Analise Comparativa Da Divisão Do Trabalho Entre Marx E Durkheim



Antes de iniciarmos a analise comparativa entre as teorias do positivista Émile Dürkheim (1851 – 1917) e do comunista Karl Marx (1818 – 1883), primeiramente iremos expor o que estes autores teorizavam acerca da divisão do trabalho e dos valores sociais embutidos.
Segundo Émile Dürkeheim em sua obra "Da divisão do trabalho social" a sociedade deveria ser vista como um sistema organizado, ordenado e interdependente de várias instâncias que juntas transformar-se-iam em uma unidade, para Dürkeheim a sociedade é considerada como um corpo humano que depende do perfeito funcionamento dos seus órgãos (instâncias sociais) para sobreviver.
Com o inchaço da sociedade segundo este sociólogo multiplicam-se estes "órgãos" em quantidade fruto da especialização da mão de obra e da diversificação da produção, para Émile Dürkeheim quando um setor produtivo da sociedade ou um "órgão" não consegue desenvolver seu papel em plenitude com as outras instancias sociais o denominado "corpo" (sociedade) adoece criando assim um estado de anomia social.

Porque, como nada contem as forças em presença e não lhes atribui limites que sejam obrigados a respeitar elas tendem a se desenvolverem sem termos e acabem se entrechocando, para se reprimirem e se reduzirem mutuamente. (DÜRKEHEIM, VII:2004).


Para Dürkeheim a única maneira de combater a anomia social é através da solidariedade social, conceito este formulado acerca de observações feitas pelo autor à sociedade, a solidariedade social é dividida em solidariedade mecânica e solidariedade orgânica. A solidariedade mecânica se da através da interação e identificação social que os indivíduos têm entre si e são expostas através da religião, dos costumes, da cultura etc. Já a solidariedade orgânica da se através da relação de interdependência causada pelo trabalho, ou seja, cada área é completada pela outra e assim sucessivamente.
Segundo Émile Dürkeheim a anomia social se da através da perda do sentido de dependência das outras áreas, quando o homem foca-se somente em sua especificidade e perde a noção do todo, ignorando os outros atores sociais.
Logo o restabelecimento do bom funcionamento social só seria possível através de "corporações capazes de cumprir com a autoridade moral estabelecendo regras de conduta sobre os indivíduos" (QUINTANEIRO, 2002). Assim a divisão do trabalho assumiria o seu caráter moral ampliando a coesão na sociedade moderna.
Já para o Filósofo e Sociólogo Karl Marx o estudo da sociedade se dá através das relações de antagonismo, ou como este denominava a luta de classes, para Marx a consciência social do individuo se da através das condições materiais em que este é criado e da história e momento social e político que este vivenciou e vivencia, estas são as bases do Materialismo Histórico Dialético.
Para Marx existem duas classes sociais que estão em constante embate que são denominadas Burgueses (donos dos meios de produção) e os Proletários (indivíduos que vendem seu único produto, a força de produção).

A nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se, entretanto por ter simplificado os antagonismos de classe. A sociedade inteira vai se dividindo cada vez mais em dois grandes campos inimigos, em duas classes diretamente opostas entre si: burguesia e proletariado (MARX, ENGELS, p. 47: 2002)


Temos que deixar claro que para Marx a divisão do trabalho se da através da apropriação dos meios de produção pela iniciativa privada tanto que é proposta em sua teoria a expropriação destes meios da iniciativa privada colocando o Estado como detentor dos meios de produção. Ademais para Marx as divisões do trabalho provem à alienação do trabalhador e a destruição das relações cordiais entre os homens, dado que este passa a ter que vender sua força de trabalho e não recebe conforme o excedente produzido e comercializado, valor este que fica para os donos dos meios de produção, recebe sim conforme um valor mínimo que garanta sua subsistência e a manutenção de sua mão de obra.
Concluindo podemos nos certificar como as posições acerca a divisão do trabalho são extremamente opostas dado que para Émile Dürkeheim a divisão do trabalho e algo favorável porque ela propicia o advento da solidariedade entre as pessoas conforme os conceitos de solidariedade mecânica e orgânica contidos em sua teoria, já para Karl Marx a divisão do trabalho é totalmente negativa dado que desta advém a exploração da mão de obra ou seja a alienação do trabalhador assim incitando a destruição das relações cordiais entre os homens e dividindo a sociedade em dois grandes grupos, os Burgueses (exploradores) e os Proletários (explorados).
Ademais outra diferença extremamente relevante é a visão epistemológica que estes autores têm acerca o mundo do trabalho, para Dürkeheim a sociedade e as suas relações sociais formam a personalidade e a forma de agir dos indivíduos, ou seja, o individuo é formado de uma forma externa (sociedade), já para Marx a consciência individual é formada dialeticamente, ou através de como a pessoa lida com a influencia externa e transforma o que lhe é passado ou muitas vezes exposto.
Se formos aprofundar um pouco mais na visão de Dürkeheim o individuo é um fantoche social dado que este depende apenas da influencia social para formar seu caráter, seu jeito de pensar, tornando-se assim algo de previsível, já o conceito de homem Marxicista, o transformador da natureza tem o discernimento de não aceitar tudo que lhe é imposto, por isto que no decorrer de sua teoria Marx vislumbra a possibilidade real de uma revolução onde os meios de produção seriam destituídos da iniciativa privada e passados para o estado.

Autor: Prof°Leonardo Dlugokenski

Autor: Leonardo Dlugokenski


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