Pós operatório: Cuidados de enfermagem pós-operatórios.



Introdução

A unidade de Pós-Operatório (UPO) tem por principal objetivo atender aos pacientes vindos da sala cirúrgica ou da Recuperação Pós-Anestésica (RPA) e que foram submetidos a cirurgias eletivas - de uma única ou de várias especialidades. Nela também podem atender a cirurgias de urgência e transplantes, conforme a estrutura organizacional da Instituição (SMELTZER, 2004).

O paciente, assistido nesta unidade, se portador crônico de alterações funcionais em órgãos ou sistemas, poderá apresentar repercussões importantes no pós-operatório. Nas cirurgias eletivas estas alterações são tratadas ou compensadas antes do ato operatório. Entretanto nas cirurgias de urgência tais disfunções nem sempre são compensadas no pré-operatório. Os pacientes que evoluem com estabilidade hemodinâmica na RPA podem voltar à enfermaria para completar sua recuperação. Aqueles que manifestam instabilidade na RPA, ou que têm antecedentes mórbidos passíveis de complicações, geralmente são transferidos à UPO para observação intensa e contínua (AUSIELLO, 2005).

O período cirúrgico é dividido em três fases: a primeira é a pré-operatória; a segunda, a intra-operatória e, a terceira, pós-operatória. Nesta última, a enfermagem desempenha o importante papel de proporcionar ao paciente o retorno às atividades rotineiras. O pós-operatório inicia-se com os períodos pós-anestésico e pós-operatório imediato, nos quais o paciente está se recuperando dos efeitos anestésicos. O pós-operatório tardio é o tempo de cicatrização e prevenção das complicações, este período pode durar semanas ou meses após cirurgia (SMELTZER, 2004).

A assistência de enfermagem durante o período pós-operatório imediato concentra-se em intervenções destinadas a prevenir ou tratar complicações. Por menor que seja a cirurgia, o risco de complicações sempre estará presente. A prevenção destas, no pós-operatório promove rápida convalescençia, poupa tempo, reduz gastos, preocupações, ameniza a dor e aumenta a sobrevida (NETTINA, 2003).

 

Após a avaliação, pelo enfermeiro, dos controles gerais, dos antecedentes clínicos, da fisiopatologia da doença, das intercorrências intra-operatórias e anestésicos, e de um exame físico completo, é possível elaborar um plano de cuidados individualizado. A transferência do paciente para sua unidade de origem é um momento de grande ansiedade para ele. A fim de evitar este sentimento, o paciente deve ser preparado num estágio precoce à hospitalização. (AUSIELLO, 2005).

 

A evolução clinica satisfatória do paciente e a estabilização do estado hemodinâmico são sinais de que a fase critica do pós operatório terminou e que será transferido. Durante sua internação na UPO deve-se orientar o paciente, sempre que possível, sobre seu estado, a fim de prepará-lo para uma transferência ou para sua permanência na unidade, diminuindo assim sua ansiedade. Os familiares devem ser orientados sobre a rotina da unidade, estado geral do paciente, possíveis complicações, perspectiva de permanência na UPO e transferência para enfermaria (NETTINA, 2003).

Objetivo mostrar a importância do enfermeiro nos cuidados que são realizados a pacientes pós-operatório deste a transferência para UPO, admissão até a alta para a enfermaria.

DESNVOVIMENTO

 

O período pós-operatório imediato é um momento crítico para o paciente, sendo importante a observação cuidadosa para manter as funções fisiológicas vitais dentro dos parâmetros da normalidade, até que os efeitos da anestesia desapareçam. É atribuição da equipe de enfermagem providenciar o leito e prepará-lo para receber o paciente. A unidade deve estar provida de materiais e equipamentos em perfeitas condições de uso, a fim de atender qualquer situação de emergência. O enfermeiro do Centro Cirúrgico ou da RPA notifica o da UPO que o paciente está pronto para ser transferido. Durante a transferência, o paciente é acompanhado pelo anestesista e pela enfermeiro do CC ou da RPA (BARE, 2004).

