Imagens da América do Sul.



IMAGENS DA AMÉRICA DO SUL

 

 

                                                         

Cardozo, Jeorge Luiz*.

 

 

 

 

Na Venezuela, aconteceu uma consulta popular sobre a possibilidade de o presidente Hugo Chávez ser reeleito continuamente, com a pitada de surpresa necessária que despertou o interesse geral, com a derrota de Chávez. Semanas depois, na Bolívia, Evo Morales também prepara outra consulta popular para reformar a constituição do país e adequar-la ao momento em que vivem os nossos vizinhos.

Ainda recentemente, mas dessa vez na Argentina, aconteceu eleição presidencial, que elegeu a primeira-dama Cristina Kirchner como a primeira mulher a governar nosso Hermano pelo voto direto, enquanto no Chile, também recentemente foi eleita uma mulher socialista para governar o país das cordilheiras. Finalmente no Equador e, mais recentemente no Paraguai também é eleito um presidente de característica de centro esquerda mostrando que a eleição e, posteriormente, a reeleição do presidente Lula no Brasil, fez escola na América do Sul.

É difícil para um especialista descobrir suas âncoras e suas observações entre tantas mudanças repentinas, cujo espectro abrange desde as mudanças de perfil do eleitorado a mais pura erupção das classes menos favorecidas que tiveram papeis fundamentais nas mudanças de paradigmas político na América do Sul. No Brasil os movimentos de sem-terra, sem-tetos e os marginalizados rurais e urbanos; na Argentina, a classe média e os agricultores; na Venezuela os excluídos dos petrodólares do campo e da cidade; na Bolívia os Índios - descendente a plantadores de coca e, daí por diante. Devemos confessar que às vezes temos certos prazeres de dedicar a escrever extensos comentários a acontecimentos tão raros em nosso continente, acostumados a governantes ditatoriais ou representantes do capital nacional ou internacional, simplistas e ordenados quanto tem sido nesses quase seis séculos de invasão branca européia as terras tupiniquins.

Esses acontecimentos políticos tão díspares e tão incomuns em nosso continente merecem, no entanto, uma interrogação comum. As mudanças eleitorais tão rápidas, tão pouco comuns, ocorridas na América Latina não estariam seu mérito precisamente na eleição do presidente Lula no Brasil e o seu papel desempenhado como representante das classes menos favorecidas na política?

Sem dúvida, este fato tem contribuído em muito para esse fenômeno. Portanto, não é o único. A política neoliberal implantada pelos países centrais na América do Sul até meados dos anos noventa, criando uma grande exclusão social e, conseqüentemente, o amadurecimento da sociedade civil organizada, juntamente com suas organizações de representatividades como Sindicatos, ONGS e entidades de classes contribuíram em muito para tal fenômeno.

No entanto, dizer que essas mudanças políticas acontecidas por aqui são antidemocráticas é, no mínimo leviandade por parte dos meios de comunicações de massa e daqueles que sempre se serviram da miséria da maioria e se perpetuaram no poder tanto do ponto de vista econômico, tanto do ponto de vista político. Tanto Brasil, Venezuela, Bolívia, Chile, Equador, Argentina e, mais recente, o Paraguai deram shows de democracias, pois todas as mudanças ocorridas nesses países tiveram a participação popular nas suas decisões sejam através de plebiscitos, consultas populares ou nas eleições dos seus líderes, o voto esteve presente. E se a invasão do Afeganistão e do Iraque feita pelos Estados Unidos e seus aliados foi na sua totalidade em busca de fonte de energia como água, gás e petróleo, são essas nações que tem criados a anti-democracia e não os governantes eleitos pelo voto direto como ocorrem no atual momento político da América do Sul.

Nesse sentido, é que continua sendo sem dúvida, legítimo dizer que há sim democracia no atual momento vivido por grande parte dos países sul-americano. Entretanto, dizer que estes são modelos finais de política que as classes menos favorecidas buscam, digo que não. Ainda estamos longe de atingir o estágio de governos compromissados com as lutas das classes oprimidas mais, estamos no caminho.

 

     

E: mail: [email protected]

*Jeorge Luiz Cardozo - Professor, Graduado em Filosofia (UCSAL/2000), Especialista em Educação (UNEB/2003), Aluno Especial do Mestrado em Políticas Públicas (UNEB).  

 

 

 

 

                                                                     

 


Autor: Jeorge Luiz Cardozo


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