A rotina é uma ilusão.



A rotina é uma ilusão.

Uma atenta visão sobre a vida nos comprova que a rotina é uma ilusão. E o simples fato de que as coisas não se repetem, são permanentemente novas, já prova isso.

Cada instante é único. Foi ontem, será amanhã ou é agora. E é nesse agora que podemos fazer algo, podemos viver.

Uma bela lição hindu nos diz que, se alguém mergulhar o pé num rio, retirá-lo e, imediatamente, repetir a ação, já não será o mesmo pé, nem será o mesmo rio. A ciência já provou isso!

Essa beleza instantânea do único é apaixonante. Ela nos cativa quando ficamos atentos a ela, a ponto de tornar-mo-nos vivos de verdade. Cientes do momento.

Mas acreditamos na rotina. Cremos que as coisas são sempre as mesmas, quando não são mais. Em verdade, não conhecemos nada. Pensamos que, mas isso é muitíssimo diferente de conhecer.

Conhecer é estar lá, vivo em cada instante, como se ele fosse único, como de fato é.

Infelizmente, muitas pessoas só conhecem isso no momento de deixar este mundo. Pois este é um momento sem máscaras, vazio dos pensamentos de uma personalidade horizontal, incapaz de olhar para cima, pois a vida é um composto de horizontalidade com verticalidade. É um momento em que a mente perde seu estúpido poder de catalogar tudo, colocar uma etiqueta em cada coisa ou pessoa.

É estranho como a mente vai embora e o vazio de pensamentos instala uma paz indescritível.

Todas as pessoas que conheceram a morte de muito perto, sabem disso. Param de olhar para a ocasião como um momento triste, mas apenas um fato inevitável que um dia, queiramos ou não, se instalará de vez.

Nasce daí, exatamente de um quase trágico acontecimento, a beleza de uma consciência nova de estar vivo. Os reais valores da vida desabrocham para a visão e os sentimentos, não deixando mais lugar para crendices, mas com a presença doce de uma plenitude incapaz de ser descrita, por quem quer que seja.

Assim, se conseguirmos mesmo, de verdade, olhar para cada momento, cada instante contido em um segundo de relógio, estaremos finalmente vivos e certos  de uma vez por todas  de que a rotina é mesmo uma mera ilusão.


Autor: Joaquim Saturnino Da Silva


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