 

A equipe multidisciplinar da UPO transfere o paciente para a cama, certificando-se da correta e confortável posição do corpo e observando os cuidados com tubo endotraqueal, cateteres, drenos e sondas. Após a transferência para o leito, todas as sondas e equipamentos são identificados e ajustados apropriadamente. Recomenda-se que todas as infusões sejam substituídas por prescrições médicas atualizadas. O enfermeiro da RPA ou do CC dá informações verbais, que incluem a história do paciente, seu estado, intercorrências no intra-operatório e na RPA.O enfermeiro da UPO informará as condições gerais do paciente, normas e rotinas da unidades aos familiares, permitindo a entrada destes para a visita. Ficarão sob a responsabilidade do cirurgião, ou médico intensivista, informações e orientações sobre a cirurgia (NETTINA, 2003).

 

A cirurgia altera a homeostase do organismo, alterando o equilíbrio hidroeletrolítico, os sinais vitais e a temperatura do corpo. Independentemente do tempo cirúrgico, o risco de complicações pós-operatórias está presente em toda intervenção. Os cuidados de enfermagem na assistência ao paciente no pós-operatório são direcionados no sentido de restaurar o equilíbrio homeostático, prevenindo complicações.O enfermeiro da UPO procede  avaliação inicial do paciente quando este é admitido na unidade. Esta avaliação incluirá as condições dos sistemas neurológico, respiratório, cardiovascular e renal; suporte nutricional e de eliminações; dos acessos venosos, drenos; ferida cirúrgica; posicionamento, dor, segurança e conforto do mesmo (NETTINA, 2003).

 

CIRURGIA TORÁCICA

A cirurgia torácica refere-se a diversos procedimentos cirúrgicos que implicam na abertura da cavidade torácica (toracotomia) e órgãos da respiração. As indicações da cirurgia torácica podem ser para retirada de tumores e drenagem de abscessos, ou reparação do esôfago e vasos torácicos. Na avaliação do paciente deve ser considerada a função cardiopulmonar. São contra-indicações para a cirurgia, as disritmias não-controláveis, o IAM, a ICC e a angina instável. O sucesso da cirurgia não depende somente da habilidade da equipe que opera, mas, também, da qualidade dos cuidados de enfermagem durante os períodos pré e pós-operatório (BARE, 2004).

 

 

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO

As intervenções têm por objetivo otimizar a oxigenação e ventilação, mantendo a vigilância das complicações, controle da dor e auxilio ao paciente na recuperação de sua função cardiopulmonar.Devido ao posicionamento intra-operatório e à terapêutica pré e peri-operatória, as atelectasias e acúmulos de secreções são freqüentes no período pós-operatório. A ventilação do paciente pode ser superficial em conseqüência da dor pós-operatória, o que contribui, também, para a formação de atelectasias e estase das secreções (COMPANY, 1988).

Após a estabilização dos sinais vitais, o paciente será colocado na posição Semi-Fowler, favorecendo, assim, a expansão dos pulmões, facilitando a ventilação com menor esforço possibilitando a drenagem da sonda torácica. O paciente será reposicionado pelo menos a cada 2 horas para prevenção da estase de secreções e manutenção do equilíbrio da ventilação/perfusão  (DOENGES, 2003).

Segundo o mesmo autor é necessário orientar o paciente a tossir e respirar fundo a cada uma ou duas horas, auxiliando-o a amparar a incisão com uma almofada ou cobertor durante a respiração profunda e enquanto tosse. A tosse ajuda-o a movimentar e a expelir as secreções traqueobrônquicas; a respiração profunda dilata as vias aéreas, estimula a produção de surfactante e expande o tecido pulmonar; o apoio estabiliza a zona afetada e reduz a dor durante a realização destes procedimentos.

