Fatos que marcaram



 

Fatos que marcaram

Na infância me deparei com o significado de uma palavra, na sua mais total exatidão, porém, só a encontraria muito tempo depois na minha vida. Algo assim como conhecer uma resposta sem saber, no entanto, qual era a pergunta.

Durante centenas de domingos assisti as missas como membro das Cruzadas, com aquela fita amarela que me atravessava o peito em diagonal, dando-me o legítimo orgulho próprio da minha religiosidade infantil, para satisfação de meus pais.

Uma coisa apenas não compreendia na época: como aquelas pessoas  que eu conhecia tão bem  batiam no peito, como se tivessem ensaiado, minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa!  E depois, logo na Segunda-feira, saiam oprimindo. Praticando contra os outros aqueles mesmos pequenos crimes, pelos quais se penitenciariam no próximo Domingo da mesma maneira.

Cresci, porque era mesmo inevitável.

Assim, só muito tempo depois descobri que vivera dentro da mais perfeita descrição de uma sistemática prática da hipocrisia.

Muitos outros atos hipócritas presenciei depois. Durante minha vida, vi muitos tapas nas costas emoldurados por gentis sorrisos nus de sinceridade.

Ouvi muitos discursos políticos e isso dispensa maiores comentários.

Aprendi algumas lições de sabor amargo, mas mesmo assim a esperança não desertou.

Hoje, apenas temo que ela  a esperança  encontre alguma sólida razão para desistir. E ao mesmo tempo desejo que ela demore mais tempo que eu.

Que obedeça ao dito do poeta (se não me trai a memória, o grande jurista Sobral Pinto): a esperança só morre cinco minutos depois do homem.


Autor: Joaquim Saturnino Da Silva


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