A Ação Docente Na Educação Superior



A AÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR


Danielle Alves de Santana
Graduada em Pedagogia Licenciatura Plena e Habilitada em Supervisão Escolar


RESUMO


A presente temática aborda em seu contexto as competências pedagógicas do educador do ensino superior, incluindo dentro dessa perspectiva, um senso crítico-investigativo-profissional inseridos no núcleo docente dos nossos educadores, abordando temáticas que nos levam a refletir como está sendo desenvolvida a prática docente desses profissionais, procurando interagir a pesquisa com a troca de conhecimentos representada por dois sujeitos: o aluno e o professor. Este estudo tem por objetivo apontar as representações sociais sobre o que é "ser professor", levando em consideração a análise principalmente o docente universitário, importante ator social que constitui a dinâmica escolar, apontando e refletindo o quanto essa atividade é complexa, tanto no plano pessoal, quanto profissional.

PALAVRAS-CHAVE: Professor, prática docente, técnicas, ensino superior.


A especificidade do SER professor

Com a modernidade, a sociedade alcançou um estágio muito mais complexo, com inúmeras tentativas e propostas de alterações no quadro educacional. No tocante ao trabalho docente, novas técnicas se fazem necessárias devido às transformações educacionais e o ser professor exige novas aprendizagens capazes de satisfazer aos desafios colocados à nossa realidade.
O professor do século XXI deve ser um profissional da educação que elabora com criatividade conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade. Essa é a principal definição do que é necessário para ser um professor inovador dentro das categorias que especificam mais precisamente as funções de um bom docente.
Um bom professor necessita antes de tudo, aprimorar técnicas facilitadoras que possibilitem aos seus alunos um entendimento mútuo do conteúdo abordado. Como afirma Marques (1969, p.60) "Professores bem sucedidos têm ao menos três qualidades: confiam em si mesmos, sabem o que ensinam e acreditam nas possibilidades dos alunos". Faz-se necessário que seja simétrica a capacidade de aprimorar ainda mais as habilidades intelectuais dos seus discentes, estimulando a pesquisa como campo primordial para o desenvolvimento dos alunos.
De fato, o ser professor é uma tarefa desafiadora, porém prazerosa. Requer dedicação, e amor à profissão, assim como todos os outros ofícios. Mas, enfatizando o "ser professor" como o indivíduo formador de opiniões, que se dedica a ensinar e transmitir conhecimentos aos seus alunos, apontando caminhos institucionais (coletivamente) para enfrentamento das novas demandas do mundo contemporâneo, deve-se rever algumas questões e valores a serem aplicados a esses profissionais, com competência do conhecimento, com profissionalismo ético e consciência política.
Assim, estaremos aptos a oferecer oportunidades educacionais aos nossos alunos para construir e reconstruir saberes à luz do pensamento reflexivo e crítico entre as transformações sociais e a formação humana, usando para isso a compreensão e o desenvolvimento das técnicas facilitadoras que adquirimos ao longo da preparação para o ofício.
Segundo Marques (1969, p.64),
"O professor que tem entusiasmo, que acredita nas possibilidades do aluno, é capaz de exercer uma influência benéfica na classe como um todo e em cada aluno individualmente, pois sua atitude é estimulante e provocadora de comportamentos ajustados".