A umididficação das vias aéreas pode ser feita através de nebulizacão com máscara, cateter de oxigênio ou qualquer outro método. Na presença de ventilação mecânica assegurar a umidificação das vias aéreas, verificando a cada 6 horas o nível de água do umidificador e trocando quando necessário. Além disso, é muito importante verificar a presença de muco espesso e aderente o que sugere insuficiente aporte de líquidos e insuficiente umidificação externa (NETTINA, 2003).

A mobilização do paciente será indicada conforme a fase de recuperação e o tipo de cirurgia realizada. O decúbito lateral é indicado após a cirurgia até a recuperação da sua consciência, visto que promove estabilidade hemodinâmica e previne broncoaspiração. Após a mobilização do paciente verifica-se a posicão de tubos e drenos (DOENGES, 2003).

O enfermeiro permanecerá alerta para possíveis complicações da cirurgia torácica, tais como: insuficiência respiratória (provavelmente resultante da alteração do nível de consciência pelo uso de anestésicos, medicações para dor, reinsuflação pulmonar incompleta, diminuição do esforço respiratório devido a dor e, ainda, limpeza inadequada da via aérea); pneumotórax hipertensivo e desvio de mediastino (podem ocorrer por vazamento de ar através das linhas de incisão pleurais, caso a drenagem torácica fechada não esteja funcionando adequadamente); enfisema subcutâneo (devido a vazamento de ar no local da incisão pulmonar); embolia pulmonar (uma possível complicação no pós-operatório e causa de hipoxemia); edema pulmonar (a hipóxia aumenta a permeabilidade capilar, fazendo com que o líquido penetre no tecido pulmonar, acrescente-se o fato que, a sobrecarga circulatória pode resultar da redução do tamanho do leito vascular em virtude da remoção do tecido pulmonar, fato que retarda a reexpansão do pulmão); arritmias cardíacas (bastante comuns, resultam da associação de vários fatores, como aumento do tônus vagal, hipóxia, desvio do mediastino e pH sangüíneo anormal); hemorragia, hemotórax, choque hipovolêmico (devido a vazamento capilar, planos teciduais do tórax bastante extensos e vascularizados); tromboflebite (a anestesia e imobilidade reduzem o tônus vasomotor, diminuindo o retorno venoso e a deposição periférica de sangue). O conhecimento prévio de tais complicações faz a diferença na assistência de enfermagem especializada, proporcionando ao paciente segurança e confiança na equipe que o está assistindo (SMELTZER, 2004).

CIRURGIA CARDÍACA

A doença valvular do coração é uma alteração da função cardíaca produzida por anomalias estruturais ou funcionais de uma ou mais válvulas. O resultado é a alteração do fluxo sangüíneo através da válvula. Existem dois tipos de lesões: as estenóticas, que provocam uma obstrução do fluxo que passa através da válvula, aumentando a pressão de trabalho do coração e a regurgitação valvular, que provoca um fluxo bidirecional, aumentando o volume de trabalho do coração(FILHO, 2000).

A correção cirúrgica consiste na plastia ou substituição de uma ou mais valvas cardíacas (aórtica, mitral ou tricúspide), revascularização do miocárdio ou transplante cardíaco. O tratamento cirúrgico da doença aórtica está limitado a substituição da válvula. No que se refere à mitral, estão disponíveis três procedimentos cirúrgicos: comissurotomia (tratamento da estenose mitral), reparação valvular (tratamento da regurgitação mitral) ou substituição da válvula (COMPANY, 1988).

 

 

INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO

Após o término da cirurgia o paciente é transferido para a unidade de pós-operatório, onde se recupera dos efeitos anestésicos e permanece por um período aproximado de 24 a 48 horas. No pós-operatório imediato a enfermagem planeja cuidados que visam a manutenção adequada da ventilação, oxigenação e estabilidade hemodinâmica. São necessários um rápido reconhecimento e intervenção, quando ocorrerem mudanças nas condições do paciente, uma vez que, a pessoa submetida à cirurgia cardíaca é freqüentemente mais instável que outros pacientes cirúrgicos, devido aos efeitos da CEC e da manipulação cardíaca. Na admissão o paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal, proporcionando retorno venoso adequado (BARE, 2004).

