocular. Vai ser difícil piscar, porque, não tendo uma lágrima boa e suficiente na pálpebra, ela não vai deslizar sobre o olho. Então, ela dá uma travadinha.” Também alertou para o fato de que quem fica exposto ao ambiente com ar-condicionado e os que exercem atividades no computador têm maior probabilidade de adquirir a doença, já que o local fica mais seco por causa da falta de umidade, e a fixação por demasia na tela do computador desestimula a pessoa a piscar.
Outra questão de relevância é o perigo da automedicação. “Só o oftalmologista vai saber se o paciente tem o olho seco, que grau e qual colírio deve usar”, evidenciou. Mais informações sobre o tema podem ser obtidas no site www.apos.org.br.
Cabe a todos nós, além de informar a população dos riscos que corre com a baixa umidade atmosférica, iluminar as mentes a respeito das graves consequências da seca e queimadas provocadas pela ganância humana.

José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.
[email protected] — www.boavontade.com
Autor: José de Paiva Netto


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