A África e seu potencial energético



A África e seu potencial energéticoJoao Bosco MonteDoutor em EducaçãoPesquisador CNPqAs principais economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, Indonésia, China e África do Sul) representam 24% do PIB mundial e 46% da população do planeta. Esses países cresceram nos últimos anos a um ritmo inimaginável para o resto das economias ocidentais. Mas nossa atenção deve voltar-se também para outra parte do planeta: o continente africano. Os países africanos formam um mercado com enorme potencial. A China e a Índia tomaram consciência dessa realidade antes que qualquer outro país e firmaram parcerias em diversos tipos de ação a fim de promover sólidas e duradouras relações econômicas e comerciais. Assim, não é raro encontrar, em algumas cidades africanas, construções feitas com recursos do governo chinês. Durante os últimos oito anos, os investimentos no setor da construção cresceram uma média de 8,5%. Em 2008, o crescimento foi do 9,4%, uma percentagem comparável às cifras de países como China (12,6%) e Índia (14,9%). Os prognósticos para 2009 indicam um crescimento no investimento de 6%, quando ao contrário, em todo mundo se verificou uma redução de 2,6%, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. A crescente importância que o mercado africano atingiu no cenário internacional fica destacada na análise deste mercado em termos de volume de negócio. Os principais investidores do mundo foram atraídos pelas grandes perspectivas econômicas do continente e seus enormes projetos para o desenvolvimento de sua infra-estrutura. O volume de negócio na África, em definitivo, passou de 7,7 milhões de dólares em 2000 a quase 51 bilhões em 2008, mostrando o aumento em comparação com o ano anterior quando da impressionante cifra de 78%. Mas ultimamente o que tem atraído a atenção de todo o mundo para o continente africano, é o que podemos chamar de agro-energia. E o Brasil disparou à frente de todos os demais países. Durante o ano de 2009, a Embrapa, a Petrobras e a Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) expandiram as fronteiras da produção de mandioca, milho, sorgo e soja, entre outros cultivos, como potencial fonte de energia da África. O espaço propício é amplo: Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné Bissau, Libéria, Moçambique, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo, já receberam a visita de Luis Inácio Lula da Silva e, por declaração do próprio presidente, estão na agenda brasileira com vistas para o ano 2022. Por outro lado, a Petrobras e a Embrapa continuam selando acordos tanto com agências estatais e empresas privadas dos Estados Unidos, bem como com instituições britânicas, italianas, chinesas, japonesas, indianas e sul-africanas. A estratégia é a triangulação de negócios: uns produzem, outros compram e ao Brasil cabe a gerência. Este esquema, de lucro inteligente aplicado ao desenvolvimento sustentável, pode dar resposta não só a necessidades urgentes como as enfrentadas pela África do Sul, que produz 92% de sua energia com carvão mineral, senão à futura ordem energética. Isto possibilita a substituição das matrizes tradicionais e, portanto, abre o jogo a um cenário futuro onde o denominador comum poderá ser o trinômio Brasil-África-agrocombustíveis. Em tempos de crise, os governos e as empresas devem ser capazes de aproveitar as oportunidades que oferecem os mercados. O Brasil já aprendeu a lição.


Autor: Joao Monte


Artigos Relacionados


O Segredo De Ganhar Dinheiro Na Africa ? Parte 1

O Continente Africano: Principal AtraÇÃo Dos Investimentos Internacionais, Inclusive Brasileiros

"brasileiros No Mundo ? AÇÃo E Riqueza"

"investimentos No Brasil"

"china E O PetrÓleo Do Brasil"

Conflitos Do Continente Africano

"china E Índia ? Parceria Para O Desenvolvimento"