O enfermeiro deve auscultar sons respiratórios, certificando-se da localização do tubo endotraqueal, detectando um possível pneumotórax e secreções; providenciar monitorização da oximetria de pulso; encaminhar solicitação de raio X e coletar amostra de sangue para exames laboratoriais de rotina e gases sangüíneos arteriais, nos primeiros 15 a 30 minutos da admissão; enzimas cardíacas, oito horas após a cirurgia. É, também, atribuição do enfermeiro aferir o débito cardíaco, pressões de enchimento e coletar gaso arteriovenosa assim que possível. Na presença de marcapasso, avaliar a sensibilidade, amplitude e a modalidade de comando; observar se a freqüência e o ritmo estão ajustados. Os drenos do toráx e (ou) do mediastino devem ser colocados em aspiração a vácuo em coluna dágua, (usualmente em aspiração com pressão de 20cm de água); deverá mensurar e registrar a quantidade e característica da drenagem, repetindo o procedimento de hora em hora. A drenagem dos tubos é considerada normal até 100ml nas primeiras 8 horas após a cirurgia. O paciente pode apresentar hematúria em decorrência da hemólise durante a CEC. A temperatura, na admissão do paciente, é freqüentemente 35 a 360C. Métodos considerados indicadores precisos para controle de temperatura são: artéria pulmonar ou membrana timpânica. O paciente será aquecido lentamente através de sistemas de aquecimento (mantas térmicas) para prevenção de instabilidade hemodinâmica decorrente da rápida vasodilatação. (GEISSLER, 2003).

CIRURGIA UROLÓGICA

A cirurgia urológica envolve procedimentos realizados nos rins, ureteres, bexiga, uretra e órgãos genitais masculinos. Os problemas a serem tratados podem ser congênitos ou adquiridos (AUSIELLO, 2005).

Nefrectomia: remoção de um rim. Realizada para tratar algumas anormalidades congênitas unilaterais e que são causadoras de obstrução renal ou hidronefrose, tumores e lesões graves.

Ureterostomia cutânea: desvio da corrente urinária pela anastomose dos ureteres, a uma alça isolada do íleo, que é exteriorizada na parede abdominal como uma ileostomia. Realizada após cistectomia total ou radical e remoção da uretra.

Cistectomia: excisão da bexiga e estruturas adjacentes; pode ser parcial para retirar uma lesão, ou total, para excisão de tumores malignos. Esta cirurgia envolve geralmente um procedimento adicional de ureterostomia.

Prostatectomia: é a remoção cirúrgica da glândula e sua cápsula; geralmente para tratamento de carcinoma ou porções anormais da próstata.

 

Intervenções de Enfermagem:

A avaliação do paciente após cirurgias urológicas envolve, principalmente, atenção ao balanço hidroeletrolítico. A monitorização contínua do débito urinário a cada hora, durante as primeiras 24 horas é essencial, a fim de proteger e preservar a função renal residual dos rins. Inicialmente, a urina apresenta-se sanguinolenta, tornando-se rosea e, a seguir, adquire sua cor normal. Quando está prevista a drenagem de grandes quantidades de fragmentos celulares e coágulos sanguíneos, recorre-se à irrigação contínua. Este sistema pode ser empregado para lavagem periódica da bexiga. Deve ser fechado, contínuo e estéril para reduzir o risco de infecção (BARE, 2004).

O enfermeiro avaliará frequentemente a permeabilidade do cateter, assegurando-se que esteja drenando. Manterá registro preciso da ingesta oral, da administração endovenosa e dos débitos, anotando a quantidade infundida na irrigação. A solução de irrigação será subtraída dos registros de ingestão e excreção, para evitar uma medida inexata da função renal do paciente e da retenção vesical (NETTINA, 2003).

