Escrever E Não Ser Lido



Eu já estava desistindo da idéia de ser escritor. Pois, a décima editora que, indeferia meus contos. Meus Deus, o que faria então da vida um homemfadado ao fracasso. Não havia mais nada á fazer. Eu já havia assistido todos os filmes de Olívia Del Rio, lido todos os livros de Herman Hesse, plantado uma árvore em frente a farmácia onde trabalhava, e tido duas filhos comminha terapeuta.

Os discos, que desejei, comopor exemplo, o último do The doors antes de Morrison morrer em Paris; eu já havia conseguido.Trocara com um amigo, por uma garrafa de uísque, em uma noite em que havíamos jogado cartas até o amanhecer.

O telefone tocou, deixando –me ainda mais impaciente; aquele não era meu dia. Peguei o fone, e fui monossilábico com minha ex-mulher. Era o mesmo problema de sempre – queria aumento de pensão. Expliquei-lhe que, o que ganhava na farmácia era insuficiente para sustentar cinco pessoas: duas meninas, ela, meu gato Fidel e, eu. Disse-lhe que arranjasse logo um emprego,ou voltasse á clinicar e, parasse de pensar quea sustentaria por toda a vida.

-Você é maior de idade, e tem curso superior. Sabe que logo, logo vai arranjar um emprego.Respondi-lhe colérico.Pois, toda a vez que me telefonava discutíamos.

Como pude me envolver como uma mulher tão infantil.Estava tão frágil, quando comecei minha terapia, que acabei me apaixonando pelaTerapeuta. Louco que estava, casei, e tive duas filhas coma maluca, que logo depois que casamos parou de trabalhar, começando a me vigiar por todos os lugares que eu ia. Após dois anos de relacionamento, abandonei o lar, e, voltei para a capital. Sem dinheiro, emprego, nem cigarros.

Ao chegar na cidade telefonei á uma antiga namorada. Uma senhora, rica, e muito grata aos favores prestados no passado. Eu sabia, que deveria ser castigo, pela minha falta de caráter, e desonestidade comClara, minha ex-esposa, pois mesmo depois de casado eu continuava saindo com Verônica Será que era por isso, que nada dava certo?

Elame ajudou com as despesas da casa, no colégio das meninas, e na casa que dei a elas em doação, com medo de que Clara a vendesse, porque era viciada em jogos.Eu fiz um grande favor a ela, quando pedi que ficasse no interior. Lá não haviam casas de Bingo, nem de jogos eletrônicos. Ela ficou longe dos seus vícios. Pelo menos por algum tempo. E, minhas filhas, pela primeira vez na vida, se sentiam livres para brincar e, fazer novas amizades.

Era, por elas que eu me tornara um gigôlo, manipulador, que vivia fornicando viúvas desesperadas. O que me restou, foram alguns contos, que escrevi enquanto, Clara estava grávida das meninas, e um quarto-sala, que ganhei de presente de Verônica, de pois dela me assegurar que eu fui o homem da sua vida e , a trepada do século.

Em uma terça-feira de manhã, quando eu assistia Segunda –feira ao Sol com Javier Barden um telegrama fez-me sentir o mais feliz dos mortais. Uma Editora de São Paulo, publicaria meu livro de Contos. Enfim meus contos seriam lidos. Acho, que Deus havia me recompensado por ter deixado Verônica.Cansei de ser comprado com roupas, comida, e dinheiro....

Chamei todos os meus amigos e, comemoramos até o raiar do dia. Eu já começava a me sentir um homem novamente.....


Autor: angelica rizzi


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