Tragédia ocasional (Haiti) e proposital (Guerra)



Tragédia ocasional (Haiti) e proposital (Guerra)

 

Edson Silva

 

Não me conformo com o fato de precisar acontecer tragédias mundiais, como o terremoto no Haiti, para que a maioria dos povos do planeta se lembre que formamos uma única raça (a humana) e se mobilize em forças de ajuda humanitária, seja doando água, alimentos, remédios e roupas; trabalho voluntário ou , no caso de Governos, verbas para atendimento aos flagelados ou reconstrução do país atingido. Esquecida mais uma tragédia natural, grande parte desses Governos ou povos volta a se engalfinhar em guerras, que provocam destruições idênticas ou piores que as deixadas pelos terremotos, furacões, maremotos, vulcões ou quaisquer outras manifestações (ou seriam reações?) de nosso maltratado globo terrestre.

 

Recentemente tivemos em Copenhague, na Dinamarca, o encontro dos países mais poderosos do mundo e convidados para a apresentação de medidas para enfrentar graves problemas climáticos mundiais. A reunião não passou de um fiasco, pois muitos chefes de Estado, justamente de países mais ricos e que mais poluem, pouco ou nada apresentaram como solução efetiva. Algumas vozes de bom senso (neste caso destaque para nosso presidente: Lula) tentaram salvar o encontro e apresentar alguma medida concreta, mas o que acabou se vendo, como bem conhecemos em algumas situações por aqui, foi que a reunião dos poderosos do planeta acabou em pizza.

 

Já passou da hora de a humanidade deixar a hipocrisia de lado. Não entendo porque os crônicos montes de escombros provocados (propositalmente) pelos despejos de toneladas de bombas e disparos de tanques, canhões e lança mísseis não causam tanta comoção mundial igual aos ocasionais desastres da natureza?  Os desastres naturais  também passaram ser mais freqüentes , talvez, por culpa da influência do homem, que desrespeita as forças da natureza sem achar que a cobrança virá um dia. Ela vem. Religiosos dirão que são sinais dos tempos, que o fim está chegando; outros dirão que está se colhendo o que se plantou ou milhões de opiniões, que muitas vezes não levam a nada.

 

De minha parte, gostaria de ver um mundo mobilizado para ajudar sempre e não apenas quando uma tragédia se abate sobre determinado país. Já pensou se os gastos em armas e outras asneiras; para guerras e subjugação de  povos fossem utilizados para ampliar a produção de alimentos, melhorar condições sanitárias, de habitação, de saúde, de qualidade de vida de todos os seres vivos ? Não seria melhor, se, ao invés de carros de combates invadindo territórios e aviões entrando em espaços aéreos para jogar bombas, que homens e máquinas fossem ferramentas para ampliar oferta de água, para tornar campos áridos em férteis, para produzir comida e levar assistência médica em todo o mundo?   

 

Em 1971, o ex-Beatles, John Lennon, dizia na música Imagine querer um mundo igual e bom para todos. Ele se proclamava um sonhador, mas dizia não ser o único. Lennon foi assassinado por um fã em 1980, mas acredito que se houver boa vontade há tempo de a humanidade sonhar e realizar um mundo bom e não deixar que viver seja o eterno pesadelo atual.

 

Edson Silva, 48 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

Email: [email protected]


Autor: Edson Terto Da Silva


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