O paciente pode apresentar dor em resposta a cirurgia; dor adicional se a drenagem dos tubos urinários estiver obstruída; espasmos vesicais causados pela superdistensão da bexiga ou, ainda, irritação provocada pelo balonete do cateter de demora. Complicações podem ocorrer, entre elas: hemorragia, choque, tromboflebite, pielonefrite, pneumotórax e infecção (GEISSLER, 2003).

O enfermeiro deve observar o volume, cor, odor e concentração urinários; e estar atento ao débito urinário, condições e permeabilidade do sistema de drenagem, bem como a presença de sedimentos na urina. A ingesta líquida adequada é excepcionalmente importante para este paciente, no pós-operatório. Grandes quantidades de líquido são geralmente a regra; se o paciente pode tolerá-los por via oral, deve-se escolher esta via. É necessário trocar curativos sempre que for preciso, e utilizar barreira a fim de proteger a pele de escoriações causadas pela acidez da urina (DOENGES, 2003).

  

 CIRURGIAS GASTRINTESTINAIS, ABDOMINAL E ANORRETAL

Os pacientes em período pós-cirurgias abdominais eletivas freqüentemente precisam de assistência em UTI. O requisito para assistência intensiva pode ser uma necessidade de observação rigorosa, porém, mais comumente deve-se à multiplas complicações potenciais que possam ocorrer- pela complexidade da cirurgia e dos fatores de risco inerentes ao paciente. (AUSIELLO, 2005).

 

Vários procedimentos cirúrgicos são empregados no trato gastrintestinal, incluindo o esôfago e ânus, embora estes não estejam contidos na cavidade abdominal, assim como o fígado, pâncreas, vesícula biliar e baço (ROBBINS, 2000).

 

Intervenções de Enfermagem:

O paciente submetido a estas cirurgias pode desenvolver quaisquer das complicações de um procedimento cirúrgico. Além dos cuidados pós-operatórios gerais, o enfermeiro permanecerá atento às complicações imediatas que incluem: distensão abdominal, obstrução intestinal , hemorragias e deiscência da linha de sutura. Além disto, avaliará se ocorrem complicações cirúrgicas gerais, tais como: choque, problemas pulmonares, trombose, evisceração, íleo paralítico e infecção (SMELTZER, 2004).

Geralmente durante o período pós-operatório o paciente precisará de uma sonda nasogástrica para prevenir a retenção de secreções gástricas. Estas sondas serão mantidas na mesma posição, abertas em drenagem por gravidade. Se a sonda nasogástrica estiver permeável (desobstruída), náuseas e vômitos não ocorrerão (GEISSLER, 2003).

Os ruídos hidroaéreos serão auscultados pelo menos a cada 8 horas, para avaliar o retorno da atividade intestinal normal. No pós-operatório o paciente manterá jejum e uma sonda nasogástrica em drenagem. A permeabilidade desta será mantida para assegurar que o coto gástrico não seja distendido por um acúmulo de secreções, gases ou drenagem, que esticariam a sutura e romperiam o coto. O material drenado deve ser vermelho vivo num período de 8 a 10 horas, tornando-se esverdeado, devido à bile, após 24 horas. Na presença de gastrostomia, esta deve ser mantida em drenagem (NETTINA, 2003).

CIRURGIA VASCULAR

A integridade e a permeabilidade do sistema vascular, incluindo-se as artérias, veias e vasos linfáticos, são essenciais para a vida dos tecidos humanos. Os problemas vasculares podem ser agudos e constituírem uma emergência que coloque em risco a vida ou um membro. Os objetivos no tratamento dos pacientes cirúrgicos vasculares são: suporte do sistema vascular, remoção da causa, evitando-se episódios posteriores de isquemia. De maneira geral, a cirurgia vascular envolve a retirada da obstrução através da ressecção e remoção de trômbos e êmbolos (ROBBINS, 2000).

Embolectomia : retirada cirúrgica de um êmbolo de um vaso sanguíneo.

