Liberdade religiosa e conflitos políticos internacionais



O ser humano é ímpar. Não há, em toda a criação, semelhante criatura. Assim, a par da fragilidade e complexidade das relações humanas, é indiscutível a unicidade em que se apresentam as pessoas humanas. Não há nenhum igual ao outro dentre os cerca de 6,8 bilhões de habitantes da Terra.
Num ambiente em que todos possuem características únicas, o respeito e o autocontrole devem imperar. Assim, embora não concordemos sempre com a opinião alheia, há que se considerá-la como fruto cultural da somatização de experiências diferenciadas pelas quais passa cada ser humano.
De fato, sendo cada um único, existem diversas crenças e manifestações de fé, sendo certo que o que é correto nalgumas partes deste vasto planeta não o será em todas. As divergências de credo, diferentes concepções de poder, glória, orgulho e honra, têm levado os seres humanos às grandes guerras até hoje havidas.
É difícil, quase impossível respeitar a opinião alheia, sem tentar convencê-la da sua, que se dirá então, em conflito?
Em 2001, os ataques terroristas de 11 de setembro, que completam nove anos no sábado, arrasaram a atual superpotência mundial. Não no sentido militar da coisa. Mas, atingindo o centro econômico do até então inabalável Estados Unidos da América os muçulmanos liderados por Osama Bin Laden, a quem se apontou a autoria em relação aos fatos, mostraram ao mundo a fragilidade de qualquer ser humano perante o terror.
Estes ataques desencadearam uma série de conflitos, culminando na repressão ainda maior oriunda da teoria da sociedade da lei e da ordem, que se instaurou de vez nos EUA.
Recentemente, durante um encontro de líderes religiosos em Whasington DC, realizado com o objetivo de encontrar mecanismos para coibir a violência religiosa, repito: ENCONTRAR MECANISMOS PARA COIBIR A VIOLENCIA RELIGIOSA, o pastor Terry Jones, norte americano conservador (diga-se de passagem: põe conservador nisso) declarou que irá queimar o Alcorão, livro sagrado para os muçulmanos em homenagem aos 11 de setembro.
As palavras foram estas: “Vamos fazer dele o dia internacional de queimar o Alcorão” (Podendo ser encontrado em http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/09/queimar-alcorao-e-idiota-e-perigoso-afirma-secretario-de-justica-dos-eua.html)
O pastor, que é membro da “Dove World Outreach Center”, uma igreja cristã fundamentalista, anunciou que pretende, juntamente com os fieis, queimar o exemplar do Alcorão no sábado, 10.09, na cidade de Gainesville.
De acordo com o site de notícias G1:
“Toda essa discussão vem logo depois de outra grande polêmica: a construção de uma mesquita em Nova York, a poucos metros do local onde ficava o World Trade Center. Muitos americanos criticaram as autoridades por terem dado permissão para que um centro islâmico seja instalado em um prédio.
Ao comentar a obra, o líder muçulmano que propôs o centro falou em integração. O prefeito de Nova York, que é judeu, falou em liberdade.
Em busca de um tom conciliador, líderes muçulmanos, judeus e cristãos se reuniram na tarde desta terça-feira (7) em Washington. Eles falaram sobre uma crescente onda de medo e intolerância nos Estados Unidos e condenaram essas atitudes.” (In http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/09/pastor-americano-promete-queimar-o-alcorao-e-coloca-autoridades-em-alerta.html- acesso em 08.09.10)

De fato, há muito para se mudar ainda. Atitudes como estas devem ser condenadas.
O direito internacional, que possui função precípua de manutenção da paz mundial, interveio: “O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a ação pode colocar em risco ‘iniciativas da ONU ao redor do mundo para defender a tolerância religiosa’.” (Encontrado em http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100909/not_imp607112,0.php- acesso em 09.09.10)
Até mesmo o vaticano, que possui uma história de certo modo duvidosa acerca de um passado infamante de violência e repressão alertou para as graves conseqüências de uma atitude política inconseqüente e impensada (encontrado em http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1§ion=Mundo&newsID=a3032864.xml- acesso em 08.09.10):
O Conselho Pontifício do Vaticano para o Diálogo Interreligioso, o equivalente a um ministério, expressou "intensa preocupação com o projeto de um 'Koran Burning Day' (Dia de Queimar o Alcorão) no dia 11 de setembro", aniversário dos atentados de 2001 nos Estados Unidos.
‘Cada religião, com seus livros sagrados, seus locais de culto e símbolos, merece respeito e proteção’, afirma um comunicado do conselho.
Ora, um líder religioso, numa reunião de caráter pacífico na busca de soluções para conflitos de credos incentivando o repúdio e a intolerância em relação à fé alheia? Primeiramente, notório o desrespeito ao estilo de vida alheio, ignorando até mesmo a segurança política internacional ao dar tal declaração.
Um líder que se diz cristão, não poderia furtar-se a conhecer os mandamentos supremos de sua lei: Os que, e aqui me incluo, acreditam na palavra do Senhor Deus, sabem que acerca dos 10 mandamentos, Cristo resumiu-os em dois, sendo os 4 primeiros de amor a Deus e os 4 últimos de amor ao próximo, assim: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. (Fonte: Bíblia Sagrada- Marcos 12:30, e 12:31)
Um líder de crença deveria repensar seus conceitos de religião antes de fazer declarações tresloucadas, que aquém das conseqüências religiosas, geram todo um desconforto internacional polemizado, necessitando do repúdio explícito de líderes católicos, líderes políticos do próprio país, repúdio internacional e até mesmo das estrelas de cinema, buscando aplacar a insanidade alheia.
Por fim, o mundo assistirá, tenso até domingo, o desenrolar dos próximos capítulos desta “novela”, que promete muita audiência ainda.
Mais do que “Passione”.


*em 10/09/2010, Terry Jones, pressionado pela opinião pública internacional, recuou dizendo que "Definitivamente não vamos queimar o Alcorão, nem hoje nem nunca" (em: http://noticias.r7.com/internacional/noticias/pastor-dos-eua-diz-que-nao-queimara-alcorao-nem-hoje-nem-nunca-20100911.html- acesso em 13.09.2010)
Autor: Teluryca Lucrécya Floriano Gonçalves Pinheiro


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