Faz-se necessário que o educador seja um referencial para seus educandos, transmitindo segurança e esclarecendo bem suas idéias, para que assim, todas as pessoas interajam-se no Sistema Educacional como um todo, dando espaço para que os alunos participem dos métodos discursivos em sala de aula, permitindo uma correlação entre alunos e professores.
O ser professor deve estar associado a um conjunto de situações que levam ao docente partilhar com seus discentes intervenções e circunstâncias que atinjam objetivos determinados, oferecendo subsídios para a melhoria da qualidade do trabalho dos docentes com os seus alunos. Perrenoud (2002) afirma em suas concepções que no ofício do professor encontramos capacidade de capitalizar a experiência, de refletir sobre sua prática para reestruturá-la.
Tomando essa perspectiva, o objetivo do trabalho docente é um processo que envolve um conjunto de pessoas na construção de saberes. Citando a linha de pensamento de Gomes e Marins quando elas afirmam que o profissional da educação, em sua trajetória, pode estar sujeito a inúmeras situações que estimulem ou não essa atividade de profundar ações e interações relacionais de intensa experiência.
Dentro dessa linha de raciocínio conclui-se que entre a relação professor- aluno, ensino- aprendizagem, "o ser professor" procura estabelecer uma ponte social entre as ramificações docente e discente diante dos aspectos abordados, não se baseando apenas na racionalidade técnica, produzindo novos conhecimentos e novas metodologias inovadoras que levam aos seus alunos ações que desafiem ou possibilitem o desenvolvimento das operações mentais.


O professor do ensino superior


O perfil do professor universitário basea-se num processo que envolve a construção de saberes, no sentido de que, o professor deve aplicar em suas metodologias utilizadas em classe, competências pedagógicas que possibilitem aos seus alunos o despertar à pesquisa e a investigação, como meio de ampliar o desenvolvimento crítico no campo de conhecimento. Essas competências significam, em primeiro lugar, um domínio dos saberes básicos em determinada área.
O objetivo máximo da docência é a aprendizagem de nossos alunos. Isso implica a importância de o professor ter clareza sobre o que significa aprender. Como assegura Marques (1969) "O bom professor mostra para seus alunos como fazer as coisas e não se contenta com o fato de que ele mesmo sabendo é o suficiente".
No âmbito do conhecimento, o ensino superior percebe a necessidade de se abrir para o diálogo com outras fontes de produção de conhecimento e de pesquisa e os professores já se reconhecem como parceiros a quem compete compartilhar seus conhecimentos com outros e mesmo aprender com outros, inclusive com seus próprios alunos. É um novo mundo, uma nova atitude, uma nova perspectiva na relação entre o professor e o aluno no ensino superior.
Portanto, algumas considerações são necessárias para transmitir um conhecimento objetivando a um determinado senso comum ao que se pretende alcançar, possibilitando propostas que contribuam com o desenvolvimento intelectual do corpo discente, obtendo êxito no processo de ensino-aprendizagem.
Determinadas metodologias o educador do ensino superior necessita para uma boa conduta em sala de aula, de tal forma que a aprendizagem se faça com maior eficácia e maior fixação, analisando as teorias que proporcionam melhores técnicas, possibilitando o ensino com pesquisa, proporcionando o exercício a prática, integrando-se no processo de aprendizagem e consequentemente alcançando uma meta quanto ao transmitir saberes. Esses são uns dos princípios básicos para desenvolver metodologias que possibilitem um bom desenvolvimento do ensino.
Para Gomes e Marins (2004, p.160),
"O docente que exercita o aprender fica cada vez mais sensível e aberto para captar a diversidade que o circunda, para experimentar novos conhecimentos, novos relacionamentos pessoais, profissionais, para construir para si próprio a imensa possibilidade de estar sempre contextualizado nesse mundo em constante transformação."

É preciso que os professores adquiram maior poder político, no sentido lato do termo, o que implica a invenção de modalidades associativas que ultrapassem as formas sindicais tradicionais e que exprimam as novas necessidades de organização profissional. O professor necessita inovar suas técnicas, quebrando paradigmas e inovando suas tendências às aulas.
Desse modo, o corpo docente precisa enquadrar-se numa modalidade de ensino que atenda às demandas do modelo dialético, inovador, criando estratégias de aprendizagem que se enquadrem nas tendências tecnicistas, rompendo o velho raciocínio de apenas "dar a aula" e transformar esse contexto em "fazer a aula", de maneira dinâmica e criativa que permitirão ao aluno aprender, bem como corrigi-los quando necessário, mantendo uma relação mutua entre si. O professor tem que ser um motivador para o aluno realizar as pesquisas e os relatórios, criando condições contínuas de feedback entre aluno-professor e aluno-aluno.
De acordo com Kant (1996, p.17),
"De fato, hoje se começa a julgar com exatidão e a ver de modo claro o que propriamente pertence a uma boa educação. É entusiasmante pensar que a natureza humana será sempre melhor desenvolvida e aprimorada pela educação, e que é possível chegar a dar aquela forma que em verdade convém à humanidade."