Aneurismectomia : aneurisma é uma dilatação localizada da parede arterial e que provoca uma alteração da forma do vaso e do fluxo sanguíneo. Pode ser abdominal ou torácico. Existem quatro formas de aneurisma: fusiforme, quando ocorre dilatação de um segmento inteiro de uma artéria; sacolar, envolvendo apenas um dos lados da artéria; dissecante, quando ocorre rotura da íntima provocando um "shunt" de sangue entre a íntima e a média de um vaso e pseudo-aneurisma, resultante da rotura de uma artéria (FILHO, 2000).

Endarterectomia : abertura da artéria sobre uma obstrução e alívio desta ou ressecção de material ateromatoso que está provocando o bloqueio.

Simpatectomia : ressecção de segmentos selecionados do sistema nervoso simpático para desnervar o sistema vascular, produzindo vasodilatação.

 

Intervenções de enfermagem:

A assistência de enfermagem pós-operatória, na cirurgia vascular, é determinada pelo local da cirurgia; pela extensão da revisão cirúrgica e anestesia . Os principais objetivos no cuidado aos pacientes vasculares são: suporte do sistema vascular, estabilização hemodinâmica e controle da dor. Geralmente o paciente é internado por 24 a 48 horas numa UTI, onde são monitorizados sinais vitais e outros parâmetros hemodinâmicos; há acompanhamento do equilíbrio hídrico e eletrolítico. O doente é mantido no respirador para facilitar as trocas gasosas (NETTINA, 2003).

 

A avaliação pós-operatória e os cuidados de enfermagem a pacientes submetidos à cirurgia da aorta incluem: monitorar as condições circulatórias para determinar a permeabilidade do enxerto, verificando a presença e qualidade dos pulsos arteriais periféricos e profundos ( femoral e poplíteo e pedioso dorsal); avaliar o sistema neurovascular através da presença e localização da dor, palidez, parestesia, paralisia e ausência de pulso; verificar a temperatura, coloração e mobilidade dos membros (GEISSLER, 2003).

 

É necessário manter o volume hídrico vascular adequado, através da constatação da estabilidade hemodinâmica, para prevenir choque hemorrágico em decorrência da perda de sangue na cirurgia ou no pós-operatório. O paciente é posicionado em decúbito dorsal ou Trendelemburg, com cabeceira elevada em 300 a 400 e orientado a não fletir os joelhos ou quadris,na presença de enxertos abdominais ou femorais(DOENGES, 2003).

 Segundo o autor, a monitorização da função dos rins, através da ingestão e eliminação de líquidos, é vital, pois complicações renais podem ocorrer, devido à isquemia por baixo fluxo aórtico, redução do débito cardíaco, êmbolos, hidratação inadequada ou pinçamento da aorta acima das artérias renais durante a cirurgia.

Os cuidados de enfermagem a estes pacientes são essenciais nas primeiras 24 horas e incluem: avaliação cuidadosa dos sinais vitais e da função neurológica (reação pupilar, nível de consciência, função motora e sensorial). Manter a cabeça ereta e elevada ajuda na permeabilidade das vias aéreas e minimiza o "stress" no local da cirurgia. Avalia-se o padrão respiratório, a pulsação e a pressão arterial. A pressão arterial sistólica será mantida entre 120 e170mmHg para garantir a perfusão cerebral. Pode ocorrer obstrução das vias aéreas superiores devido ao engurgitamento do pescoço ou à formação de hematoma localizado. Se ocorrer está hematoma é indicada aplicação de frio no local da incisão (COMPANY, 1988).

 

 CIRURGIA DA CABEÇA E PESCOÇO

Das cirurgias que envolvem a especialidade cabeça-pescoço, com indicação de assistência em UPO são:

Tireoidectomia total : ressecção total da glândula tireoide, normalmente feita nos casos de câncer da tireóide (SRPA).

Tireodectomia parcial : ressecção parcial da glândula tireoide .

Laringectomia: ressecção da laringe (SRPA)

Laringectomia total: retirada completa da laringe, cartilaginosa, do osso hióde e dos músculos em fita inseridos na laringe e possível exerese do espaço pré - epiglótico junto com a lesão (SRPA).

Dissecção cervical radical: envolve a retirada de toda gordura subcutânea dos canais linfáticos e de alguns dos músculos superficiais, de uma determinada região do pescoço (B e SRP).

Hemiglossectomia: remoção do segmento lateral da língua.

 

Intervenções de Enfermagem:

Os cuidados de enfermagem à pacientes com extensa cirurgia de cabeça e pescoço requerem um intenso monitoramento de sinais vitais, gases sanguíneos e exames laboratoriais. É essencial nesta e nas fases subseqüentes atenção às necessidades de conforto, nutrição e comunicação (BARE, 2004).

 

A obstrução das vias aéreas é uma das mais sérias complicações no pós operatório. Sintomas de inquietação ou dispnéia, taquicardia e taquipnéia indicam que as vias aéreas estão obstruídas. Esta pode ser uma resposta ao edema ou hemorragia, sendo que na tireoidectomia. Deve-se manter nebulização continua para facilitar a respiração e fluidificação das secreções, realizar aspiração do estoma, nariz e boca, com sondas maleáveis e não traumáticas. Pode ser necessário ventilação mecânica, material de entubação deve estar preparado (NETTINA, 2003).

 

A imobilização da cabeça e pescoço é essencial para evitar a flexão e hiperextensão do pescoço, com resultante tensão e edema na linha de sutura . O paciente deve ser posicionado em semi-fowler baixa, com a cabeça elevada cerca de 30 graus. Esta posição promove a drenagem das secreções, reduz o edema, evita a compressão nas linhas de sutura e facilita as respirações. Mobilizar, estimular a tosse e respiração profunda é essenciais para evitar atelectasias e pneumonia hipostática (GEISSLER, 2003).

Geralmente a drenagem do estoma da traqueotomia é mínima. O curativo fica sujo devido as secreções e sudorese. O mesmo deve ser trocado sempre que necessário e a pele mantida limpa e seca para evitar maceração e infecção. A pele ao redor do estoma deve ser limpa com soro fisiológico e solução antisséptica. As bordas da traqueostomia protegidas com gazes dobradas. A fixação da cânula de traqueostomia deve ser suficiente para assegurar uma tensão adequada e evitar deslocamento ou saída acidental , que pode resultar em complicações agudas das vias aéreas (COMPANY, 1988).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A assistência de enfermagem no pós-operatório imediato é de fundamental importância dentro do contexto do atendimento multidisciplinar ao paciente grave. Evidentemente, além dos cuidados de enfermagem que visam promover o conforto e o bem estar do paciente , o profissional nesta unidade deve ter amplo conhecimento das alterações fisiológicas induzidas pelo ato cirúrgico, estando apto a detectar precocemente alterações que possam comprometer a evolução deste, comunicando e discutindo o quadro clínico com a equipe multidisciplinar, para que ações imediatas possam ser tomadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

AUSIELLO, D.; GOLDMAN, L.  Cecil: Tratado de Medicina Interna, 22ª ed. São Paulo. Editora Elsevier, 2005.

 

BRASILEIRO, Geraldo,F; Bogliolo: Patologia, 6ª ed. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, 2000.

 

CORREA, Cristina. Diagnóstico de Enfermagem da Nanda: Definições e Classificação 2005-2006. Porto Alegre. Editora Artmed, 2006.

 

COTRAN, Ramzi, KUMAR, Vinay, COLLINS, Tucker. Robbins: Patologia Estrutural e Funcional, 6ª ed. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, 2000.

 

DOENGES, marilynn; MOORHOUSE, Mary, GEISSLER, Alice. Planos de Cuidados de Enfermagem, 5ª ed. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, 2003.

 

NETTINA, Sandra. Prática de Enfermagem, 7º ed. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, 2003.

 

SMELTZER,S.C; BARE,G.B. Brunner e Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgico, 10ª ed. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, 2004.

 

COMPANY, W. B. SAUNDERS COMPANY. Enfermagem prática, 4ª ed. Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, 2004.
Autor: Álvaro Rocha


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