O professor universitário deve manter uma postura construtivista, utilizando técnicas que possibilitem o ensino de maneira que o aluno sinta vontade de aprender, tornando a aula prazerosa e ao mesmo tempo interessante, em que as pessoas interessem-se pelos temas abordados através de como fora transmitido aquele determinado conteúdo. Trabalhar com pesquisa, projetos e novas tecnologias, como comentado, são caminhos interessantes que, ao mesmo tempo em que incentivam a pesquisa, facilitam o desenvolvimento da parceria e co-participação entre professor e aluno.
Nessa visão, portanto, o professor como agente inovador de tendências educacionais tecnicistas, necessita rever suas metodologias aplicadas para atender as demandas inovadoras do ensino, renovando a ação do professor quanto às aulas que serão desenvolvidas e construídas ao longo do desenvolvimento dos assuntos abordados em classe juntamente entre alunos e professores.
Pimenta e Anastasiou defendem que um dos grandes desafios do professor universitário é selecionar, do campo científico, os conteúdos e os conceitos a serem aprendidos, em virtude da complexidade, heterogeneidade, singularidade e flexibilidade do conhecimento [...] uma vez que a ciência está em constante mudança e construção. Portanto, faz-se necessário que haja uma parceria colaborativa entre o corpo discente e o docente, trabalhando essa relação a qual ambos tenham responsabilidade quanto à busca e a conquista de conhecimentos.
Em virtude dessas considerações, o ensino superior não pode deixar de rever seus currículos de formação dos profissionais, não pode também querer revê-los apenas com a visão dos especialistas da Instituição (os professores). Há necessidade de a universidade sair de si mesmo, arejar-se com o ar da sociedade em mudança e das necessidades da sociedade.
A reflexão crítica e sua adaptação ao novo de forma criteriosa são fundamentais para o professor compreender como se pratica e como se vive a cidadania nos tempos atuais, buscando formas de inserir esses aspectos em suas aulas, tratando dos diversos temas, selecionando textos de leitura, escolhendo estratégias que, ao mesmo tempo, permitam ao aluno adquirir informações, reconstruir seu relacionamento, debaterem aspectos cidadãos que envolvam o assunto, e manifestar suas opiniões a respeito disso. Conciliar o técnico com o ético na vida profissional é fundamental tanto para o professor quanto para o aluno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Livros
GOMES, Heloísa Maria; A ação docente na educação profissional/Heloisa Maria Gomes, Hiloko Ogihara Marins - São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.
KANT, Immanuel. Sobre a pedagogia. Piracicaba, SP: Editora UNIMEP, 1996.
MARQUES, Juracy C. Ensinar não é transmitir, Ed. Globo; Porto Alegre; 1969.
PERRENOUD, Philippe: A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógica/ Philippe Perrenoud; tradução Cláudia Schilling. – Porto Alegre: Art méd Editora, 2002.
PIMENTA, Selma Garrido: Docência no ensino superior/ Selma Garrido Pimenta, Léa das Graças Camargos Anastasiou. – São Paulo: Cortez, 2002- (Coleção Docência e Formação).
SANTOS, Luciola Licinio de C. P. Santos. Formação do professor e pedagogia crítica. In: A pesquisa em educação e as transformações do conhecimento; Ivani Fazenda (org.). Campinas, SP: Papirus Editora, 1995.

Autor: Danielle Santana


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